Minha vontade é correr o mundo em direções múltiplas de discursos desarticulados, perdidos, em palavras e frases de vento; provar o mundo em colorido pensamento de não dizer as coisas, sentindo-as em ativo verbo. Descobrir o nada como o segredo dos significados que nos sustentam verdades provisórias, desvelando o vazio em um riso de imaginação criativa e duradoura da realidade como estética, como sensível idéia inventada em meus atos na realização do corpo em macro e micro fisico movimento.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
terça-feira, 16 de junho de 2009
MIRCEA ELIADE E A PROBLEMATICA DO SOGRADO COMO LINGUÁGEM
No prefácio que faz a ORIGENS, uma coletânea de seus ensaios publicada em 1969, Mircea Eliade define a experiência do sagrado não como a fé ou crença em deus, deuses ou adesão emocional a princípios e dogmas metafísicos, mas como a experiência de uma realidade significativa que é a própria condição do homem no mundo, ou ainda, como a uma estrutura inerente a fenomenologia da consciência.
Desta forma, considerando a crise da religiosidade contemporânea, que é em grande parte um desgaste dos modelos religiosos definidos pela tradição, é interessante observar como Eliade que, no conturbado contexto de fins dos anos 60 afirmava simplesmente que,
“... O que eu digo é que num período de crise religiosa não se podem prever as respostas criativas e, como tal, provavelmente irreconhecíveis, dadas a semelhante crise. Além do que não é possível prever as expressões de uma experiência do sagrado potencialmente nova. O ‘homem total” nunca é completamente dessacralizado, e é de duvidar até que tal seja possível. A secularização é altamente bem sucedida ao nível da vida consciente: as velhas idéias teológicas, dogmas, crenças, rituais, instituições, etc. são progressivamente expurgados de sentido. Mas nenhum homem normal vivo pode ser reduzido à sua atividade racional consciente, pois o homem moderno continua a sonhar, a apaixonar-se, a ouvir música, a ir ao teatro, a ver filmes, a ler livros – em resumo, a viver não só em um mundo histórico e natural, mas também num mundo existencial privado e num Universo imaginário. É, em primeiro lugar, o historiador das religiões quem é capaz de reconhecer e decifrar as estruturas e sentidos “religiosos” destes mundos privados ou Universos imaginários.”
( Mircea Eliade. Prefácio in Origens: História e Sentido na Religião / tradução de Tereza Louro Perez. Lisboia: Edições 70, s/d, p.12 )
Cabe complementar tal reflexão com os primeiros parágrafos do citado prefácio onde o autor, ao apresentar seus próprios textos, contrapõe os conceitos de “religião” e “sagrado” de modo realmente interessante e sugestivo:
“ É lamentável não termos a nossa disposição uma palavra mais precisa que ‘religião’ para designar a experiência do sagrado. Este termo traz consigo uma história longa, se bem que culturalmente bastante limitada. Fica a pensar-se como é possível aplicá-lo indiscriminadamente ao Próximo Oriente antigo, ao Judaísmo, ao Cristianismo e ao Islamismo, ou ao Hinduismo, Budismo e Confucionismo bem como aos chamados povos primitivos. Mas talvez seja demasiado tarde para procurar outra palavra e “religião” pode continuar a ser um termo útil desde que não nos esqueçamos de que ela não implica necessariamente a crença em Deus, deuses ou fantasmas, mas que se refere à experiência do sagrado e, consequentemente, se encontra relacionada com as idéias de ser, sentido e verdade.
Com efeito, é difícil imaginar como poderia funcionar a mente humana sem a convicção de que existe algo de irredutivelmente real no mundo, e é impossível imaginar como poderia ter surgido a consciência sem conferir sentido aos impulsos e experiências do Homem. A consciência de um mundo real e com um sentido está intimamente relacionada com a descoberta do sagrado. Através da experiência do sagrado, a mente humana aprendeu a diferença entre aquilo que se revela como real, poderoso, rico e significativo e aquilo que não se revela como tal- isto é, o caótico e perigoso fluxo das coisas, os seus aparecimentos e desaparecimentos fortuitos e sem sentido.”
