terça-feira, 16 de junho de 2009

CRÔNICA RELÂMPAGO LVI


Talvez uma parcela de nossos rotineiros hábitos de existência possa ser classificada, na falta de melhores palavras, como vícios de dia a dia. Refiro-me aquele insignificante conjunto de hábitos e gestos concretos que diariamente reproduzimos irrefletidamente em nossa intimidade e constituem o núcleo de nossas rotinas.
Assistir a um dado programa de TV diariamente, freqüentar determinados lugares públicos ou pessoas, possuir esta ou aquela dieta alimentar e até mesmo usar certas gírias ou expressões vazias para se expressar, convencionalmente, diz muito sobre quem somos. Penso, entretanto, que, longe disso, tais “manias adquiridas” não passam de superficialidade pragmática, independente do quanto somos moldados por elas.
Definitivamente não é como vivemos que define o que há de mais singular em nossa singularidade e individualidade. Nisso só encontramos duvidosas explicações de como nos adaptamos melhor ou pior as experiências vividas ao longo do acumulo de tempo no mundo.É em como gostaríamos de viver que surge nossas potencialidades básicas e bem ou mal realizadas através de nossas escolhas e configurações de existência. Somos sempre um esboço de tudo aquilo que poderíamos ser, um pálido retrato de nossas anciãs, desejos e inclinações mais básicas.
Afinal, quantos sonhos guardamos no bolso enquanto sofremos o peso de nossas personas sociais? O quanto guardamos de nós mesmos ao longo do acontecer da vida?

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