quarta-feira, 25 de novembro de 2015

SOBRE O MARXISMO DA MELANCOLIA DE LEANDRO KONDER

Relendo o Marxismo da Melancolia do Leandro Konder... Conheci W. Benjamim ainda adolescente nas páginas desta introdução singular ao autor que me lançou em uma rua de mão única contra os lugares comuns da realidade das massas e através dela... Descobri nesta pequena e sensível brochura que o fracasso pode ser uma virtude, uma forma de heroísmo....

a filosofia da História em Benjamim é mais a anatomia de uma fracasso do que um messiânico triunfo das utopias... Como percebeu Adorno.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

TOTAL REALISMO

Enquanto os sonhos apodrecem,
Tento reinventar a vida
Sem o crivo das ilusões.
Procuro descobrir caminhos
Sem seguir em qualquer direção.
Não pretendo nada,
Não faço planos.
Espero apenas pelo dia seguinte
Sem pensar em felicidades.
Surpreendo-me agora
Lúcido e maltrapilho.
Já não me importo com o mundo.

Meu horizonte é meu próprio rosto.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A VIRTUDE DAS DIFICULDADES

Seus piores momentos jamais serão dignos dos meus. Pois sei da sua vida melhor do que da minha.  Sobreviveria aos seus problemas  serenamente, e até os superaria. Assim como você, talvez, pense igualmente, que poderia superar os meus.

Os problemas pouco importam.  O que é aqui pertinente é que são eles que nos criam. Somos nossos problemas dançando ao raiar de cada dia, como um deboche a nossa infantil fantasia de que somos  virtuosos, justos e dignos da boa razão.


Os problemas são os preços de nossas certezas e de nossas melhores aptidões. 

PRESENTISMO

Em que pesem todos os meus limites, todas as minhas angustias e impasses, ainda busco recriar a vida em mim mesmo como um ato inédito, como um reaprendizado intimo do mundo, contra tudo aquilo que nos é destinado no ordinário dos fatos.

Acredito no absurdo de horizontes novos, de rotinas leves e objetivos novos que não cabem na pauta da sociedade.

Tenho compromisso com o futuro, com o inédito que se inaugura no tempo presente.


domingo, 22 de novembro de 2015

SUPERANDO A FORMA HOMEM


A dobra do tempo presente passa pelo esvaziamento da forma –Homem, segundo Foucault. Trata-se do pensar-outro do pensamento no vazio do homem desaparecido. Em outras palavras, se em Hegel ou em Marx a ultrapassagem do presente aponta para a realização do humano, . Trata-se aqui de, como Nietzsche, pensar a ultrapassagem do presente como um ultrapassar do humano como propósito e medida de todas as coisas.

O pensar não deve permanecer cativo a interioridade do sujeito que pensa, deve ser um pensar do pensamento, uma critica aos pressupostos da razão ocidental. Assim, o tempo presente é definido por um deixar de ser o que somos, por um movimento em direção ao que ainda não somos e , portanto, nos é estranho.
Este inteiramente outro de nós mesmos é o que me parece ser a meta do pensamento contemporâneo. Talvez, como alerta Baudrillard, a realidade tenha se esgotado enquanto sentido.
Como ele próprio nos diz em COOL MEMORIES III (FRAGMENTOS DE 1991-1995):

“A arte foi a transfiguração poética do real. A filosofia foi a transfiguração poética do conceito. O que é preciso transfigurar poeticamente daqui em diante é o desaparecimento disso tudo- do real, do conceito, da arte, da natureza e da própria filosofia.”


sábado, 21 de novembro de 2015

O GRAU ZERO DA INFORMAÇÃO


Seja no espaço fractal ou no espaço histórico, a boa consciência descobre agora seu vazio de ser.  Não há mais uma realidade, algo tangível na cultura humana digitalizada.  Somos desafiados a lidar com o jorro infindável de signos e significados. Somos intimidados positivamente a evitar o juízo fácil, as certezas previsíveis, e qualquer pretensão ao inteligível.
O mundo deixou de ser transparente. A verdade é a maior de todas as ilusões em suas infinitas possibilidades de dizer o real. Já não há mais o real. Apenas a apoteose da informação. Lembrando Baudrillard:

