segunda-feira, 12 de outubro de 2015

SEJA CURIOSO

Encontre  vida em  sua perene  existência
Onde sopram mais fortes
Os ventos da sua vontade.

Não se detenha frente aos lugares comuns
Do seu tempo ou da sociedade.
Não deixe que lhe imponham os Hades.

Desafie o improvável,  as desrazões dos fatos.
Invente sempre!

Seja criativo,
Criança sombria e faminta

A desbravar escuridões e desfazer metafísicas.

A VONTADE DE SABER

Nunca foi um problema para mim estar errado sobre alguma coisa. Na verdade na maior parte das vezes eu lamentava estar certo.  Um pouco de ilusão faz falta para que a vida seja mais suportável.

Não sou movido unicamente pelos desejos e pelas vontades que me possuem no nível mais imediato e sensual da existência. O que mais me inspira é a doentia necessidade de lucidez, de saber mesmo aquilo tudo que  sempre irá escapar ao meu conhecimento.


O conhecido será sempre muito pouco pra mim. O desejo de saber consome quase toda  minha vontade. É através dela que existo.

O JOGO DO CONHECIMENTO

A verdade não é uma construção dada, não se apresenta como algo imediatamente evidende, mas pressupõe a analise cuidada dos detalhes. E isso se aplica aos discursos e realidades humanas , antes de tudo.

Não de seve tomar como aceitável qualquer discurso, qualquer precipitado arranjo do pensamento que sempre esconde intencionalidades que em muitos casos oscilam entre a ingenuidade e a manipulação pura e simples.

As pessoas nunca são sinceras. Daí a necessidade de bem analisar deus discursos e desvendar suas intencionalidades.


O conhecimento é um jogo, não uma virtude.

EM NOME DA LIBERDADE

Fui apenas um cara solitário
Que por anos a fio
Marchou em zigue zague
Em busca de qualquer sonho
Requentado de liberdade.
Fui destes que nunca cresceram o suficiente
Para perder a esperança.
Hoje ainda persigo, mesmo vencido,
O antigo delírio de um dia de infância.
Seria mais do que um rosto
E menos do que os outros.
Seria eu mesmo.
Até hoje não sei direito
O significado disso.
Mas foi o que me levou a este vazio
Onde agora habito.


domingo, 11 de outubro de 2015

BALZAC E O CÓDIGO DOS HOMENS HONESTOS: UMA BREVE INTRODUÇÃO AO EGOÍSMO

O Código dos Homens Honestos ou a arte de não se deixar enganar pelos larápios é uma obra de juventude de Balzac escrita  em 1825.
Trata-se aqui de um manual de sobrevivência para a França oitocentista e frente a industriosidade da extorsão que define o cotidiano e as relações humanas em uma sociedade em que o bolso se torna a medida de todas as coisas.
Uma determinada passagem desta obra me parece essencial a sua apresentação:

“Um homem honesto deve estar sempre atento e em guarda, pois os camaleões, cujas cores e formas tentaremos captar, apresentam-se sob seu melhor aspecto. São amigos, parente e até-  o que é sagrado em París-conhecidos. Atores deste pequeno drama, golpeiam diariamente no coração, comovem a sensibilidade, os sentidos, deixam o amor próprio imerso em cruel perplexidade, e sempre acabam por vencer as mais heroicas resoluções.
Para proteger-se desta chuva de pedidos legítimos , lembre-se sempre de que o egoísmo tornou-se uma paixão, uma virtude nos homens; que poucas almas dele estão isentas, e que pode apostar cem contra um que vocês são vítimas, vocês e seus bolsos, dessas belas invenções, dessas efusões de generosidade, desses complôs honestos a que somos inclinados a pagar tributo.
Lembre-se sempre desta frase incisiva de um pensador:’ Meu amigo, não há amigos’”

 Honore de Balzac. Código dos Homens Honestos ou a arte de não se deixar enganar por larápios. Tradução: Lea Novaes 1º Ed. RJ: Nova Fronteira, 2005, p. 80-81

A sociedade institucionaliza o roubo de forma sutil através da micro economia de nossas relações pessoais e com instituições que ao oferecer qualquer serviço nos leva um pouco mais do que o devido pelo mero prazer do lucro fácil.
Este manual de Balzac ainda diz muito sobre a nossa sociedade e  a modernidade tardia em seu cotidiano mais sutil. Por isso é preciso ao indivíduo ocupar-se sempre do exercício do seu egoísmo.


sábado, 10 de outubro de 2015

PENSANDO O VIVIDO


O fluxo do vivido me conduz em pensamentos
Ao acontecer das coisas.
Minha consciência é a abstrata fronteira
Onde tudo se encontra
E a realidade nasce
Da articulação da simultaneidade
Das coisas.
Tudo é um grande mosaico,
Um labirinto
Que me embriaga os sentidos.
Existir é como um estado instável

De constante agonia.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O INTEIRAMENTE OUTRO DE MIM

Enterrado em mim mesmo
Sonhei a vida que seria
Caso eu fosse aquele
Acho que sou
No virtual dos meus silêncios.
Fora do teatro dos atos cotidianos
Sou um outro qualquer
Que a existência deixou de lado.
Acredite:
Não sou eu quem escreve estas linhas.
Estou em outra parte dos pensamentos
Que me definem,
Respiro em palavras que nunca foram escritas
Ou ditas,
Em coisas que ainda não vivi ou tive.
Não se deixem enganar.

Eu sou outro....

terça-feira, 6 de outubro de 2015

A MISÉRIA DOS DICIONÁRIOS

Algumas pessoas são tão ingênuas que acham que o significado das palavras esgotam-se nos verbetes de um dicionário. Carecem de critica e imaginação e acham que o nome coincide com as coisas. Mas é atualmente impossível  hoje em dia confiar inteiramente em qualquer definição das coisas. Definir tornou-se um ato arbitrário  que muitas  vezes esconde a imprecisão e pluralidade de significações possíveis.

As palavras enganam e muitas vezes uma coisa só pode ser entendida por aquilo que ela não é. Podemos dizer que sabemos muito bem o que é uma cidade. Mas pode-se entender uma cidade sem também entender o que são pessoas, sociedades,  e que a palavra cidade em determinados contextos históricos tinha outros significados e vivencias que se perderam para nós?  Além disso, uma metrópole ainda é uma cidade? Cidade é mais do que um território político administrativo, embora tal definição nos pareça demasiadamente aceitável. 

O MAR


Fiquei ali sozinho
Contemplando o mar
Por um longo tempo.
As ondas me diziam agonia
E me apavorava aquela imensidão
Que definia o horizonte.
Me sentia apenas um grão de areia.
Não sou capitão de navio.
Sou destes que lutam sem armas.
Para mim o mar era feio.
Apenas isso...

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

SOBRE O FUTURO DA ARTE DE ESCREVER

As vezes fico me questionando se ainda cabe escrever. Quem escreve quer comunicar qualquer coisa. Mas eu só escrevo por necessidade, para me sentir alguma coisa e ainda sentir alguma coisa.  Não escrevo para agradar ninguém. Não espero que as pessoas me entendam. Escrevo apenas porque é muito chato falar sozinho.  Mas tenho medo de não ser o único. Talvez venha por ai uma geração inteira de novos escritores vazios escrevendo a ermo por mera questão de sobrevivência. Escrever pode  estar se tornando uma forma de se suportar a existência. Escrever pode ser a única coisa que ainda nos resta. Não há no mundo leitores suficientes para aguentar ou saber de tantos escritores. Então desista de qualquer sucesso e apenas escreva.... antes que seja tarde.