domingo, 15 de maio de 2011

INDIVIDUALISMO E HEDONISMO NA CONTEMPORÂNEIDADE



Embora suas premissas remetam aos primórdios da época moderna, a individualização do individuo é um fenômeno essencialmente contemporâneo.

Só muito recentemente, com flexibilização do primado de um referencial social e universalista de realidade, tornou-se possível a singularidade humana apresentar-se como um lugar de invenção de significados,  portador de auto representações  ontológicas e detentor de certa autonomia  frente aos imperativos do existir compartilhado entre os outros.

A singularidade humana, entretanto, não coincide com estratégias de construção de significados, com a expectativa de um mundo significativo. Orienta-se, ao contrario, para o hedonismo de seu vir a ser prazeroso e sensível ,  para o efêmero e o imediatismo de um agora que se repete na gratuidade do tempo vivido.

Tal sentimento das coisas codificada pela autonomia do individuo singular tende gradativamente a modificar o modo como nos relacionamos uns com os outros ao permitir que as sociabilidades se estabeleçam mediante o mero intercâmbio de vontades e prazeres sem o imperativo de obediência as expectativas e moldes socialmente  estabelecidos em cada cultura para o intercambio entre os seres humanos.

Em poucas palavras, na contemporaneidade nos tornamos livres para não mais nos responsabilizarmos uns pelos outros a partir da acomodação a personas socialmente impostas, nos é agora facultado descobrir através uns dos outros o simples devir de nossa singularidade a partir de um infinito leque de possibilidades de invenção de nós mesmos....       

sábado, 14 de maio de 2011

POEMA DE QUASE MAR



Ficarei aqui calado
Na porta do agora
Esperando o dia
Lentamente acordar.
Nada espero           
Da aurora
Ou das horas
Guardadas em sombras
Lá fora.

Nada espero
De mim ou dos outros
Aprendendo
Tudo que preciso
Com o rude correr do vento
E o nervosismo das ondas do mar...  

CONTEMPORANEIDADE E REINVENÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO



Um dos temas cruciais a definição de contemporaneidade é o questionamento do conceito de sociedade e sua substituição pela idéia de sociabilidades ou rede de sociabilidades para definir a nova relação entre o “eu” e os “outros” dentro da imagética e gramática construída através do exercício de nossas individualidades contemporâneas.
Em um mundo onde novas codificações e valores coletivos se afirmam cada vez mais em clara oposição a toda representação tradicional de realidade  fundada nos universais e na tradição, em idéias arcaicas como  “estado nacional”,” família”, “religião” ou codificações complexas/imagéticas de conduta como as personificadas pelo amor romântico, persona laborativa ( profissão) e outra formulas que definem hoje o senso comum , é pertinente indagar sobre uma decadência do conceito de sujeito e suas exigências de identidade frente a opção anárquica da idéia/ vivencia  do individuo ou individuação como centro do equilibiro entre o sentimento do eu e dos outros.
Estamos em outras palavras construindo um mundo cada vez mais livre dos condicionantes coletivos, de personas ou papéis  sociais onde as multiplicidade de opções e possibilidades do individuo alcançam o primeiro plano da evolução social.  
Cabe diante de tal constatação lembrar que o conceito de sociedade está longe de ser evidente  enquanto realidade empiricamente constatável, só é aplicável  na medida em que se articula através de  codificações simbólicas voltadas para um modo agora abstrato de estabelecer vínculos entre os seres humanos a partir dos  referências  biológicos ( família) e culturais ( comunidade/ pertencimento, códigos  impessoais de conduta)  e referenciais de possibilidades de construção de significados ontológicos manifestos no discurso cotidiano que permitem a sensação ou valoração de um mundo comum a nos sustentar  como singular acontecer da condição comum humana.

terça-feira, 10 de maio de 2011

O EU E OS OUTROS: ensaio de psicodelismo


O rosto que  vejo
No espelho        
Pertence a um estranho
Que me observa
Dentro dos meus próprios
Olhos.


Não sei se sou eu
Ou ele
Quem de fato
Acontece
Na realidade
Ou se através
De nós
Se faz um terceiro
No olhar dos outros...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

GOOGLE, ROGER HARGREAVES E JOÃO NINGUEM


Foram as imagens  do google doosle  deste último dia 9 de maio que me invocaram a memória de Roger Hargreaves ( 1935-1988), autor e ilustrador de histórias infantis britânico muito popular  no mundo todo em tempos passados que me escapam a memória.
Mas as imagens coloridas e serenas  que via no Google me pareciam surpreendentemente familiares em sua infantilidade perfeita, em seu saboroso apelo de sonho, desafiavam-me como um enigma de seletiva e equivocada  memória...
Levei algum tempo para chegar a uma referência de pré- adolescência oculta naquele sentimento de empatia: um álbum de figurinhas publicado pela antiga editora Rio Gráfica no distante ano de 1983  sob o título pouco fiel  de “A turma do João Ninguém”.... Em seus 242 cromos  desfilavam os personagens e imagetico mágico  universo onírico, quase psicodélico, em sua perfeita  simplicidade infantil, que colecionei maravilhado por algum tempo e depois, simplesmente esqueci... Até o dia de hoje pelo menos, quando me reencontrei no espelho do “joão ninguém” e na lembrança de Hargreaves...      

8 DE MAIO: UM VAZIO DIA DA VITÓRIA,


Lembrado ainda hoje como o dia da vitória, por marcar a rendição do exercito alemão e o fim da segunda guerra na Europa, o 8 de maio reduziu-se a uma celebração opaca e restrita aos círculos militares...

Cabe notar que, dentre os marcos do conflito, a ocasião curiosamente não supera em importância aquela representada pelo 06 de junho de 1944, o chamado “dia D” do desembarque dos aliados na Normandia.

Também não tem junto ao imaginário coletivo o mesmo apêlo que a rendição do Japão provocada pela ofensiva atômica norte americana em Nagazaki e Hiroxima.

Nada mais surpreendente que o marco do fim da guerra tenha se diluído na memória coletiva , pois o absurdo da barbárie representada pela Segunda Guerra não poderia ter qualquer final feliz, qualquer celebração, pois através dela, o mundo acabou e ninguém percebeu... Depois da guerra, lembrando Theodor Adorno “A vida tornou-se a ideologia da sua própria ausência.”

NO LABIRINTO DAS ANSIAS

Meu pensamento



É composto de milhões


De ansiedades


Que me devoram em vontades.






Mas são tantas as direções das ânsias


Que já não sei o que quero


ou espero


e duvido da possibilidade


de qualquer saciedade ...