( Idem p. 9)
Parafraseando Eliade a experiência do sagrado, ao desvelar o ser, o sentido e a verdade no confronto com um mundo desconhecido, caótico e temível, preparou o caminho para o pensamento sistemático. Não é, portanto, de todo inútil nos ocuparmos dele dado que o estudo dos diversos mitos e símbolos construídos ao longo da história da humanidade, nos levam a confrontar e explorar situações existências fundamentais e elementares inerentes a experiência humana em sua linguagem arquétipa e pré-reflexiva.
Desta forma, considerando a crise da religiosidade contemporânea, que é em grande parte um desgaste dos modelos religiosos definidos pela tradição, é interessante observar como Eliade que, no conturbado contexto de fins dos anos 60 afirmava simplesmente que,
“... O que eu digo é que num período de crise religiosa não se podem prever as respostas criativas e, como tal, provavelmente irreconhecíveis, dadas a semelhante crise. Além do que não é possível prever as expressões de uma experiência do sagrado potencialmente nova. O ‘homem total” nunca é completamente dessacralizado, e é de duvidar até que tal seja possível. A secularização é altamente bem sucedida ao nível da vida consciente: as velhas idéias teológicas, dogmas, crenças, rituais, instituições, etc. são progressivamente expurgados de sentido. Mas nenhum homem normal vivo pode ser reduzido à sua atividade racional consciente, pois o homem moderno continua a sonhar, a apaixonar-se, a ouvir música, a ir ao teatro, a ver filmes, a ler livros – em resumo, a viver não só em um mundo histórico e natural, mas também num mundo existencial privado e num Universo imaginário. É, em primeiro lugar, o historiador das religiões quem é capaz de reconhecer e decifrar as estruturas e sentidos “religiosos” destes mundos privados ou Universos imaginários.”
( Mircea Eliade. Prefácio in Origens: História e Sentido na Religião / tradução de Tereza Louro Perez. Lisboia: Edições 70, s/d, p.12 )
Cabe complementar tal reflexão com os primeiros parágrafos do citado prefácio onde o autor, ao apresentar seus próprios textos, contrapõe os conceitos de “religião” e “sagrado” de modo realmente interessante e sugestivo:
“ É lamentável não termos a nossa disposição uma palavra mais precisa que ‘religião’ para designar a experiência do sagrado. Este termo traz consigo uma história longa, se bem que culturalmente bastante limitada. Fica a pensar-se como é possível aplicá-lo indiscriminadamente ao Próximo Oriente antigo, ao Judaísmo, ao Cristianismo e ao Islamismo, ou ao Hinduismo, Budismo e Confucionismo bem como aos chamados povos primitivos. Mas talvez seja demasiado tarde para procurar outra palavra e “religião” pode continuar a ser um termo útil desde que não nos esqueçamos de que ela não implica necessariamente a crença em Deus, deuses ou fantasmas, mas que se refere à experiência do sagrado e, consequentemente, se encontra relacionada com as idéias de ser, sentido e verdade.
Com efeito, é difícil imaginar como poderia funcionar a mente humana sem a convicção de que existe algo de irredutivelmente real no mundo, e é impossível imaginar como poderia ter surgido a consciência sem conferir sentido aos impulsos e experiências do Homem. A consciência de um mundo real e com um sentido está intimamente relacionada com a descoberta do sagrado. Através da experiência do sagrado, a mente humana aprendeu a diferença entre aquilo que se revela como real, poderoso, rico e significativo e aquilo que não se revela como tal- isto é, o caótico e perigoso fluxo das coisas, os seus aparecimentos e desaparecimentos fortuitos e sem sentido.”
( Idem p. 9)
Parafraseando Eliade a experiência do sagrado, ao desvelar o ser, o sentido e a verdade no confronto com um mundo desconhecido, caótico e temível, preparou o caminho para o pensamento sistemático. Não é, portanto, de todo inútil nos ocuparmos dele dado que o estudo dos diversos mitos e símbolos construídos ao longo da história da humanidade, nos levam a confrontar e explorar situações existências fundamentais e elementares inerentes a experiência humana em sua linguagem arquétipa e pré-reflexiva.
LOST MEMORY
CRÔNICA RELÂMPAGO LVI
Talvez uma parcela de nossos rotineiros hábitos de existência possa ser classificada, na falta de melhores palavras, como vícios de dia a dia. Refiro-me aquele insignificante conjunto de hábitos e gestos concretos que diariamente reproduzimos irrefletidamente em nossa intimidade e constituem o núcleo de nossas rotinas.
