quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CANT’T BUY ME LOVE by JONATHAN GOULD III


Em CANT’T BUY ME LOVE, Jonathan Gould identifica algumas particularidades importantes que contribuíram para tornar os Beatles a mais emblemática e impactante banda de rock de todos os tempos.
Segundo o autor, por exemplo, os Beatles foram os primeiros artistas não americanos com exposição na mídia de massa a conquistar a condição de SUPERSTAR em caráter mundial. Ao mesmo tempo, eles também negavam todos os estereótipos do que significava ser inglês em 1964, ou seja, após o desmonte do Império Colonial Britânico.
Em suas palavras,

“... ao afirmar sua origem na cidade portuária de Liverpool, no Lancashire, cuja população poliglota de minorias étnicas e religiosas faziam dela a cidade menos homogeneamente “inglesa” da Inglaterra. Os Beatles personificavam uma versão iconoclasta de sua identidade nacional que se provou tão atrativa para as juventudes norte-americana, européia, australiana e de partes da Ásia quanto os fãs britânicos.”
( Jonathan Gould. Cant’t Buy Me Love: OS Beatles, A Grã Bretanha e os Estados Unidos./ Tradução Candoba. SP: Larouse, 2009, p. 18)

Também sua identidade enquanto banda de rock os distinguia dos seus pares, pois:

“Os Beatles eram uma visão de auto-suficiência, independência e ambição compartilhada que proporcionou a musica popular o arquétipo de “banda de rock”, um modelo de organização musical que viria a perdurar nas décadas seguintes.”
(Idem)

Em essência a ascensão dos Beatles foi, entre outras coisas, um sintoma de profundas mudanças nas relações anglo-americanas ocorridas após a Segunda Grande Guerra, quando a Inglaterra, a maior nação imperialista do séc.XIX, cedeu lugar no cenário mundial aos USA, a maior nação internacionalista do séc.XX. Fato político que determinou profundamente a evolução ( ou revolução) cultural da segunda metade do século XX.

PERSONA


Parte de mim é triste

Por não reconhecer
Diante do espelho
O rosto que me sustenta
Entre os outros.
Pois sabe que,
Ao mesmo tempo,
Ele me apaga de mim mesmo
No silencio da aparência,
Obscurecendo a abstrata face
Que me torna humana ilusão
No acontecer do tempo...



OPUS



Enterro futuros
Nas almas das coisas
Através dos atos
Que me definem
Provisoriamente
Como migalha
De sangue e carne...


Meu destino, entretanto,
Pouco me importa....

Aceito no mesclar dos dias

O novíssimo acontecer de mim mesmo,
O efêmero e agora da vida,
Como principio único da existência.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

MORTE AO VIVO ( THE LIVING END) BY STANLEYN ELKIM


Originalmente publicado em 1979 MORTE AO VIVO ( THE LIVING END) by Stanleyn Elkim, permanece sendo uma perola única da ficção contemporânea norte americana. Arrisco-me a defini-la como uma espécie de comedia teológica, gênero que deveria ser mais explorado, onde os valores morais e crenças de inspiração judaico cristã, inspiradas pelo maniqueísmo entre o bem e o mal são relativizadas em uma metafísica comedia de costumes...

Ellerbee, a personagem central da narrativa, é o correto e digno dono de uma loja de bebidas que acaba assassinado durante um assalto. Em sua vida alem tumulo ele se confronta com o caprichoso e megalomaniaco deus do antigo testamento, que não exita em lhe mandar para o inferno simplesmente porque costumava abrir seu comercio aos domingos.

Com um humor corrosivo Elkim cria um cenário e uma leitura insólita e absurda da vida após a morte revelando o lado sombrio do criador e da eternidade; lado tão sombrio que dispensa a existência de um opositor personificador do principio do mal.

A narrativa termina com um surpreendente juízo final, aqui entendido como a ressureição dos mortos e o golpe final de deus diante de uma perplexa e mal resolvida “sagrada família”.

Trata-se, definitivamente, de uma experiência única mergulhar nas paginas desta deliciosa paródia da “Divina Comedia”....

BLACK TIME


Agora a pouco



O tempo


Passou por mim


Sonhando...


Passou triste


E pensativo,


Sem ilusões de eternidades.


Sei que buscava em silencio


O mais intenso


Dos futuros possíveis,


As mais profundas horas


De um amanhã desnudo


E ininteligível que jamais viverei...

sábado, 30 de janeiro de 2010

FRAGMENTOS SOBRE O SABER CIENTIFICO


A ciência é a duvida transformada em método.

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A construção do saber cientifico pressupõe acima de tudo criatividade.

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Toda ciência é uma eterna luta contra a verdade das ilusões cotidianas.

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Pensar é criar e recriar constantemente o mundo e a realidade como uma codificação racional e lógica.

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As ciências desafiam verdades e absolutismos culturais na medida em que existe como radical expressão da liberdade.

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Onde a fé impera, a ciência esta morta.

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Existe um profundo abismo entre o entendimento e a compreensão.

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A ciência é uma opus coletiva na qual a individuação é fundamental.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

FRAGMENTOS SOBRE A IDEIA DE VERDADE


Deve-se acreditar em tudo aquilo que se faz, partindo da premissa DE QUE NADA É VERDADEIRO.
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As auguras humanas nada significam frente à complexidade do universo. Quanto mais o conhecemos pela ciência mais nos damos conta da insignificância da condição humana e suas pretensas realidades.
Afinal, o universo é mais interessante do que qualquer idéia ou concepção de deus. Principalmente quando concebido imagem e semelhança do homem...
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Toda certeza é volúvel na mesma intensidade em que é sedutora...
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As melhores perguntas são aquelas cujas respostas são provisórias ou insatisfatórias, nos conduzindo a especulação e ao erro.
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A curiosidade vale mais do que qualquer crença...
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Deixar de acreditar em qualquer coisa, desconstruir uma verdade, é a mais autentica experiência do verdadeiro.
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A verdade é como o vento...

NOTA PARA UMA FILOSOFIA DA MULTIDÃO E DO NADA SOCIAL


Mergulho no ativo anonimato do caos das ruas, observando pessoas e colhendo cotidianos cacos de atos e conversas, ecos de estranhos no fluxo da multidão. Constato, assim, os lugares comuns do inventário dos indivíduos, na mesma medida em que percebo a insignificância de toda vida que porcamente povoa o mundo, da inutilidade e artificialismos das fragilidades da existência, que nutrem nossas personas. 

A maior parte do tempo vivido não faz a menor diferença em nossa biografia, se quer alcança o acontecer como "agora" em potência.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A VIDA E O NADA

A vida humana



É como um retalho de tempo


Abandonado ao acaso


No caos do mundo,


Um insignificante acontecimento


Que lentamente se desfaz


Em seu próprio vazio...






Minha humanidade


É viver de minhas sobras


Cultivando o nada


Que semeia em toda palavra


O saudável veneno do silêncio...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

REAL LOVE



Procuro inutilmente



Adivinhar a intimidade


Daquela MOÇA


Que decora em perfume e forma


O passeio público,


Que rouba,


Por um segundo,


Meu pensamento mais que profundo...






Sei que no fundo


Ela diz outro rosto.


Alguém que não conheci,


Não conheço


E jamais conhecerei.


Mas, entretanto,


Povoará meus sonhos


Até o último dia


De minhas ilusões


De existência e vida...

My live is a Woman...