Qualquer leitor de Sherlock Holmes sabe
que o mais elementar em qualquer investigação é aprender a ver aquilo que
simplesmente está diante dos olhos. São os detalhes que definem a realidade.
Reaprender
a apreensão cognitiva do real diande de um cenario existencial onde o
quadro geral tornou-se insuficiente para
uma leitura satisfatória do mundo é agora, de modo similar, um desafio que se
apresenta ao indivíduo contemporâneo.
Se nosso modo de saber a realidade é formatado pelos valores e configurações
sociais da sociedade em que nascemos e crescemos, a critica cotidiana do nosso
ser social nos adestra na delicada arte
de enxergar mais do que aquilo que nossas gramaticas de mundo permitem
apreender.
Cabe hoje aqueles que aceitam o desafio do
pensamento livre adentrar o labirinto dos emblemas e sinais enterrados nos subterrâneos do mais simples
cotidiano. A título de exemplo, o modo
peculiar como cada pessoa fala, o timbre
de sua voz e suas sutís variações, definém mais uma pessoa do que seus
discursos e convicções.
A teatralidade de um ser humano é
reveladora sobre o abstrato e vago exercício da condição humana.