Assistir a um dado programa de TV diariamente, freqüentar determinados lugares públicos ou pessoas, possuir esta ou aquela dieta alimentar e até mesmo usar certas gírias ou expressões vazias para se expressar, convencionalmente, diz muito sobre quem somos. Penso, entretanto, que, longe disso, tais “manias adquiridas” não passam de superficialidade pragmática, independente do quanto somos moldados por elas.
Definitivamente não é como vivemos que define o que há de mais singular em nossa singularidade e individualidade. Nisso só encontramos duvidosas explicações de como nos adaptamos melhor ou pior as experiências vividas ao longo do acumulo de tempo no mundo.É em como gostaríamos de viver que surge nossas potencialidades básicas e bem ou mal realizadas através de nossas escolhas e configurações de existência. Somos sempre um esboço de tudo aquilo que poderíamos ser, um pálido retrato de nossas anciãs, desejos e inclinações mais básicas.
Afinal, quantos sonhos guardamos no bolso enquanto sofremos o peso de nossas personas sociais? O quanto guardamos de nós mesmos ao longo do acontecer da vida?
Assistir a um dado programa de TV diariamente, freqüentar determinados lugares públicos ou pessoas, possuir esta ou aquela dieta alimentar e até mesmo usar certas gírias ou expressões vazias para se expressar, convencionalmente, diz muito sobre quem somos. Penso, entretanto, que, longe disso, tais “manias adquiridas” não passam de superficialidade pragmática, independente do quanto somos moldados por elas.
Definitivamente não é como vivemos que define o que há de mais singular em nossa singularidade e individualidade. Nisso só encontramos duvidosas explicações de como nos adaptamos melhor ou pior as experiências vividas ao longo do acumulo de tempo no mundo.É em como gostaríamos de viver que surge nossas potencialidades básicas e bem ou mal realizadas através de nossas escolhas e configurações de existência. Somos sempre um esboço de tudo aquilo que poderíamos ser, um pálido retrato de nossas anciãs, desejos e inclinações mais básicas.
Afinal, quantos sonhos guardamos no bolso enquanto sofremos o peso de nossas personas sociais? O quanto guardamos de nós mesmos ao longo do acontecer da vida?
sábado, 13 de junho de 2009
PRESENT
Tudo passa e se perde
Em um segundo de certeza
Esboçado em pensamento.
O caos e o mundo
Deitam sobre mim
Em um sonho de dias perdidos.
Vivo imanentemente o agora
Mergulhado no efêmero
Do acontecer de um instante.
Em um segundo de certeza
Esboçado em pensamento.
O caos e o mundo
Deitam sobre mim
Em um sonho de dias perdidos.
Vivo imanentemente o agora
Mergulhado no efêmero
Do acontecer de um instante.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
HAWKING E OS BURACOS NEGROS
Publicado originalmente no Reino Unido em 1997, a coleção “Em 90 Minutos” de autoria do professor de filosofia e matemática da Universidade de Kingston, Paul Stratheen, oferece ao público leigo, breves e panorâmicos ensaios sobre a vida e obra de filósofos e cientistas de relevante impacto sobre o pensamento contemporâneo.
Um dos volumes mais interessantes da coleção é HAWKING AND BLACK HOLES, dedicado a Stephen W. Hawking, considerado o mais brilhante físico teórico desde Einstein que, muito apropriadamente , ocupa a cadeira de professor lucasiano de Matemática em Cambridge que já fora ocupada um dia por Newton.
Conhecido do grande público desde a publicação em 1997 de “Uma breve História do Tempo”, Hawking é reapresentado aos leigos através deste pequeno manual através de um interessante recorte biográfico que, indiretamente, nos aproxima do complexo conjunto de problemas e hipóteses que o brilhante cientista generosamente nos oferece.
Creio que o mérito desta pequena brochura é justamente a de permitir uma leitura menos abstrata do autor e das implicações de sua obra nos convidando a refletir sobre ela e sobre o lugar que a ciência especulativa, ou a cosmologia ocupa em nosso imaginário contemporâneo.
