quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

EROS IN MY LIVE



Eu amo teu vulto


 Desfilando

 Na imaginação de minhas almas.

  
Amo a vontade

 Que escreve teu nome

 Em meu pensamento

 No grito anônimo

 Do insano querer do amor.

  
Amo o contraditório desejo

 Que te faz tempo e espaço

 De mim mesmo...

 

 Amo sem querer amar,

 Até me perder no fato injusto

 De te querer

 Em patético desespero

 E ilusão de mim mesmo...

 

 

 

ALONE...



A solidão tem a forma

Dos nossos sonhos
E buscas.
Não se justifica,
Nem se impõe.
Apenas acontece
No viver das coisas
Ao sabor do vento,


Ou sob o encanto
De uma musica anônima e anímica.
A solidão
É um modo
Para dizer
A nós mesmos
Quem somos
No profundo da finitude
E individuação.

I ME MINE...



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O SONO DA VIDA

A vida dorme

Na hora que passa
Em passados de noites
E esperanças.


Sou menos de um terço
De mim mesmo,
Vazio de mundo e certeza
Adivinhando mudo
A esperteza de sortes
E acasos....



MESMICES DE ANO NOVO



Novidade alguma

Da significado aos clichês
De novo ano
No eterno retorno
De mim mesmo no tempo vivido...

O novo é o sempre igual
De qualquer versão mais complexa
Da soma louca das coisas que me definem.
Nada faz sentido
No ocorrer do tempo
Que intimamente me definha
Nas ilusões de mundo...

domingo, 3 de janeiro de 2010

TEMPORALIDADE E DEVIR...

A vida dorme nas horas

Que passam,
Quase não se percebe
Em seu acontecer vazio
E breve...


Apenas o tempo
Me ensina as coisas
No pragmático imediato
Das cotidianas imanências...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

REPENSANDO O NATAL

Celebração de origem pagã vinculada ao hemisfério norte, incorporada pelo cristianismo durante a Idade Media em franco exemplo de sincretismo religioso, o natal vem hoje em dia cada vez mais se desprendendo de suas formatações tradicionais/religiosas e transformando-se em um apêndice do reveillon enquanto rito de passagem e reminiscência de uma experiência da temporalidade cíclica de viés mitológico.

Em outras palavras, o natal vem se secularizando nos últimos anos, perdendo sua roupagem religiosa/mitológica para converte-se em uma experiência cada vez mais concreta e menos ritualistica.
Avesso a data, a excitação e caoticidade que definem este período final do ano nos grandes centros urbanos, vejo com bons olhos esta tendência a uma reinvenção espontânea da experiência natalina e, para minha surpresa, de alguma forma, percebo que não estou sozinho em tal perspectiva reformista.
Prova disso é o pequeno ensaio do historiador Boris Fausto publicado no caderno MAIS da Folha de São Paulo no último domingo ( 20/12) intitulado muito sugestivamente “Natal fora de tempo”, em referência ao seu reformismo natalino.
Parafraseando o autor, o natal se caracteriza, como outras comemorações, por um traço negativo, em grau mais elevado do que as outras: a celebração obrigatória e com data marcada. Considerando a tendência cada vez maior para metamorfoses do rito natalino, talvez um dia seja possível escalonar o natal ao longo do ano autorizando cada indivíduo à escolher seu mês favorito de natal diluindo os indesejáveis tumultos de fim de ano.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ALAN LIGHTMAN E O FISICO COMO ROMANCISTA


Hoje em dia, um cada vez maior numero de cientistas escrevem para o grande público. O que é um fenômeno realmente interessante, considerando a complexidade de muitos temas divulgados diante de nosso conservador senso comum.

Um bom exemplo disso é a coletânea O FUTURO DO ESPAÇO TEMPO inspirada pela celebração denominada Kripfest, no Caltech, ocorrida em junho de 2000 em comemoração dos sessenta anos do físico Kip Thorne.

A lista de palestrantes do evento contou com nomes de peso como o do britânico Stephen Hawking e do cientista de vanguarda Alan Lightman, autor de obras de divulgação como SONHOS DE EINSTEIN .

Fugindo de temas espinhosos como viagens no tempo e buracos negros, que perpassam os textos da coletânea, quero aqui comentar justamente sobre a contribuição deste último autor citado através de seu ensaio O FISICO COMO ROMANCISTA. Neste, Lightman busca estabelecer as diferenças e afinidades entre as linguagens artística e cientifica de forma realmente interessante e provocativa.

Segundo ele, físicos e romancistas são igualmente movidos por uma compulsão irracional e inspirados pela estética.
Partindo desta premissa, o autor assim nos configura o processo criativo tanto nas artes quanto nas ciências:

“ Uma experiência que os físicos e os romancistas possuem em compartilham, uma experiência verdadeiramente extraordinária, é o momento de criação.
Todos sabemos que uma grande parte das atividades dos cientistas e dos artistas não é especialmente criativa: desenvolver os detalhes de um calculo, verificar a lubrificação do selo de uma bomba de vácuo, pesquisar o ambiente para um romance, aplicar o tom de fundo de uma pintura. Mas, há outros períodos, que podem durar apenas alguns segundos, ou algumas horas, em que ocorre algo diferente, quando o cientista ou o artista ficam possuídos pela inspiração e acho que a experiência, neste caso, é bem similar.”
(...)
Que belo e estranho paradoxo da criatividade, esse que nos faz mergulhar profundamente dentro de nós mesmos para criar algo, recorrendo as coisas mais pessoais e intimas, e ao mesmo tempo separar-nos completamente de nós próprios no processo. Quando estou escrevendo, esqueço onde estou e quem sou. Torno-me puramente espiritual; misturo-me com os outros espeiritos que crio. Na minha percepção, esses são os momentos em que um ser humano mais se aproxima da eternidade. São os meus momentos de maior felicidade.”

