domingo, 18 de outubro de 2015

OBJETIVIDADE

Vivemos hoje de alguns passados,
De alguns erros e poucas esperanças.
Não continuamos o sonho
Do velho prometeu.
Ficamos pelo caminho
Observando desejos quebrados no chão.
Muito cedo desistimos das sedutoras ilusões
De formulas simples de felicidade.
Temos o suficiente para viver
E isto era tudo que imporá agora.


sábado, 17 de outubro de 2015

ESCREVA

Quanto  custa o delicado exercício de alguns versos?
Quantos silêncios devem ser escritos,
Quantos impasses e quimeras devem ser rasgadas
em  palavras?

Escreva sob os abismos dos dias
E sobre as maravilhas do absurdo.
Traga uma bebida.
Não de ouvido aos lugares comuns
Do simples dia a dia.

Escreva como se fosse seu último suspiro.
Prenda neste instante todas as abstrações de eternidade
No branco da folha...

Escreva versos livres e sujos como se não houvesse amanhã.



sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O PENSADOR SOLITÁRIO

Pensar é uma atividade solitária e ingrata.
Mas que prazer em ser só
Abraçado as brumas densas da imaginação criativa!
Enquanto os outros apenas sofrem o mundo
Sem maiores preocupações,
Você o reinventa como gramática.

Deixe que os outros sigam juntos.
Contempla teu universo intimo
Na combinação infinita de palavras
No corpo dos textos

Que te inspiram o mais radical da vida.
Jamais espere estar entre iguais.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

CONTRA A TEORIA LIQUIDA DE BAUMANN

O sucesso social ou o reconhecimento do individuo pela irracionalidade do coletivo, pressupõe sua conversão em símbolo, em imagem transpessoal que se consagra como na ilusão do "grande indivíduo", da figura do lider. Hegel nada sabia sobre isso em seu idealismo vazio e aposta na realização da História como vitória ilustrada de uma racionalidade abstrata e absoluta.

Mas estamos aqui falando de algo bem simples: A personalidade é uma mascara, nos tornamos aquilo que somos nos posicionando contra e através dos outros. Os laços e vínculos societários se enfraquecem na exata medida em que tornar-se um individuo é mau visto e, ao mesmo tempo, a única meta do existir diferenciado que nos define enquanto representantes desta triste espécie animal que auto proclama humana.


Pessoalmente estou farto de humanidades e dos lugares comuns de mim mesmo> Na mesma medida em que repudio tudo que é liquido, tenho aversão aos crédulos do coletivismo e do social como compartilhamento de um mundo comum que já não mais existe.

O AUTOR, O LEITOR E O LIVRO

De repente me dei conta de que o  autor que estou lendo já esta morto  a mais de um século. Aquele livro é apenas a sombra de alguém que nunca conheci, que nunca bebeu comigo, mas está ali, dentro dos meus pensamentos e enfeitando a minha vida miserável.
Aquele livro...
Aquele autor....
Ou, simplesmente, o cara morto que nunca me imaginou como leitor.
Ao qual não posso dar nada, nem dizer nada.
É estranho como uma pessoa pode ser reduzida a experiência de alguns livros legados ao vento do tempo que nos ultrapassa. Esta é a única eternidade possível.... A eternidade não é lá mesmo grande coisa.
Eu ainda podia falar, comer, beber e reclamar daquele livro com alguém, falar do seu autor como se tivesse bebido com ele ontem  durante a madrugada. Mas aquele autor morto, mesmo assim, estava mais vivo do que eu do ponto de vista da humanidade. E isso não ffazia mais qualquer diferença para ele, pois, afinal, estava morto.

Não. Isso não me incomoda. Talvez fosse melhor ser aquele  autor morto do que este leitor vivo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

NATALÍCIO

Neste dia dedicado ao passar dos anos
contemplo o passado espalhado
sobre os vazios agora preenchidos
por saudades e  lembranças.
É no ontem onde existo
contra o futuro.
 Nele resisto ao presente
que me prende ao perder-se
das coisas
consumindo minha queda.
Sou os lugares onde cresci,
as pessoas que vivi
e todos os sonhos que  se perderam
ainda moços no vento.
Neste dia dedicado ao passar dos anos,
O tempo é um acoite
e apenas aguardo o silencio

e a noite.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

ESCREVER É UM ABUSO

Sei que o que vou dizer já foi dito , de diversas outras maneiras, por escritores melhores do que eu, mas não custa nada repetir esta premissa obvia da arte de escrevinhar:

Quando for rabiscar alguma coisa, deixe de lado suas emoções. Ninguém escreve nada de bom inspirado por dilemas existenciais, bons sentimentos ou certezas eleitas. Escreva como se fosse um outro a observar a si mesmo  reinventando sua própria vida através da imaginação.

Escrever é uma arte estranha. Exige sim um certo domínio da gramática, mas acima de tudo, o que importa é ter uma imaginação que transborda, uma necessidade de não ser e se refazer  através  da palavra, em simples exercício de individuação e isolamento.

Não é aquilo que você diz que importa, mas como você diz e se faz no extraterritorial da gramática viva e subversiva da sua solidão em movimento.  No abstrato corpo de uma prosa ou de um verso você inventa um deslocamento, um metaespelho de abstrações do cotidiano.

Escrever é fugir de si mesmo através de imagens que te comunicam ao outro.


Escrever não é um discurso, é um abuso.

DESCONSTRUINDO A SI MESMO

Ainda estamos em busca de nós mesmos.
Passamos a vida toda esperando 
pela realização deste encontro.

Apenas tarde demais percebemos
o desacordo
entre quem nos tornamos
e o que somos.

O Ser não existe.
De todas as maneiras,
não somos.


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

SEJA CURIOSO

Encontre  vida em  sua perene  existência
Onde sopram mais fortes
Os ventos da sua vontade.

Não se detenha frente aos lugares comuns
Do seu tempo ou da sociedade.
Não deixe que lhe imponham os Hades.

Desafie o improvável,  as desrazões dos fatos.
Invente sempre!

Seja criativo,
Criança sombria e faminta

A desbravar escuridões e desfazer metafísicas.

A VONTADE DE SABER

Nunca foi um problema para mim estar errado sobre alguma coisa. Na verdade na maior parte das vezes eu lamentava estar certo.  Um pouco de ilusão faz falta para que a vida seja mais suportável.

Não sou movido unicamente pelos desejos e pelas vontades que me possuem no nível mais imediato e sensual da existência. O que mais me inspira é a doentia necessidade de lucidez, de saber mesmo aquilo tudo que  sempre irá escapar ao meu conhecimento.


O conhecido será sempre muito pouco pra mim. O desejo de saber consome quase toda  minha vontade. É através dela que existo.