Tudo que sei é que uma bela e inspiradora descrição de Hawking, enquanto mito vivo do pensamento cientifico e das potencialidades da mente humana, pode ser encontrada ao final do ensaio de Stratheen:
“ Não é por acaso que Hawking trabalha no Departamento de Matemática Aplicada de Física Teórica. Se seu trabalho. Se seu trabalho fosse provado, poderia se tornar prático e ele perder seu gabinete. Foi nesse gabinete que Hawking levou a cabo boa parte de suas mais profundas reflexõesm ( como o aviso de “Silêncio, por favor, o chefe esta dormindo” pendurado em sua porta). Talvez seja esta a melhor maneira de descrevê-lo. Uma figura pequena, enterrada em uma cadeira de rodas motorizada, com sua rede de computador, seu espelho, fios complexos e cliques dos engenhos mecânicos. Hawking em silêncio combina pequenos cálculos com vastas teorias. Sobre a mesa em frente, outra tela de computador e pilhas de papel. Mais além, o grande pôster de Marilyn Monroe olha para baixo, com ternura, para seu protegido intelectual. Perdido nesse hambiente, Hawking confronta sua mente com os limites do universo. De vez em quanto, um assistente ou uma enfermeira entra e sai, silenciosamente, sem ser notado.
Às quatro horas em ponto, todos os dias, encena-se um ritual . A hora do chá. Hawking é levado em sua cadeira até o salão comum, onde fotografias de antigos Lucasian Professors revestem as paredes. Nesse local, trocas vigorosas acontecem entre os jovens pesquisadores reunidos. A aparência desse grupo já foi comparada a “uma banda de rock em um mau dia” e sua linguagem é igualmente incompreensível aos seres humanos normais. A figura central desse grupo se senta em sua cadeira de rodas usando um babador. Uma enfermeira segura seu copo e mantém uma das mãos em sua testa, controlando sua cabeça para que ele possa beber. Seus óculos deslizam pelo nariz e seus lábios frouxos sugam ruidosamente o chá, enquanto vozes jovens discutem calorosamente em torno dele. Algumas vezes a conversa se interrompe e um componente do grupo escreve uma formula matemática no tampo de fórmica da mesa. !”Quando queremos conversar alguma coisa, tiramos xérox da mesa”, disse Hawking certa vez a um visitante.)
De vez em quanto, o grupo se volta para a pequena figura na cadeira de rodas, e ele digita uma resposta que ressoa na voz debilitada do sintetizador. Alguém faz um comentário de mau gosto, típico dos estudantes, e a figura na cadeira de rodas irradia seu famoso sorriso largo. Ele está em seu elemento: o centro de seu próprio universo matemático, já matéria de lenda.”
Um dos volumes mais interessantes da coleção é HAWKING AND BLACK HOLES, dedicado a Stephen W. Hawking, considerado o mais brilhante físico teórico desde Einstein que, muito apropriadamente , ocupa a cadeira de professor lucasiano de Matemática em Cambridge que já fora ocupada um dia por Newton.
Conhecido do grande público desde a publicação em 1997 de “Uma breve História do Tempo”, Hawking é reapresentado aos leigos através deste pequeno manual através de um interessante recorte biográfico que, indiretamente, nos aproxima do complexo conjunto de problemas e hipóteses que o brilhante cientista generosamente nos oferece.
Creio que o mérito desta pequena brochura é justamente a de permitir uma leitura menos abstrata do autor e das implicações de sua obra nos convidando a refletir sobre ela e sobre o lugar que a ciência especulativa, ou a cosmologia ocupa em nosso imaginário contemporâneo.
Tudo que sei é que uma bela e inspiradora descrição de Hawking, enquanto mito vivo do pensamento cientifico e das potencialidades da mente humana, pode ser encontrada ao final do ensaio de Stratheen:
“ Não é por acaso que Hawking trabalha no Departamento de Matemática Aplicada de Física Teórica. Se seu trabalho. Se seu trabalho fosse provado, poderia se tornar prático e ele perder seu gabinete. Foi nesse gabinete que Hawking levou a cabo boa parte de suas mais profundas reflexõesm ( como o aviso de “Silêncio, por favor, o chefe esta dormindo” pendurado em sua porta). Talvez seja esta a melhor maneira de descrevê-lo. Uma figura pequena, enterrada em uma cadeira de rodas motorizada, com sua rede de computador, seu espelho, fios complexos e cliques dos engenhos mecânicos. Hawking em silêncio combina pequenos cálculos com vastas teorias. Sobre a mesa em frente, outra tela de computador e pilhas de papel. Mais além, o grande pôster de Marilyn Monroe olha para baixo, com ternura, para seu protegido intelectual. Perdido nesse hambiente, Hawking confronta sua mente com os limites do universo. De vez em quanto, um assistente ou uma enfermeira entra e sai, silenciosamente, sem ser notado.
