A alegria de uma pequena menina
Quebrou-se gratuitamente
Em uma inútil manhã chuvosa.
Apagou-se assim
Todo seu sentimento
De futuro e mundo.
Toda certeza de rosto
Dentro da multidão.
Nada mais importava
Para ela
Além da alegria quebrada
E agora vazia
Entre suas mãos,
Revelando a fragilidade
Dos significados guardados
Em todas as coisas vividas...
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 29 de março de 2011
domingo, 27 de março de 2011
O ENIGMA DA CONTEMPORÂNEIDADE
O grande desafio da contemporaneidade é a invenção de uma realidade onde os grandes e últimos significados da existência humana já não sejam necessários para sustentar qualquer padrão de sociabilidade, onde possamos reinventar nossas vidas através da administração pragmática e utilitária do mero e simples acontecer cotidiano...
sábado, 26 de março de 2011
NOTA SOBRE A INVENÇÃO DA REALIDADE
Somos todos patéticos prisioneiros de nossas próprias codificações da realidade, do mundo que inventamos ou se inventa através de nossos pensamentos e certezas de existência diária... Somos como inventores que pensam ser a própria invenção... fugindo a elementar imanência que define cruamente todas as coisas em seu constante aparecer como nada e mundo do qual nos apropriamos e humanizamos...
Retirado arbitrariamente de seu contexto original, um fragmento do escritor Gore Vidal parece fazer todo sentido aqui:
“ ...Mas como fazer para ser leal ao fato real das coisas se elas precisam ser reinventadas? Ou bem elas estão aqui ou bem não estão. Seja como for, se as filtramos através da imaginação ( da reinvenção), perdemos a verdadeira objetividade, como o próprio Robbe- Grillet admite num desdobramento posterior de seu pensamento: “A objetividade, no sentido tradicional da pallavra- toda impessoalidade da observação-, não passa, é claro de uma ilusão. Mas deveria ser possível existir liberdade de observação, e mesmo assim não existe”- porque um “envoltório constante de cultura ( psicologia, ética,metafísica, etc.) é acrescentado às coisas, conferindo-lhes um aspecto menos desconhecido”. Mas ele acredita que a “humanização” pode ser reduzida a um mínimo, se tentarmos “construir um mundo que seja ao mesmo tempo mais sólido e mais imediato. Que os objetos e os gestos se estabeleçam, antes de mais nada, por sua presença., e que sua presença continue prevalecendo sobre o subjetivo”.”
Gore Vidal LETRAS FRANCESAS: TEORIAS DO NOVO ROMANCE in DE FATO E DE FICÇÃO: Ensaios Contra a Corrente. SP: Companhia das Letras: 1987, p. 177
FUNDAMENTOS DE UM NOVÍSSIMO NIILISMO
O MUNDO CONTEMPORÂNEO NÃO NOS INDUZ A QUALQUER BUSCA DE CONHECIMENTO, MAS A MERA ESTUPEFAÇÃO DIANTE DA CONSTRUÇÃO DOS FATOS, A NÃO CONFIANÇA EM QUALQUER VIRTUDE DE TODA REPRESENTAÇÃO POSSIVEL DO REAL... APENAS APRENDEMOS A JOGAR O JOGO DOS SIGNIFICADOS DESPIDOS DE QUALQUER AUTÊNTICO SENTIMENTO DE “VERDADE”...
sexta-feira, 25 de março de 2011
DELIRANDO O TEMPO
O TEMPO QUE ME ESCAPA
E COMIGO ACABA,
O TEMPO DO QUAL ME LEMBRO,
NO LAMENTO DOS ANOS...
O TEMPO QUE ME INVADE
EM IMANÊNCIAS
E EM UM SUSTO,
E DESAPARECE
NO DEFINITIVO OLHAR
DO QUE JÁ
SE PERDEU...
( DAQUI A POUCO...)
terça-feira, 22 de março de 2011
SOBRE O DESAPARECIMENTO DO AUTOR NA CONTEMPORANEIDADE
O autor é cada vez mais uma espécie em extinção no cenário cultural contemporâneo, onde qualquer noção de “autenticidade” e clichê de “ buscar a si mesmo” revela-se uma rua sem saída apesar de todo o lixo de “alto ajuda” exposto nas estantes das livrarias .
A contemporaneidade é hedonista e cada vez mais voltada para o superficial e o efêmero de um mundo que já não precisa mais fazer sentido e em que nossas trajetórias pessoais não vão alem da imaginação do dia seguinte...
A arte hoje, em tempos de digitalidade e virtualidade, despiu-se de sua ilusão de significado emprestada da falácia religiosa...
