sábado, 14 de novembro de 2009

MEU EU NO TEMPO

MEU

Tento encontrar

A mim mesmo
Nos passados de certos
Lugares,
Colher meus próprios
E concretos vestígios
Para enganar o vazio
De meta futuros,
Contemplando meu rosto
No obscuro
E concreto devir do tempo
Sonhado e vivido...

BREVE NOTA SOBRE A IMAGINAÇÃO DA EXISTÊNCIA

NO

São as imaginações da existência que nos edificam o rosto na experiência de cada dia novo. É o sofrer dos fatos e possibilidades que cumulativamente estabelecem quem somos nas áridas paisagens do mundo vivido.

Imersos em emaranhados de situações definidas a nossa revelia pelo caprichoso acaso, nos transformamos naquilo que nos acontece externamente, como se a realidade realmente existisse...



terça-feira, 10 de novembro de 2009

LIFE...

Respiro vida,

Como vida,
Transpiro vida,
Imergindo em abstrato
E vago pensamento...
Que me leva...
A vida...

Vida é o tudo
E o todo do absurdo
No me fazer impreciso
Entre todas as coisas
Do mundo...


Life is real..
Real is love....

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

TORN DOWN THIS DAY 20 YEARS AGO...




A queda do muro de Berlim completa hoje 20 anos consolidando-se como um dos principais marcos da história social e política do século XX. Embora uma de suas conseqüências diretas tenha sido, obviamente, a reunificação alemã não me parece fecundo interpretá-la como um acontecimento nacional, mas global, no contexto da revolução que então ocorria na Europa centro oriental através da implosão do chamado “socialismo real”.

A queda do muro foi, portanto, um dos mais decisivos momentos do surpreendente fim da guerra fria ou da desconstrução do insano embate ideológico maniqueísta que pateticamente a sustentava.
O mais curioso é que nenhum analista previu na época a possibilidade do evento e, ainda hoje, sua história, bem como dos seus desdobramentos e implicações, permanece por ser escrita...
Talvez caiba aqui uma heterodoxa interpretação da construção dos fatos históricos, como tradução imaginativa do ilegível das épocas... Afinal, toda historiografia não passa de uma curiosa narrativa arbitrária e fecunda que nos inventa e reinventa nas configurações múltiplas de tempo e espaço.





domingo, 8 de novembro de 2009

UMA MANHÃ DE TÉDIOS E ACASOS...



O zumbido do tráfego urbano

Mistura-se a música suave
Do apartamento
Ao lado
Decorando o quarto.

Há algo de frívolo
Ou fátuo
Nesta manhã encolhida
No estreito tempo
Dos atos,
Há um forte cheiro
De tédio
Em tudo que faço,
Além de um grande
Silêncio
Crescendo aqui dentro...



NARCISISMO



Não sei que aparência

Guarda esta época,
O gosto dos acontecimentos
Fotografados no virtual
Dos jornais diários.
Tudo que me importa
É meu próprio retrato,
O perfume dos sentimentos
Espalhados em tempo biográfico
E desarticulado
No abstrato do mais profundo
E fundo pensamento...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SOBRE O NONSENSE



Uma das mais interessantes codificações culturais legadas pelos anos 60 foi o NONSENSE, cuja origem remonta a literatura oitocentista de Lewis Carroll e Edward Lear .
Podemos apreciá-lo como estilo ou estado de espírito que despreza a artificial coerência racional do senso comum através, por exemplo, dos despretenciosamente inteligentes filmes realizados pelos Beatles como Help e Yellow Submarine.
O NONSENSE funciona como uma espécie de código de liberdade individual frente a racionalidade pragmática a qual somos cotidianamente induzidos, como um resgate falsamente ingênuo da dimensão lúdica e descomprometida da existência...


PÓS MODERNIDADE E CULTURA GLOBAL



Uma das principais características da cultura contemporânea é a fragmentação dos códigos culturais e a interpenetração global das manifestações multiculturais, gerando diversos formatos de hibridismos e sincretismos.
Há uma tendência para construção de um pluralismo cultural global centrado no indeterminado e no efêmero da experiência cada vez mais fragmentada e aberta da vida nos grandes centros urbanos como Londres e Nova York. Isso para não falar do fenômeno da virtualização da experiência cultural...
Os fluxos globais de cultura vem construindo identidades partilhadas e multifacetadas configuradas pela experiência radical de um mercado de tecnologias, imagens, ideias, estilos e linguagens cada vez mais complexas.
Somos cada vez mais livres das inventadas tradições das identidades nacionais e menos condicionados a lógica da formula identidaria “ estado nação”.
É a criatividade individual que agora ganha o primeiro plano dos espaços públicos virtuais e reais através de dispositivos discursivos inspirados na diversidade como principio ontológico em detrimento da adequação a uma identidade social e cultura fixa e rigidamente demarcada.

