terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

NOTA SOBRE A CONSCIÊNCIA HUMANA

O horizonte da consciência humana define-se por uma elementar imprecisão e ambivalência. Poder-se-ia dizer que, apesar de nossa capacidade de codificar o real como um processo contínuo e coerente, de produzir e viver a realidade como uma totalidade teleológica e orgânica, no fundo, a consciência de nossa existência personifica tal “ordenamento das coisas” apenas parcialmente.

Em certa medida, o caos e o ilegível fazem parte da consciência e condicionam muitas de nossas reações, formulações, atos e hábitos cotidianos, manifestando-se através de inseguranças, medos, frustrações, desejos e afetos.

Não se deve, portanto, subestimar o quanto o domínio da afetividade molda o estar-ciente- do mundo e a autoconsciência. Redundante afirmar o irracional que influencia à consciencia depois de mais de um século de psicologia profunda.

O que me parece novidade é o modo como os condicionantes irracionais de nossa consciência das coisas adquirem hoje uma dimensão nova na medida em que a relativa desconstrução da tradicional objetividade do mundo dá lugar a uma espécie de virtualização do real que nos desconstrói como sujeito e reinventa a objetividade de um mundo que nos escapa na exata medida em que nos apropriamos dele como concreta abstração de coisas cotidianas.

A consciência das coisas hoje pressupõe a incorporação dos artefatos, da técnica, à própria consciência de um modo que extrapola a antiga relação do homem com seus utensílios e instrumentos a ponto da própria condição humana já não ser uma referência suficiente para determinar o lugar da consciência.

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