terça-feira, 13 de outubro de 2015

ESCREVER É UM ABUSO

Sei que o que vou dizer já foi dito , de diversas outras maneiras, por escritores melhores do que eu, mas não custa nada repetir esta premissa obvia da arte de escrevinhar:

Quando for rabiscar alguma coisa, deixe de lado suas emoções. Ninguém escreve nada de bom inspirado por dilemas existenciais, bons sentimentos ou certezas eleitas. Escreva como se fosse um outro a observar a si mesmo  reinventando sua própria vida através da imaginação.

Escrever é uma arte estranha. Exige sim um certo domínio da gramática, mas acima de tudo, o que importa é ter uma imaginação que transborda, uma necessidade de não ser e se refazer  através  da palavra, em simples exercício de individuação e isolamento.

Não é aquilo que você diz que importa, mas como você diz e se faz no extraterritorial da gramática viva e subversiva da sua solidão em movimento.  No abstrato corpo de uma prosa ou de um verso você inventa um deslocamento, um metaespelho de abstrações do cotidiano.

Escrever é fugir de si mesmo através de imagens que te comunicam ao outro.


Escrever não é um discurso, é um abuso.

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