sexta-feira, 11 de setembro de 2015

VIVER

Enquanto o mundo acontece lá fora
Tento me achar aqui dentro
entre erros e certezas,
Equívocos e ruídos
de existência.

Talvez  existir não caiba
na arte de viver.
Talvez a vida seja apenas
um ato radical de imaginação,
uma vazia aventura de  e sonho e espanto.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

DEFINIÇÃO DE PASSADO

O passado não é o ontem.
É aquilo que se perdeu  totalmente
Do tempo presente.
Aquilo que nos assombra  a memória
Como o  sem lugar de um sonho
Sem qualquer relação
Com aquilo que agora somos.
O passado é o vazio,
O absurdo  que alucina,
Ou, simplesmente,
A consciência do se perder

Irremediável das coisas.

A DECADÊNCIA DA INTIMIDADE

Tédio e solidão definem nosso cotidiano privado na exata medida que a plenitude da intimidade deixou de ser intensa. Ela já não é abstratamente possível à maioria das pessoas depois que o virtual, enquanto transbordamento do real, enquanto publicidade padronizada do coração, tornou-se uma regra.

A própria ideia de singularidade humana foi banalizada. Por isso, nunca foi tão difícil encontrar um indivíduo... Mesmo expostos uns aos outros em intimidade, reproduzimos lugares comuns.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

CONTRA AS CERTEZAS E VERDADES SAGRADAS

O que mais me assusta  nas pessoas não são seus erros, mas a tendência a inventarem certezas, a confiar demasiadamente nelas mesmas.  Quanto mais convictamente as pessoas acreditam em determinada coisa, mais perigosas elas se revelam. Difícil prever até que ponto um ser humano pode chegar inspirado por alguma convicção.


Infelizmente vivemos em uma sociedade de crédulos que não suportam questionamentos que coloquem em  risco os precários fundamentos de suas caras certezas. Certezas estas, as quais normalmente, atribuem validade universal. Pessoalmente duvido de um mundo e de uma realidade que faça sentido fora do universo de nossas possibilidades humanas de codificar o vivido e o pensado.

O COLAPSO DA INFORMAÇÃO

Tudo o que sinto e penso é circunstancial. Não sou  aquele que vivia antes sob o meu rosto e não serei amanhã quem sou hoje. Sou efêmeros e inconstante  como a própria vida que me consome.   É sempre provisória a forma como concebo meus  limites e possibilidades.

Quase não sei o que faço, apenas sei o quero, embora o modo do meu querer seja mutável e inconstante inspirado pelo incerto do  meu desejo.


Então, não me exijam definições, opiniões ou posições sobre o que quer que seja. Já não tenho nada a dizer as pessoas ou o mundo. Estou farto de tudo e descrente de soluções. Qualquer posição possível hoje em dia é mero excesso de informação que já não gera qualquer reflexão autêntica sobre o real. Chegamos a um ponto em que a realidade já não tem mais importância...

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A LIBERDADE E A VIDA PRIVADA

No plano da cultura a liberdade é  a ação humana por excelência. Pois  sua arte resume-se no simples cuidar privadamente de si mesmo.  Somente em uma sociedade em que as questões públicas não nos afligem podemos simplesmente nos dedicar a vida.


É espantoso como algo tão simples nos parece hoje em dia tão impossível.Atualmente existimos nos desfazendo constantemente de nós mesmos empunhando opiniões e bandeiras. Nos intervalos brindamos ao narcisismo e pueris projetos de felicidades banais que nos impõe o estado de multidão.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O IMPÉRIO DAS OPINIÕES

Cada indivíduo é a sua maneira um déspota a berrar contra o mundo.
Todos tem as suas razões, seus nobres motivos, suas questões pessoais e convicções.
Todos vivem de alguma boa certeza.
Mas como pode qualquer um destes déspotas estarem certos?
São tão míopes que não enxergam direito seus inimigos,
Gabam-se demais de suas próprias virtudes
Enquanto arrotam soluções e respostas.
Mas toda opinião é leviana.
Quando as pessoas possuem mais certezas do que duvidas

É porque alguma coisa anda muito errado...

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

SOBRE PSICOLOGIA PROFUNDA E SUBJETIVIDADE

Super ego e self, em termos freudianos e junguianos pressupõem a ideia de ordem como principio psíquico de realidade. Trata-se de uma estrutura psíquica fundada na ilusão de realidade, na busca de ordenamento e do sentimento de  verdade  como um princípio de ordenamento da subjetividade.


Mas há algo aqui de censura da interna percepção do irredutível da individualidade a lei da existência dos ordenamentos psíquicos.  O pensar minemônico se confronta com as representações e deformações da percepções externas do outro como subjetividade objetiva. Nossa subjetividade é uma falsa verdade.  A biografia é uma falsa realidade que se opõem a falácia do objetivismo. Não temos saída.... 

A FUNÇÃO DO DEVANEIO

NÃO VIVEMOS O TEMPO TODO DE ABRAÇOS E BEIJOS COM A MUSA RAZÃO CAMINHANDO SOBRE O CONCRETO.  ELA TAMBÉM NOS INSPIRA DEVANEIOS, EXÍLIOS E DEGREDOS ALÉM DOS FATOS.


PESA SOBRE NOSSAS CONSCIÊNCIAS NERVOSAS E INQUIETAS A TENSÃO DA REFLEXÃO. JUSTAMENTE POR ISSO, AS VEZES NOS POMOS EM FUGA E NOS CONTENTAMOS EM AGIR COMO CRIANÇAS IMBECIS.

sábado, 22 de agosto de 2015

NOTA SOBRE ARCAÍSMO, RELIGIÃO E RACIONALIDADE

Acho que o pensamento mágico não será superado na exata medida em que muitos ainda precisam dele para codificar o mundo. Precisamos aprender a lidar com a diversidade e com a pluralidade sem julgamentos. Devemos aceitar nossas diferenças. Mas isso não me impede de dizer certas coisas duras aos que não reconhecem a diferença como principio, como estratégia de retirada de certas projeções coletivas. O fato é que  aquilo que chamamos de mente ainda se baseia em protocolos arcaicos. Por muito tempo, ainda iremos conviver com o arcaísmos de nossas condições mentais e culturais de representações de vida e de mundo. O a novidade da razão contemporânea e novas configurações das representações ontológicas  de mundo, ainda são um fenômeno muito recente e incerto....

“O psicólogo deve aceitar essa visão sem qualiicações. As falagogias dionisíacas, os mistérios ctônicos da Atena Clássica, desapareceram de nossa civilização, tendo as representações   teriomórficas dos deuses sido transformadas em meros vestígios, como a Pomba e o Galo que adorna as torres de nossas igrejas. Isso tudo, não altera, no entanto, o fato de que, na infância , passamos por uma vez se fazem presentes em nós, e de que,ao longo de toda a nossa vida, possuímos, lado a lado  com nosso recém adquirido pensamento dirigido e adaptado, um pensamento em termos de fantasia que corresponde ao antigo estado da mente. Da mesma maneira como nosso corpo ainda mantém vestígios, em  muitos dos seus órgãos, de funções e condições obsoletas, assim também a nossa mente, que ao que parece superou seus impulsos arcaicos,  ainda traz as marcas dos estágios evolutivos pelos quais passamos, representando, em sonhos e fantasias, ecos  do passado coberto pelas sombras.”

C.G Jung in SIMBOLOS DA TRANSFORMAÇÕES