Às quatro horas em ponto, todos os dias, encena-se um ritual . A hora do chá. Hawking é levado em sua cadeira até o salão comum, onde fotografias de antigos Lucasian Professors revestem as paredes. Nesse local, trocas vigorosas acontecem entre os jovens pesquisadores reunidos. A aparência desse grupo já foi comparada a “uma banda de rock em um mau dia” e sua linguagem é igualmente incompreensível aos seres humanos normais. A figura central desse grupo se senta em sua cadeira de rodas usando um babador. Uma enfermeira segura seu copo e mantém uma das mãos em sua testa, controlando sua cabeça para que ele possa beber. Seus óculos deslizam pelo nariz e seus lábios frouxos sugam ruidosamente o chá, enquanto vozes jovens discutem calorosamente em torno dele. Algumas vezes a conversa se interrompe e um componente do grupo escreve uma formula matemática no tampo de fórmica da mesa. !”Quando queremos conversar alguma coisa, tiramos xérox da mesa”, disse Hawking certa vez a um visitante.)
De vez em quanto, o grupo se volta para a pequena figura na cadeira de rodas, e ele digita uma resposta que ressoa na voz debilitada do sintetizador. Alguém faz um comentário de mau gosto, típico dos estudantes, e a figura na cadeira de rodas irradia seu famoso sorriso largo. Ele está em seu elemento: o centro de seu próprio universo matemático, já matéria de lenda.”
( Paul Strarthern. Hawling e os Buracos Negros em 90 minutos/tradução de Maria Helena Geordane, consultoria Carla Fonseca-Barbatti. RJ: Jorge Zahar,1998, p. 79-80 )
ASTROLOGIA
Quero ser como o vento
Que vai e vem
ao sabor
do aleatório momento
de seus acasos,
Pensar silêncios
Adivinhando a escrita
Dos astros
Em meus destinos abertos
E hábitos.
Sei que sobre um céu vazio
Estrelas adivinham meus passos
E possibilidades.
Que vai e vem
ao sabor
do aleatório momento
de seus acasos,
Pensar silêncios
Adivinhando a escrita
Dos astros
Em meus destinos abertos
E hábitos.
Sei que sobre um céu vazio
Estrelas adivinham meus passos
E possibilidades.
domingo, 7 de junho de 2009
STEPHEN HAWKING E UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO
“O progresso da raça humana em compreender o universo estabeleceu uma pequena área de ordem num universo crescentemente desordenado.”
Stephen W. Hawking
Quando li pela primeira vez UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO do já lendário físico de Cambridge Stephen W Hawking, no inicio dos anos 90, tinha um pouco mais de 18 anos e apenas começava a definir meus interesses de estudo e eleger caminhos possíveis de vida e pensamento.
O tema pouco acessível, somado a popularidade do livro, que então já havia se convertido em um dos grandes best sellers de fins dos anos 80 e inicio dos 90, aguçou minha curiosidade. Através dele acabei, então, realizando meu primeiro contato com o denso universo da ciência contemporânea, sua linguagem e imagens vivas de significação de mundo. Posso hoje em retrospecto classificar como decisiva tal experiência em meus anos de formação como indivíduo. Pois esta foi uma das vivencias bibliográficas que alimentaram meu senso critico e radicais questionamentos em um momento de profundo questionamento das seguranças de fé e certezas metafísicas que o senso comum ingenuamente me oferecia.
É bem verdade que o livro em questão era ( e ainda é em grande parte) ilegível para o leigo no assunto que sou, mesmo que, como prudente obra de vulgarização não contenha aquelas cansativas e complicadas formulas matemáticas inerentes ao raciocínio de um físico teórico. Em que pesem meus limites de leigo, entretanto, creio que fiz na ocasião através dessa singular e ainda hoje clássica brochura uma descoberta deveras importante. Descobri o conhecimento humano como um processo, uma construção e desconstrução constante de teorias que confirmam e renovam em cada nova imagem de mundo que criam as potencialidades quase infinitas do intelecto humano. Em contra partida também aprendi que em nosso cotidiano não entendemos quase nada do mundo mesmo nos beneficiando na vida diária cada vez mais dos produtos do avanço do desenvolvimento técnico-científico.
