quinta-feira, 8 de julho de 2010

TRUE STORY



A verdade, enquanto “codificação forte” da realidade, é uma 
necessidade instintiva, algo que não definimos, mas nos define 
como espécie e individuo.
Acreditar em alguma coisa, no sentido mais autentico que pode 
ter o verbo crer, é transformar uma abstrata codificação simbólica 
em um rito diário, em um modo de ser entre as coisas. 
Procedimento cada vez mais inverossímil a quem encara de 
frente nossos imprecisos e múltiplos ethos contemporâneos cuja 
essência é a transfiguração de todos os valores...

domingo, 4 de julho de 2010

O ANALFABETO CIENTÍFICO by TIMOTHY FERRIS



Em outro momento já tive a oportunidade de comentar um ensaio do
físico Alan Lightman publicado na coletânea O FUTURO DO ESPAÇOTEMPO ( THE FUTURE OF SPACETIME)  do físico  Alan Lightman  intitulado  O FISICO COMO ROMANCISTA.  Desta vez, gostaria de, retornando a mesma coletânea, remeter a um outro ensaio de autoria do jornalista norte americano Timothy Ferris sobre a popularidade do saber científico, questão que considero crucial para consolidação do fecundo e complexo universo simbólico que define a contemporaneidade, apesar de todas as resistências modernas e  de substratos tradicionais ainda influentes.
Em poucas palavras limitar-me-ei aqui ao conceito de analfabeto cientifico tal como apresentado pelo autor recorrendo as suas próprias palavras . Por sua evidente relevância, o fragmento seguinte fala por si:
“ Todos os anos lemos notícias nos jornais sobre o que  se denomina “analfabeto político”. Elas nos dizem, por exemplo, que quase a metade de todos os norte-americanos não acredita que os seres humanos tenham evoluído a partir de outras espécies animais, que a maioria desconhece que o sistema solar está localizado na galáxia que se chama Via Láctea e que apenas a quarta parte ouviu falar que o universo está em expansão. Essas notícias são lamentáveis, e mais lamentável ainda é o fato de serem muito poucos os que entendem a ciência como um processo.
Não faz muita diferença para mim que um estudante saiba ou não quantos são os planetas do nosso sistema  solar. Em primeiro lugar, porque os próprios astrônomos  continuam a discutir se Plutão merece ou não o nome de planeta. Em segundo lugar, porque os estudantes podem receber a resposta “certa” da maneira errada. Podem aprender em um livro que o Sol tem nove planetas, ou ouvir que um cientista, na televisão, divulga essa informação com voz autoritária. Aprender fatos científicos dessa maneira tem a mesma profundidade com que um cortesão fica repetindo, como um papagaio, as palavras do rei, ou com que um professor prega que o processo não existe porque outros, como Nietzsche e Schopenhauer, assim o disseram. O analfabetismo cientifico denunciado pelos jornais- como no casoem que a televisão entrevistou universitários no dia de sua formatura e descobriu que muitos deles não sabiam  o que causa as estações do ano- é preocupante como sintoma de um problema maior, que é eles não terem aprendido como é que se investigam as coisas. Em última análise, o que você pensa é menos importante do que como você pensa.”  
( Timothy Ferris. Da popularidade do saber cientifico. In  O futuro do Espaço Tempo. Stephen W Hawking...  Et all: introdução Richard Price; tradução de Jose Viegas Filho, SP: Companhia das letras, 2005, p. 164-165)   

NOTA SOBRE IMANENCIA E FORMA


Na natureza, tudo é curvo, ondulado ou esférico. Pouco existe 
espaço para pureza de linhas retas nas variações e combinações
infinitas de formas que definem o imanente.


 A existência não se prende as leis e princípios que povoam como 
doenças a imaginação humana no acontecer do aleatório e do 
indeterminado que cabe na particularidade de tudo que se 
apresenta a cognição humana...  

BLACK TIME



O tempo, ás vezes,
Falta  aos acontecimentos
Nas minúcias do agora
E se perde nas reentrâncias
Dos fatos.   

É quando imaginações
Inventam realidades
Esculpindo memórias
Que de tão falsas
Alimentam inúmeras
Verdades...
But for how long?

sábado, 3 de julho de 2010

PASSADO ABERTO



Quebrado o mágico espelho
Do passado,
Não me vejo enterrado
Entre antigos lugares
De mera existência
E eus desbotados.
Vejo apenas
A imensidão do presente
Escrevendo
Em todas as direções do agora,
Inaugurando os vazios
Onde tropeça bêbada
A imaginação rebelde...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Radiohead - In Rainbows - 15 step

Radiohead - House of Cards

HAPPINNES!



Ser feliz
É viver o mundo
Como um tiro
Que explode no peito
Na queda livre do corpo
Em abismo de fecundo pensamento
guardado em fundo
de arcaicas imaginações...

Ser feliz
É desfazer realidades
No mais destilado desejo  lúdico
Escrito no irracional e absoluto
Da radicalidade  concreta
De qualquer sentimento material...


TIME IS TIME


Surpreendendo-me
Quase criança...
Visto os olhos de horizonte
Brincando entre jardins.
Pois sem querer
Perdi o rumo dos anos
E o sabor das horas,
Desaprendi o significado
Das coisas e rostos...
Desfiz, definitivamente,
O mundo
Em lapsos de razão diária
Até apagar meus retratos perdidos
Na abstração de espelhos...

CONTRA A UNIVERSALIDADE COMO PRINCÍPIO DA VIDA DO PENSAMENTO


Não sei o que condiciona a vitalidade de uma dada formula de pensamento, o que determina que ela prevaleça ou pereça no acumulo das épocas, seja vestida de sagrado ou estética. A corriqueira resposta que remete a uma suposta universalidade que transcende o tempo, parece-me  ingênua e insuficiente. Pois toda reflexão abstrata tem suas raízes em seu particular presente vivido como abstração e reflexão. Sua longivitude temporal não está, definitivamente, na suposta  universalidade de sua construção e conteúdo, mais na fantasia de realidade que lhe sustenta e nutre em desdobramentos fecundos.
É pelos caminhos do irracional e do acaso das abstrações coletivas que formulas de pensamento convertem-se em cânones culturais e civilizacionais. É através do simbolismo e doa codificação simbólica , vivenciada como enigma que qualquer obra de construído passado converte-se em objeto de projeção da simbologia e codificação de nosso tempo de agora...