Aproprio-me aqui , para arrematar a prosa, de um fragmento do poeta e ensaísta alemão Hans Magnus Enzensberger, mesmo descordando de suas conclusões pseudo“coletivistas” e demasiadamente “modernas” e pouco pós... :
“...Para o “artista” do passado-vamos chamá-lo de autor-, decorre dessas considerações que ele deva ver como o objetivo tornar-se, ele próprio, supérfluo como especialista, mais ou menos como o pérfluo como especialista, mais ou menos como o caso do alfabetizador, que só tem sua tarefa acabada quando já não é necessário. Assim, como todo processo de aprendizado, também este é recíproco: o especialista deverá aprender tanto ou mais do que o não especialista, e vice versa-apenas desse modo pode funcionar sua eliminação.
Agora, sua utilidade social pode ser mais bem equacionada com base em sua capacidade de aproveitar os momentos de emancipação das mídias e amadurecê-los. As contradições táticas em que ele se envolverá nesse contexto não podem ser negadas nem reveladas aleatoriamente. Não obstante, do ponto de vista estratégico, o seu papel é claro. O trabalho do autor de vê ser o de agente das massas. Somente poderá acontecer de o autor desaparecer inteiramente em meio as massas quando elas próprias se tornarem autoras, autoras da história.”
Hans Magnus Enzensberger. Elementos para a teoria dos meios de comunicação, tradução de Claudia S. Doornbusch; SP: Conrard Editora do Brasil, 2003; pg.111-112.
PARADOXO DAS SOCIABILIDADES
Ás vezes acho
Que sou muitas
E diferentes pessoas
No obvio sem direção
E ululante
Da multidão inquieta
Que se procura
Na concretude da superfície
De cada indivíduo
Que sou eu e os outros
No nada mais que ninguém...
segunda-feira, 21 de março de 2011
BARACK OBAMA E INCONSCIENTE COLETIVO
O que torna Barack Obama uma personalidade impar no cenário político/ cultural contemporâneo é sua surpreendente capacidade para na simplicidade latente de sua singularidade humana, personificar o self, o arquetípico de ordem, metamorfosiando no inconsciente coletivo, tornando-se um símbolo personificado para as projeções das melhores representações e idealizações da cultura ocidental e seu ideal racionalista de civilização. Isso, em uma conjuntura ontológico/lingüística em que seus próprios fundamentos históricos/representacionais se desfazem no ar, mediante a falência do conceito moderno de identidade, que não passa de uma secularização do coletivista e totalitário ideário de disciplinização das sociabilidades e dos corpos de inspiração judaico cristã.
Em poucas palavras, Barack Obama é muito mais do que presidente dos USA ou mais um ídolo vazio construído pelo poder econômico e político/midiático, ele veste com elegância e serenidade a mítica laico/religiosa de um rei...
EM TORNO DO MITO DO FIM DO MUNDO ( VERSÃO 2012)
Em nosso contemporâneo cenário de existência coletiva o fantasma de catástrofes naturais, mais do que sua realidade, inspira um certo vislumbre de fim de mundo , um sentimento de insegurança e fragilidade da vida humana que já não se confunde mais com a clássica fantasia de juízo final inspirado pelo folclore religioso.
Hoje é o puro e simples desaparecimento da humanidade, vitimada por alguma tragédia ecológica provocada pelas mazelas ambientais ocasionadas pelo nosso modelo de civilização pós industrial, que alimenta os “adeptos” do fim do mundo. Em outros termos, até mesmo o fim do mundo secularizou-se passando das mãos divinas para humanas. O que não é novidade desde os anos da guerra fria em que a iminência de uma terceira guerra mundial e uma conseqüente hecatombe nuclear atormentava as consciências.
Um texto que se insere nesta discussão de forma precisa é um artigo de Kelvin Delaney originalmente publica na edição de 29 de dezembro de 2010 do New York Time que tem como sugestivo titulo “) FIM DE TUDO ( OU NÃO). Vale a pena reproduzi-lo aqui:
“Vamos todos morrer! Mas não todos ao mesmo tempo. Espero. Isto é, se sobrevivermos a enxurrada mais recente de previsões apocalípticas.
A humanidade pode ter se esquivado do buraco negro que alguns temiam que fosse engolir a Terra ou um pedaço da Suíça, quando este ano, o Grande Colisor de Hádrons iniciou sua busca por “partículas divinas” que teriam sobrado desde os primeiros momentos do universo. Mesmo assim, contudo, o universo continua repleto de perigos capazes de nos tirar o sono.