O fato é que ainda hoje a idéia de um universo em expansão, a teoria dos buracos negros, a teoria da corda e a utopia de uma teoria unificada me fascinam como testemunho do esforço humano de traduzir o universo em linguagem e superar seus mais arraigados limites.
Uma das grandes questões especulativas do livro de Hawking é justamente a busca de uma teoria unificada cuja implicações ele assim esclarece:
“ O que significaria se atualmente se descobrisse a teoria definitiva do universo? Como foi explicado no Capitulo 1, jamais se teria certeza de que, de fato, seria a versão correta, uma vez que teorias não podem ser comprovadas. Mas se fosse matematicamente consistente e sempre fornecesse previsões que concordassem com observações, poder-se-ia ter razoável certeza de que seria a teoria correta. Colocaria um final no longo e glorioso capítulo da luta intelectual da história da humanidade para entender o universo. Mas também revolucionaria a compreensão comum que se tem das leis que governam o universo. No tempo de Newton era possível para uma pessoa culta abarcar todo o conhecimento humano, pelo menos em linhas gerais. Mas desde então, o ritmo do desenvolvimento da ciência tornou esse saber impossível. Dado que as teorias estão sempre sendo mudadas para dar conta de novas observações, não são nunca adequadamente digeridas ou simplificadas para que os leigos possam compreende-las. É necessário ser especialista, e mesmo assim pode-se esperar dominar apenas uma pequena proporção das teorias científicas. Além disso, a razão do progresso é tão acelerada que o que se aprende nas escolas e universidades já é sempre um pouco ultrapassado. Poucas pessoas podem fazer face às fronteiras do conhecimento que avançam rapidamente e é necessário devoção integral e se especializar numa pequena área. O restante da população tem apenas uma vaga idéia dos avanços que estão sendo feitos ou da excitação que eles estão gerando. Setenta anos atrás, acreditando-se em Eddington, apenas duas pessoas compreendiam a tória geral da relatividade. Atualmente cada dez em cem universitários graduados o fazem, e muitos milhões de pessoas tem pelo menos alguma familiaridade com a idéia. Se uma teoria completa unificada fosse descoberta, seria apenas uma questão de tempo até que ela fosse digerida e simplificada da mesma forma e ensinada nas escolas, pelo menos em linhas gerais. Seriamos então todos capazes de ter alguma compreensão das leis que governam o universo sendo responsáveis por nossa existência.”
( Stephen W. Hawking. Uma Breve História do Tempo: Do Big Bang aos Buracos Negros/ tradução de Maria Helena Torres. RJ: Rocco, 19° ed, 1989, p. 229-230 )
Stephen W. Hawking
Quando li pela primeira vez UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO do já lendário físico de Cambridge Stephen W Hawking, no inicio dos anos 90, tinha um pouco mais de 18 anos e apenas começava a definir meus interesses de estudo e eleger caminhos possíveis de vida e pensamento.
O tema pouco acessível, somado a popularidade do livro, que então já havia se convertido em um dos grandes best sellers de fins dos anos 80 e inicio dos 90, aguçou minha curiosidade. Através dele acabei, então, realizando meu primeiro contato com o denso universo da ciência contemporânea, sua linguagem e imagens vivas de significação de mundo. Posso hoje em retrospecto classificar como decisiva tal experiência em meus anos de formação como indivíduo. Pois esta foi uma das vivencias bibliográficas que alimentaram meu senso critico e radicais questionamentos em um momento de profundo questionamento das seguranças de fé e certezas metafísicas que o senso comum ingenuamente me oferecia.
