Embora suas premissas remetam aos primórdios da época moderna, a individualização do individuo é um fenômeno essencialmente contemporâneo.
Só muito recentemente, com flexibilização do primado de um referencial social e universalista de realidade, tornou-se possível a singularidade humana apresentar-se como um lugar de invenção de significados, portador de auto representações ontológicas e detentor de certa autonomia frente aos imperativos do existir compartilhado entre os outros.
A singularidade humana, entretanto, não coincide com estratégias de construção de significados, com a expectativa de um mundo significativo. Orienta-se, ao contrario, para o hedonismo de seu vir a ser prazeroso e sensível , para o efêmero e o imediatismo de um agora que se repete na gratuidade do tempo vivido.
Tal sentimento das coisas codificada pela autonomia do individuo singular tende gradativamente a modificar o modo como nos relacionamos uns com os outros ao permitir que as sociabilidades se estabeleçam mediante o mero intercâmbio de vontades e prazeres sem o imperativo de obediência as expectativas e moldes socialmente estabelecidos em cada cultura para o intercambio entre os seres humanos.
Em poucas palavras, na contemporaneidade nos tornamos livres para não mais nos responsabilizarmos uns pelos outros a partir da acomodação a personas socialmente impostas, nos é agora facultado descobrir através uns dos outros o simples devir de nossa singularidade a partir de um infinito leque de possibilidades de invenção de nós mesmos....