(Alan Lightman. O físico como romancista. In O Futuro do Espaço Tempo/ Stephen W. Hawking... ( et al.): introdução Richard Price/tradução Jose Viegas Filho-SP: Companhia das Letras, p. 197- 198)



Difícil não perceber aqui o quanto, do ponto de vista daquilo que, na falta de melhor e mais digna palavra, chamamos de “espiritual”, domínio próprio das lógicas discursivas de inspiração religiosa, realiza-se plenamente como algo inerente a condição humana sem o peso de discursos e premissas metafísicas ou teológicas...


A verdade é que tanto físicos e artistas devem muito a imaginação criadora em sua inventiva busca de “verdades”.


Mas, como também nos alerta este fantástico ensaio, cientistas e artistas se distanciam na construção pessoal de suas linguagens próprias: O cientista, por regra geral, procura nomear, conceitualizar, as coisas na mesma medida em que, um literato, por exemplo, busca evitá-lo.

Fato que não impede que ambos, já muitos distantes de qualquer dogmatismo ou noção tradicional de verdade de inspiração metafísica, se aproximem novamente diante da irracionalidade radical que sustenta nossa experiência de mundo na construção de iuma nova experiência de racionalidade:



Como fui treinado nas ciências e nas varias maneiras de dar nome às coisas, enfrentei, na qualidade de escritor ficcionista, uma luta constante. O grande duelo da minha vida literária, e da minha vida como um todo, deu-se na tensão entre o racional e o intuitivo, o lógico e o ilógico, o certo e o incerto, o linear e o não linear, o deliberado e o espontâneo, o previsível e o imprevisível.

Vivo essa tensão sob a forma de uma constante torção do estômago, quando estou consciente do meu corpo, e sempre como uma comoção mental. Aprendi a viver com este desconforto. Ele pode até mesmo ser uma fonte de força. Com o tempo, passei a crer que tanto a certeza quanto a incerteza são necessárias no mundo. Talvez esta seja uma idéia obvia para a maioria das pessoas, mas ela não é facilmente reconhecível para alguem que foi treinado nas ciências.”



( Idem, p.189-190)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

CRIANÇA DO SOL



Tenho saudades do azul
Do céu da infância;
Das horas de pouca realidade
Em que existia no prazer das coisas.

 
Tenho saudades dos eus
e imaginações
que em segredo habitavam a casa e o quintal.

 
Para se estar vivo é necessário um existir criança.




CELTIC POEM



Nada é digno de ser dito

Dentro do tempo
Que cria
A indeterminação
E finitude de todas as coisas
Como um caprichoso deus dos acasos...

Sei que lá fora,
As horas correm
Em busca do onipresente nada
Livres do peso
De qualquer significação,
Sentimento ou sentido.

Por isso,
Procuro apenas
Surpreender-me outro,
Alguém livre de si mesmo,
Na absurda canção
Cantada em um sorriso cético
E céltico....

“I am mysey but vile link
Amidlife’s weary chain”

domingo, 20 de dezembro de 2009

CITAÇÃO ALEATÓRIA SOBRE A IMAGINAÇÃO CRIADORA INSPIRADA EM BACHELARD



“ O encadeamento das imagens e suas relações mútuas foram evidentemente apresentados como gratuitos e incoerentes. Ao contrário, para Barchelard, as imagens obedecem a uma lógica, ou mais exatamente a uma dialética e a uma rítmica, que não tem nada a invejar às do conceito. O imaginário é dotado de uma autonomia, de uma consistência, que permite retirar propriedades gerais e coerentes de um mundo e de determinar leis de uma física onírica, as imagens estando submetidas a um verdadeiro “determinismo”. Em um sentido, o real está bem mais submetido à contingência do que o irreal. Se Bachelard opta por um idealismo da imagem contra um realismo que conduziria a fazer das imagem um duplo empobrecido do percebido, ele aplica paradoxalmente um realismo ao mundo da imagem, que comporta então uma dimensão transcendental em relação ao sujeito. A imaginação, mesmo nos liberando do real, não procede anarquicamente, porque ela obedece a processos regrados, que Barchelard expôs de maneira empirica e disseminada, sem nunca retomá-las em uma verdadeira ciência do imaginário. Podemos tirar, portanto, de um lado, leis sintáxicas e, de outro, princípios semânticos.”



( Danielle Perin Rocha Pitta. Iniciação a teoria do imaginário em Gilbert Durand. RJ: Atrantica Editora, 2005 ( coleção filosofia), p. 51. )