VERA LYNN : We'll Meet Again



Dentre as “comemorações”, se assim se pode chamar, dos setenta anos de inicio da Segunda Grande Guerra, chamou atenção nos últimos meses o lançamento da coletânea We’ll Meet Again: The Very Best of Vera Lynn. Vera Lynn, hoje com 92 anos, foi uma antiga cantora da época da guerra que pode ser considerada uma espécie de Marlene Dietrich britânica que, com seu inconfundível estilo “diva do jazz”, inspirava as tropas britânicas. A citada coletânea, surpreendentemente alcançou o primeiro lugar nas paradas britânicas no último mês de setembro, o que é um fenômeno no mínimo curioso.

Vera Lynn também viveu experiências cinematográficas estrelando filmes como We'll Meet Again (1942), Rhythm Serenade (1943), One Exciting Night (1944) e Venus fra Vestø (1962). Seu nome é normalmente associado a faixa “Vera” da opera rock The Wall do Pink Froyd, que lhe presta justa homenagem:
 
"Does anybody here remember Vera Lynn
  Remember how she said that
  We would meet again
  Some sunny day
  Vera! Vera!

  What has become of you
  Does anybody else in here
  Feel the way I do ?"







quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SEX PISTOLS by Patrice Bollon...

Patrice Bollon nos oferece em A MORAL DA MASCARA uma leitura bastante interessante do niilismo personificado pelo movimento punk. Tratar-se-ia, segundo ele, de uma verdadeira pedagogia do absurdo, de uma denuncia da desrealidade da sociedade a partir de sua caricaturização. Ou seja tudo se resumiria em ironizar o mundo. Naturalmente, ele utiliza como referencia em sua reflexão o explosivo fenômeno dos Sex Pistols, o mais emblemático dentre as bandas punks.

Em suas palavras:


“ ... “A maior vigarice do rock and roll”, como se gabou abertamente o empresário e “criador” absoluto do grupo, Malcolm McLaren, foi realmente muito mais do que uma simples ação caótica de agitação, que aproveita qualquer provocação na desordem de uma espontaneidade exacerbada, a qual só conhece seu prazer imediato; foi um verdadeiro empreendimento consciente e deliberado de desmitificação que os “quatro anarquistas absolutos” quiseram realizar. Uma ação proposital de “agit-prop”. O Sex Pistols queriam mostrar, demonstrar, com seu exemplo o absurdo daquela “sociedade do espetáculo”que os cercava, levando ao extremo seus mecanismos até o ponto em que estes, se embaraçando em sua própria lógica fatal, caiam na irrealidade e no vácuo. Sua estratégia consistia em se introduzirem cada vez mais profundamente, como cavalos de Tróia, nas engrenagens do Show-business e da mídia para destrui-las do interior, ou melhor: levá-las a se autodestruirem. Procuraram desestabilizar o sistema. No momento suas provocações pareciam ser “espontâneas”- era issoaliás o que lhes dava força: elas pareciam sempre imprevistas, inimagináveis, “inéditas”, com o recuo elas apareciam, pelo contrário, todas colocadas numa mesma direção, no mesmo alinhamento, um único vetor. Na falta de convergirem para um projeto preciso, claramente formulável, ordenavam-se segundo uma estratégia, uma progressão lógica quase implacável: elas apareciam como verdadeiras “invectivas” cada vez mais violentas e cada vez mais agudas, destinadas a fazer a sociedade perder as estribeiras, até que ela “confessasse”, mais ainda, confessasse a si mesma sua nulidade.
Com efeito, quanto mais os Sex Pistols queriam ser Punks, mais eles eram realmente “nulos”, mais eles obtinham sucesso; e esse sucesso os levava a ultrapassar continuamente novos degraus no movimento punk. O vazio selava seu triunfo, e esse triunfo os levava a recuar ainda e sempre os limites do vazio.”

(Patyrice Bollon. A Moral da Mascara: Merveilleux, Zazous,Dândis,Punks, etc. Tradução de Ana Maria Scherer. RJ: Rocco, 1993, p. 149 )