quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

REPENSANDO O NATAL

Celebração de origem pagã vinculada ao hemisfério norte, incorporada pelo cristianismo durante a Idade Media em franco exemplo de sincretismo religioso, o natal vem hoje em dia cada vez mais se desprendendo de suas formatações tradicionais/religiosas e transformando-se em um apêndice do reveillon enquanto rito de passagem e reminiscência de uma experiência da temporalidade cíclica de viés mitológico.

Em outras palavras, o natal vem se secularizando nos últimos anos, perdendo sua roupagem religiosa/mitológica para converte-se em uma experiência cada vez mais concreta e menos ritualistica.
Avesso a data, a excitação e caoticidade que definem este período final do ano nos grandes centros urbanos, vejo com bons olhos esta tendência a uma reinvenção espontânea da experiência natalina e, para minha surpresa, de alguma forma, percebo que não estou sozinho em tal perspectiva reformista.
Prova disso é o pequeno ensaio do historiador Boris Fausto publicado no caderno MAIS da Folha de São Paulo no último domingo ( 20/12) intitulado muito sugestivamente “Natal fora de tempo”, em referência ao seu reformismo natalino.
Parafraseando o autor, o natal se caracteriza, como outras comemorações, por um traço negativo, em grau mais elevado do que as outras: a celebração obrigatória e com data marcada. Considerando a tendência cada vez maior para metamorfoses do rito natalino, talvez um dia seja possível escalonar o natal ao longo do ano autorizando cada indivíduo à escolher seu mês favorito de natal diluindo os indesejáveis tumultos de fim de ano.

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