segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O SILÊNCIO DA LINGUAGEM

A experiência da palavra



Não pode conter,


Me conter,


Calar com um significado frouxo


Tudo aquilo


Que fatalmente


Não consigo ou conseguirei dizer,


Que acontece desarticuladamente


Através de mim


Sem se fazer na razão e nas coisas.

AFORISMAS SOBRE O MEDO, A INDIFERENÇA E O DEVIR

A contemporaneidade é por excelência a época do devir onde as representações do passado já não são mais uma referência de identidade. Elas se converteram em um reservatório de imagens e referências virtuais onde o agora vivido descobre suas metamorfoses no contínuo de um presente que se estende em todas as direções.

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A indiferença , o desinteresse pelo correr aleatório das coisas, é um modo de, deslocados do acontecer do mundo, nos concentramos em nossa individualidade, explorar a superfície infinita de nossos pensamentos .

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De todas as experiências instintivas humanas o medo é aquela que mais diretamente se relaciona com a imaginação. Afinal, não precisamos estar diante de uma ameaça real para sofrermos medo. Ele nos invade de modo arrebatador e irracional, não raramente personificando-se em coisas e situações que objetivamente não o justificam...

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Já não são nossas certezas que dão o tom de nossa experiência de existência, mas nossas incertezas e o sentimento de banalidade que agora parece definir todas as coisas humanas.

O CORRER DO TEMPO

Cada passo meu é um risco,



Um riso,


Um avançar sem rumo


Por um caminho


Que quase existe


Nas infinitas possibilidades


Do mundo


Onde meu amanhã


Cala de repente


Ao surpreender-se ontem...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

NOTA SOBRE A CONSCIÊNCIA HUMANA

O horizonte da consciência humana define-se por uma elementar imprecisão e ambivalência. Poder-se-ia dizer que, apesar de nossa capacidade de codificar o real como um processo contínuo e coerente, de produzir e viver a realidade como uma totalidade teleológica e orgânica, no fundo, a consciência de nossa existência personifica tal “ordenamento das coisas” apenas parcialmente.

Em certa medida, o caos e o ilegível fazem parte da consciência e condicionam muitas de nossas reações, formulações, atos e hábitos cotidianos, manifestando-se através de inseguranças, medos, frustrações, desejos e afetos.

Não se deve, portanto, subestimar o quanto o domínio da afetividade molda o estar-ciente- do mundo e a autoconsciência. Redundante afirmar o irracional que influencia à consciencia depois de mais de um século de psicologia profunda.

O que me parece novidade é o modo como os condicionantes irracionais de nossa consciência das coisas adquirem hoje uma dimensão nova na medida em que a relativa desconstrução da tradicional objetividade do mundo dá lugar a uma espécie de virtualização do real que nos desconstrói como sujeito e reinventa a objetividade de um mundo que nos escapa na exata medida em que nos apropriamos dele como concreta abstração de coisas cotidianas.

A consciência das coisas hoje pressupõe a incorporação dos artefatos, da técnica, à própria consciência de um modo que extrapola a antiga relação do homem com seus utensílios e instrumentos a ponto da própria condição humana já não ser uma referência suficiente para determinar o lugar da consciência.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

PIADA EXISTENCIAL

O extraterritorial da gramatica é o que nos inventa, o que nos permite saber o mundo na ilusão de uma realidade que de tão absurda torna-se fato.

De que outra forma poderia aqui eu definir a mente que se cria através de mim em cada pensamento e palavra?

Somos todos brinquedos de nossos próprios pensamentos...

A JANELA DO TEMPO

As janelas abertas do tempo



Miram sempre paisagens ausentes


Onde a imaginação


Nos busca os olhos


Até o limite de todas as coisas.


Tudo que somos


E não somos


Revela-se no mirar


Daquelas janelas


Que por dentro de nós


Abrem as portas do nada...





quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

DESENCONTRO

Apanhe o vento e siga em frente



Não pense em qualquer coisa


Apenas siga


Até que a vida diga o contrário


Deixando, então, apenas o vento


Nas Infinitas distâncias


Que diariamente inventamos


Para escapar um ao outro


Sem qualquer motivo.





quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

MINIMA MORALIA

Mínimo é o mundo



No qual sustento meu rosto,


Um roto pedaço de caos


Que mal abriga


Meus pensamentos.






Mas sei que lá fora


Tudo me ultrapassa


A existência


E a própria vida...,





domingo, 15 de janeiro de 2012

RESIDUO DA FELICIDADE ( CITAÇÃO)


“Há uma espécie de pesadelo acordado que, às vezes, se manifesta depois que a gente passa uma ou duas noites em claro- uma sensação, que surge com a extrema fadiga e com o nascer do sol, de que a vida, em torno da gente,se modificou. Instala-se na gente a plena convicção de que, de certo modo, a existência que está levando é apenas um galho nascido da vida, e que se relaciona à vida somente como um filme de cinema ou um espelho: que as ruas,as casas, não passam de projeções de um passado muito vago e caótico.” 
Fragmento do conto O RESÍDUO DA FELICIDADE by F. Scott Fitzgerald

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

APOLOGIA DO EFÊMERO

Sei hoje
Que não existe qualquer receita
De saúde e felicidade
Nos descaminhos da vida,
Que não sabemos 
E nunca saberemos
Os passos  da sorte
No acontecer dos dias...
Melhor por isso viver de acasos
Sem  planos
ou ilusões de futuro.
Nos  prazeres possível de cada momento.