O humano, enquanto conceito, é
uma construção relativamente recente e, pode-se dizer, perene. Considerando as novas possibilidades
de codificação de mundo que começam a se esboçar através dos novos artifícios proporcionados
pelas tecnologias digitais, é razoável especular sobre as metamorfoses da espécie
através do estranhamento do seu próprio sentido e do aleatória de suas
produções.
Como observa Baudrillard,
“O humano só se definiu a dois ou três séculos, e se definiu muito
intelectualmente, em termos de razão. Desde então, a relação com o mundo passa
através de um órgão extremamente sutil que é o cérebro. Em outras culturas a relação com o mundo é a do corpo
inteiro, considerado no ciclo das metamorfoses e em harmonia com o mundo. A Nossa
inteligência, moderna, racional, faz de nós, desde o inicio seres técnicos, à
imagem de nossas ferramentas e de nosso conhecimento. Ora, parece que nossas
técnicas e nossas ciências vão hoje além da intelecção humana. Quem sabe se
elas não nos fazem avançar para uma nova regra do jogo fundada na incerteza
radical?”
Jean Baudrillard. O Paradoxista
Indiferente. Entrevista com Philippe Petit/tradução: Ana Sachetti. RJ: Editora
Pazulin, p. 119
Avançamos em direção a implosão
do real enquanto premissa do conhecimento e, talvez, para um novo tipo de ser
no mundo onde as regras ultrapassem o humano como referencia.