“ Infelizmente o que se passa no mundo está hoje globalizado, e o princípio da globalização vai de encontro ao princípio universal da solidariedade. Isso porque a informação se esgota nela mesma e absorve seu próprio fim. A única coisa que a televisão diz é: eu sou uma imagem. Tudo é imagem. A internet e o computador também não dizem outra coisa: eu sou informação. Tudo é informação. É o signo que faz signo, os mídias que fazem sua própria publicidade. Mensagem indiferente.: grau zero, forma pura da informação.”
Jean Baudrillard. O Paradoxista Indiferente. Entrevistas com Phillip Petit.  RJ:Puzuli. 1999.  P.90


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O PÓS HUMANO COMO HORIZONTE

O humano, enquanto conceito, é uma construção relativamente recente e, pode-se dizer,  perene. Considerando as novas possibilidades de codificação de mundo que começam a se esboçar através dos novos artifícios proporcionados pelas tecnologias digitais, é razoável  especular sobre as metamorfoses da espécie através do estranhamento do seu próprio sentido e do aleatória de suas produções.
Como observa Baudrillard,

“O humano só se definiu a dois ou três séculos, e se definiu muito intelectualmente, em termos de razão. Desde então, a relação com o mundo passa através de um órgão extremamente sutil que é o cérebro. Em outras  culturas a relação com o mundo é a do corpo inteiro, considerado no ciclo das metamorfoses e em harmonia com o mundo. A Nossa inteligência, moderna, racional, faz de nós, desde o inicio seres técnicos, à imagem de nossas ferramentas e de nosso conhecimento. Ora, parece que nossas técnicas e nossas ciências vão hoje além da intelecção humana. Quem sabe se elas não nos fazem avançar para uma nova regra do jogo fundada na incerteza radical?”
Jean Baudrillard. O Paradoxista Indiferente. Entrevista com Philippe Petit/tradução: Ana Sachetti. RJ: Editora Pazulin, p. 119


Avançamos em direção a implosão do real enquanto premissa do conhecimento e, talvez, para um novo tipo de ser no mundo onde as regras ultrapassem o humano como referencia.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

NOTA CONTRA O CONCEITO DE VERDADE


Não somos agentes de nossos discursos. Nós desaparecemos em nossas falas, nos revelamos  como artifícios de nossos pensamentos e consciências. Não se trata  aqui de uma codificação estruturalista do real. Mas a constatação simples e cotidiana de que  a subjetividade nunca esteve onde toda tradição filosófica e tradição ocidental achou que estava em sua metafísica vazia da pessoa humana.

O ultrapassar de si mesmo não passa pela produção coletiva do mundo, mas da eliminação individuada de que ele existe na correspondência das coisas e das palavras. Não existe verdade, não existe sentido. O próprio existir é um conceito vazio. Logo, não nos representamos em nossos discursos, são eles que nos representam enquanto curto circuito ontológico da instrumentalização de um “eu” que é a introjeção imperfeita de certas codificações coletivas de realidade. O telos é uma ilusão.


Mas ainda somos narcisos demais para nos convertemos em reais indivíduos sobre os escombros da ilusão de que vivemos em sociedade e não perdidos em redes abstratas de significados compartilhados.

NOTA SUBVERSIVA SOBRE A LINGUAGEM DAS REDES SOCIAIS


As redes sociais , como todo jogo, pressupõem regras. Ir além delas. Postar aquilo que não lhes cabe, que lhes é indiferente e inverossímil, mas não  questionável, é um ato de descodificação da persona que nos é socialmente imposta, na extraterritoriedade do virtual ou naquilo que ainda consideramos mundo real, é subverter o jogo, perverter as regras...

Depois das redes sociais, o nonsense se transmutou como linguagem e feriu de morte o que achavam que era “A REALIDADE”....


Finalmente é possível que, a reflexão e o pensar, se tornem novamente extremos contra a banalização do sentido da modernidade tardia.

NOTA SOBRE ALTERIDADE E PÓS CULTURA



Alteridade pressupõe que existimos através dos contrastes que nos definem, um  em relação aos  outros. Sua essência é o plural e o híbrido. Por isso podemos tomar a alteridade como o contrário de identidade, como um alterar constante de si mesmo através do jogo social. A alteridade realiza o paradoxo da Individualidade e da impessoalidade como um processo constante de deslocamentos, como um jogo onde  um eu e um outro se percebem como reflexo do artificialismo de nossas codificações de mundo. O outro só pode existir quando também se torna eu, quando as personas já não cabem no rosto..