É bem verdade que o livro em questão era ( e ainda é em grande parte) ilegível para o leigo no assunto que sou, mesmo que, como prudente obra de vulgarização não contenha aquelas cansativas e complicadas formulas matemáticas inerentes ao raciocínio de um físico teórico. Em que pesem meus limites de leigo, entretanto, creio que fiz na ocasião através dessa singular e ainda hoje clássica brochura uma descoberta deveras importante. Descobri o conhecimento humano como um processo, uma construção e desconstrução constante de teorias que confirmam e renovam em cada nova imagem de mundo que criam as potencialidades quase infinitas do intelecto humano. Em contra partida também aprendi que em nosso cotidiano não entendemos quase nada do mundo mesmo nos beneficiando na vida diária cada vez mais dos produtos do avanço do desenvolvimento técnico-científico.
O fato é que ainda hoje a idéia de um universo em expansão, a teoria dos buracos negros, a teoria da corda e a utopia de uma teoria unificada me fascinam como testemunho do esforço humano de traduzir o universo em linguagem e superar seus mais arraigados limites.
Uma das grandes questões especulativas do livro de Hawking é justamente a busca de uma teoria unificada cuja implicações ele assim esclarece:
“ O que significaria se atualmente se descobrisse a teoria definitiva do universo? Como foi explicado no Capitulo 1, jamais se teria certeza de que, de fato, seria a versão correta, uma vez que teorias não podem ser comprovadas. Mas se fosse matematicamente consistente e sempre fornecesse previsões que concordassem com observações, poder-se-ia ter razoável certeza de que seria a teoria correta. Colocaria um final no longo e glorioso capítulo da luta intelectual da história da humanidade para entender o universo. Mas também revolucionaria a compreensão comum que se tem das leis que governam o universo. No tempo de Newton era possível para uma pessoa culta abarcar todo o conhecimento humano, pelo menos em linhas gerais. Mas desde então, o ritmo do desenvolvimento da ciência tornou esse saber impossível. Dado que as teorias estão sempre sendo mudadas para dar conta de novas observações, não são nunca adequadamente digeridas ou simplificadas para que os leigos possam compreende-las. É necessário ser especialista, e mesmo assim pode-se esperar dominar apenas uma pequena proporção das teorias científicas. Além disso, a razão do progresso é tão acelerada que o que se aprende nas escolas e universidades já é sempre um pouco ultrapassado. Poucas pessoas podem fazer face às fronteiras do conhecimento que avançam rapidamente e é necessário devoção integral e se especializar numa pequena área. O restante da população tem apenas uma vaga idéia dos avanços que estão sendo feitos ou da excitação que eles estão gerando. Setenta anos atrás, acreditando-se em Eddington, apenas duas pessoas compreendiam a tória geral da relatividade. Atualmente cada dez em cem universitários graduados o fazem, e muitos milhões de pessoas tem pelo menos alguma familiaridade com a idéia. Se uma teoria completa unificada fosse descoberta, seria apenas uma questão de tempo até que ela fosse digerida e simplificada da mesma forma e ensinada nas escolas, pelo menos em linhas gerais. Seriamos então todos capazes de ter alguma compreensão das leis que governam o universo sendo responsáveis por nossa existência.”
( Stephen W. Hawking. Uma Breve História do Tempo: Do Big Bang aos Buracos Negros/ tradução de Maria Helena Torres. RJ: Rocco, 19° ed, 1989, p. 229-230 )
VIDA E LINGUAGEM
Há em toda comunicação e diálogo algo de um intraduzível sentimento de mundo, uma involuntária sensação de estar aqui e agora a construir discursos contra os limites da própria linguagem.
Trata-se de uma imprecisa consciência de si mesmo que por trás das palavras escreve involuntários silêncios nas múltipla sensações de compartilhar a experiência de estar vivo...
Trata-se de uma imprecisa consciência de si mesmo que por trás das palavras escreve involuntários silêncios nas múltipla sensações de compartilhar a experiência de estar vivo...
BLACK HOLE
Vejo a existência espalhada
Na desordem do tempo
Sem qualquer margem
Ou limite,
Livre no inverso do pensamento.
A vida estática
E abastrata
No imaginário de um devaneio
Desloca-se das coisas
Impludindo infinitos
E desvelo
Meu intimo
Lugar nenhum.
Na desordem do tempo
Sem qualquer margem
Ou limite,
Livre no inverso do pensamento.
A vida estática
E abastrata
No imaginário de um devaneio
Desloca-se das coisas
Impludindo infinitos
E desvelo
Meu intimo
Lugar nenhum.
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