Especialmente quando iniciamos a contagem regressiva para 2012, ano em que, acreditam alguns profetas do fim do mundo e roteiristas de wollywood, foi previsto no calendário maia como sendo o fim de tudo. Há os suspeitos de praxe, é claro; asteróides assassinos, pestes, vulcões, guerra nuclear e mudanças climáticas. E alguns menos conhecidos que estariam se aproximando, como uma colisão com o planeta Nirbiru e uma virada no eixo da Terra que a colocaria de cabeça para baixo. Por sorte, alguns paranóicos já estão buscando soluções.
Cientistas dizem que um grande asteróide exterminou os dinossauros há 65 milhões de anos, e que um asteróide pequeno achatou uma floresta na Sibéria em 1908.
Mas uma colisão com praticamente qualquer asteróide poderia significar o fim da civilização moderna. É por isso que o ex-astronauta Russel Schweickhart, escrevendo no “New York Times”, exortou o governo dos Estados Unidos a financiar um “programa de detecção de desvio” da Nasa no valor de US$ 250 milhões e US$ 300 milhões.
Se um asteróide atingisse a Terra, os sobreviventes ao impacto inicial poderiam enfrentar uma interrupção letal no abastecimento de alimentos, já que imensas nuvens de cinzas broqueariam a chegada dos raios solares. É claro que um extermínio maciço de vegetação também poderia acontecer em decorrência de guerra nuclear, mudanças climáticas ou os vulcões que se escondem sob Montana ou os Açores. Mas é possível que a prevenção e a previdência prevaleçam. Na gelada Longyearbyen, que fica na Noruega, cientistas já criaram o Depósito Global de Sementes. Milhares de variedades de sementes estão estocadas de baixo do “permafrost”, o subsolo permanentemente congelado.
Quanto à guerra nuclear, o documentário “Countdown to Zero” nos incentiva a ter pesadelos sobre a aniquilação atômica. O “Times” resumiu sua mensagem assim: “ a ascensão do terrorismo global, a expansão do clube nuclear, a disponibilidade maior de materiais físseis no mercado negro, tudo isso aponta para uma probabilidade maior que nunca de um ataque nuclear”.
O filme oferece um plano para as armas nucleares que é ingênuo ou utópico: simplesmente livrar-se delas. De todas. Lucy Walker, a Diretora, falando ao “Times”, ressaltou que as armas atômicas não tem lugar em um mundo pós-Guerra-Fria volátil.”Não importa o que se pensava antes- a única solução estável hoje é o zero”, disse ela.
Outras ameaças apocalípticas podem ser descontadas com um pouco de pensamento racional. O site DiscoveryNews fez uma lista das dez maiores razões pelas quais o mundo não vai acabar em 2012. Entre seus pronunciamentos: a gravidade da Lua vai continuar a impedir o eixo da Terra de virar de cabeça para baixo, e o planeta Nibiru não vai se aproximar da Terra. Porque? Segundo o site, “este planeta não existe, não mais do que o planeta Naboo, da triologia “Guerra nas Estrelas”.”
sábado, 19 de março de 2011
HOUSE E A FILOSOFIA V
Uma das questões recorrentes nas primeiras cinco temporadas da serie House é a temática dos delírios e alucinações que, as vezes, envolvem até mesmo o protagonista, como no episódio “sem motivo” do final da segunda temporada ou “O cérebro de House” e o “Coração de Wilson” do final da quarta temporada. Afinal, o que podemos dizer sobre o tema?
Em seu DR. HOUSE: UM GUIA PARA A VIDA; COMO TRIUNFAR COM HUMOR E IRONIA, o autor, Toni de La Torre, nos esboça uma resposta interessante para a questão sem escutar os ecos de psicodelismo que perpassam muitas falas da personagem central ao longo dos episódios :
“Criar argumentos como dizíamos no capitulo anterior, tem os seus perigos, como o fato deles poderem se chocar contra a realidade. Por esse motivo , House desenvolveu um método infalível para contornar o que quer que contradiga as nossas hipóteses: acreditar que temos sempre razão e que os demais estão sempre errados. Submeter a realidade à nossa conveniência não só dará solidez à nossa desconfiança como também nos oferecerá novas e brilhantes oportunidades de nos sentirmos desgraçados.
“Acontece que suas opiniões não dão bons resultados.
Aconselho você a usar as minhas.”
Dr. House ao Dr. Formeman
O fato é que, normalmente, ninguém se considera errado até que se prove o contrário. Habitualmente, entretanto, lidar com o caos da realidade de modo mais saudável, pressupõe admitir que erramos na exata medida em que todo mundo está em alguma medida errado e, entre os meus erros e os dos outros, eu fico com os meus...já que a própria realidade é uma fantasia coletiva e desfuncional e que não vale a boa experiência de um bom delírio...
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