quarta-feira, 12 de novembro de 2014

FILOSOFIA DA MADRUGADA

Que estranho território humano é este, definido pelas horas mortas da madrugada?
Não sei como dizê-lo em seus protocolos de intensidades e intencionalidades flácidas, onde gritam os silêncios , ócios e solidões e o corpo se faz mais real do que  qualquer ilusão do pensamento.
A madrugada, talvez, seja apenas um estado de espírito para solitários e mancos, ou um não lugar das coisas onde cabe um pouco de tudo.

Em qualquer definição que lhe caiba ela é solitária e selvagem, introspectiva e melancólica pois pressupõem o dizer do silêncios mais fáceis de ignorar sob a luz do dia.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

FILOSOFIA MINIMALISTA

O mundo é feito de significados que transcendem a própria vida concreta e cotidiana de um indivíduo.

Por isso pouco me preocupo com os problemas do mundo.
Meus olhos apenas procuram a mim mesmo no espelho do outro.

Não busco mai do que a microfísica de minha mínima realidade contra todas as vis certezas que vestimos para administrar nosso mecânico cotidiano em sociedade.

Não tenho tempo para grandes ideais, triunfos eou causas sociais.


Busco apenas aprender a viver a mim mesmo entre os outros.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

PERPLEXIDADE

Quantas palavras maltratadas
Pelo nosso sentimento das coisas vividas,
Quantas certezas mal feitas,
Quantas vontades vazias.
Quase não sei direito

O que nos foi feito da vida.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

CANSAÇO

Sinto  falta dos meus futuros
Neste meu hoje vazio de sonhos.
Sinto falta de mim mesmo
Soterrado por meus passados.
Estou cansado do meu querer sem rumo,
Dos sentimentos atrasados
E da nulidade dos  meus atos

Frente o deserto da realidade.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

SOBRE A NECESSIDADE DE DESCOBRIR E INVENTAR

Tenho afirmado, ás vezes, determinadas certezas das coisas sempre ardentemente esperando estar errado sobre meu próprio ponto de vista.

Isso não é raro de acontecer quando adotamos posicionamentos que acreditamos convenientes  mas que contrariam profundamente nossas expectativas.

Razão e vontade, assim, se opõem na consciência dividida entre o mais simples querer de novidades e às sansões impostas por  representações mais convencionais da realidade.

Afinal, o que nos desperta o mais intenso dos desejos é sempre o exótico, o inteiramente outro de nós mesmos.

O desejo nasce da necessidade de evadir-se, de escapar das fronteiras de nossa privada e convencional existência em busca de qualquer forma de desconhecido que nos livre da angustia  do sempre igual dos fatos.


Assim a humanidade avança, a vida dos indivíduos se transforma no exercício simples de inventar e inventar-se no humano esforço de apropriar-se do mundo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

NO LIMIAR DOS DISCURSOS

Não há palavra que diga
O dizer  que quero.
Todo discurso possível
Me reduz ao silêncio.
Minha maior angustia
É esta falta absurda de significações
Que reduzam a um mero discurso

Esta vontade cega que me consome.

RESIGNAÇÃO


As horas passaram depressa.
Em pouco tempo
Nos despimos de nossas esperas
E abandonamos as expectativas
Das ilusões mais sinceras.
Recusamos a vida como uma linha reta
Rasgando projetos e descartando sonhos.
Aceitamos a realidade
E aprendemos a suportar a existência,

Pura e simplesmente.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

MEU EU E MEUS OUTROS

Dentro de mim
Há mais realidades
Do que cabem
Em todas as verdades do mundo.
Sou múltiplo,
Sou único,
Sou pro inteiro,
Esta enorme confusão

Que me consome por dentro.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O ILEGÍVEL BIOGRÁFICO

Há algum tempo pensei em fazer  uma espécie de folha de balanço da minha vida.

A primeira coisa que constatei foi o fato de que tal narrativa já não mais poderia ser concebida no formato tradicional de um escrito biográfico.

Minha existência apresenta-se tão  desestruturada, fragmentada e descontínua  ao longo dos anos, que seria  artificial  impor-lhe qualquer raciocínio linear, qualquer periodicidade cronológica ou etária, qualquer propósito teleológico.

Não vejo possibilidade de uma avaliação serena e coerente de todas as coisas vividas e sentidas que definiram minha existência ao longo das últimas décadas.

Sei, por exemplo, que nada tenho daquele menino que fui um dia.  Não me reconheço nele. Apenas invejo seu mundo seguro e fechado decorado pelo colorido de sonhos e fantasias.

Também não me reconheço em meus amores perdidos, nas viagens e pequenas glorias do simples cotidiano hoje tão distantes do meu dia a dia. Talvez, eu apenas me veja um pouco em meus grandes amigos que seguiram resolutos seus próprios caminhos e buscas e se perderam do meu mundo.  

A verdade é que meu passado pessoal já não está mais onde deveria estar como abstrata dimensão de identidade e memória.

Todo vivido tornou-se abstrato e incerto.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

HIPÓTESE

Talvez  outra hora,
Em outro dia
De  qualquer versão
Mais atualizada do mundo,
Eu me perca do nada do dia a dia.

Eu me refaça nas pequenas coisas,
A ponto de saber a vida

E todas as suas 
mais profundas consequências.