Publicado originalmente no Reino Unido em 1997, a coleção “Em 90 Minutos” de autoria do professor de filosofia e matemática da Universidade de Kingston, Paul Stratheen, oferece ao público leigo, breves e panorâmicos ensaios sobre a vida e obra de filósofos e cientistas de relevante impacto sobre o pensamento contemporâneo.
Um dos volumes mais interessantes da coleção é HAWKING AND BLACK HOLES, dedicado a Stephen W. Hawking, considerado o mais brilhante físico teórico desde Einstein que, muito apropriadamente , ocupa a cadeira de professor lucasiano de Matemática em Cambridge que já fora ocupada um dia por Newton.
Conhecido do grande público desde a publicação em 1997 de “Uma breve História do Tempo”, Hawking é reapresentado aos leigos através deste pequeno manual através de um interessante recorte biográfico que, indiretamente, nos aproxima do complexo conjunto de problemas e hipóteses que o brilhante cientista generosamente nos oferece.
Creio que o mérito desta pequena brochura é justamente a de permitir uma leitura menos abstrata do autor e das implicações de sua obra nos convidando a refletir sobre ela e sobre o lugar que a ciência especulativa, ou a cosmologia ocupa em nosso imaginário contemporâneo.
Tudo que sei é que uma bela e inspiradora descrição de Hawking, enquanto mito vivo do pensamento cientifico e das potencialidades da mente humana, pode ser encontrada ao final do ensaio de Stratheen:
“ Não é por acaso que Hawking trabalha no Departamento de Matemática Aplicada de Física Teórica. Se seu trabalho. Se seu trabalho fosse provado, poderia se tornar prático e ele perder seu gabinete. Foi nesse gabinete que Hawking levou a cabo boa parte de suas mais profundas reflexõesm ( como o aviso de “Silêncio, por favor, o chefe esta dormindo” pendurado em sua porta). Talvez seja esta a melhor maneira de descrevê-lo. Uma figura pequena, enterrada em uma cadeira de rodas motorizada, com sua rede de computador, seu espelho, fios complexos e cliques dos engenhos mecânicos. Hawking em silêncio combina pequenos cálculos com vastas teorias. Sobre a mesa em frente, outra tela de computador e pilhas de papel. Mais além, o grande pôster de Marilyn Monroe olha para baixo, com ternura, para seu protegido intelectual. Perdido nesse hambiente, Hawking confronta sua mente com os limites do universo. De vez em quanto, um assistente ou uma enfermeira entra e sai, silenciosamente, sem ser notado.
Às quatro horas em ponto, todos os dias, encena-se um ritual . A hora do chá. Hawking é levado em sua cadeira até o salão comum, onde fotografias de antigos Lucasian Professors revestem as paredes. Nesse local, trocas vigorosas acontecem entre os jovens pesquisadores reunidos. A aparência desse grupo já foi comparada a “uma banda de rock em um mau dia” e sua linguagem é igualmente incompreensível aos seres humanos normais. A figura central desse grupo se senta em sua cadeira de rodas usando um babador. Uma enfermeira segura seu copo e mantém uma das mãos em sua testa, controlando sua cabeça para que ele possa beber. Seus óculos deslizam pelo nariz e seus lábios frouxos sugam ruidosamente o chá, enquanto vozes jovens discutem calorosamente em torno dele. Algumas vezes a conversa se interrompe e um componente do grupo escreve uma formula matemática no tampo de fórmica da mesa. !”Quando queremos conversar alguma coisa, tiramos xérox da mesa”, disse Hawking certa vez a um visitante.)
De vez em quanto, o grupo se volta para a pequena figura na cadeira de rodas, e ele digita uma resposta que ressoa na voz debilitada do sintetizador. Alguém faz um comentário de mau gosto, típico dos estudantes, e a figura na cadeira de rodas irradia seu famoso sorriso largo. Ele está em seu elemento: o centro de seu próprio universo matemático, já matéria de lenda.”
Um dos volumes mais interessantes da coleção é HAWKING AND BLACK HOLES, dedicado a Stephen W. Hawking, considerado o mais brilhante físico teórico desde Einstein que, muito apropriadamente , ocupa a cadeira de professor lucasiano de Matemática em Cambridge que já fora ocupada um dia por Newton.
Conhecido do grande público desde a publicação em 1997 de “Uma breve História do Tempo”, Hawking é reapresentado aos leigos através deste pequeno manual através de um interessante recorte biográfico que, indiretamente, nos aproxima do complexo conjunto de problemas e hipóteses que o brilhante cientista generosamente nos oferece.
Creio que o mérito desta pequena brochura é justamente a de permitir uma leitura menos abstrata do autor e das implicações de sua obra nos convidando a refletir sobre ela e sobre o lugar que a ciência especulativa, ou a cosmologia ocupa em nosso imaginário contemporâneo.
Tudo que sei é que uma bela e inspiradora descrição de Hawking, enquanto mito vivo do pensamento cientifico e das potencialidades da mente humana, pode ser encontrada ao final do ensaio de Stratheen:
“ Não é por acaso que Hawking trabalha no Departamento de Matemática Aplicada de Física Teórica. Se seu trabalho. Se seu trabalho fosse provado, poderia se tornar prático e ele perder seu gabinete. Foi nesse gabinete que Hawking levou a cabo boa parte de suas mais profundas reflexõesm ( como o aviso de “Silêncio, por favor, o chefe esta dormindo” pendurado em sua porta). Talvez seja esta a melhor maneira de descrevê-lo. Uma figura pequena, enterrada em uma cadeira de rodas motorizada, com sua rede de computador, seu espelho, fios complexos e cliques dos engenhos mecânicos. Hawking em silêncio combina pequenos cálculos com vastas teorias. Sobre a mesa em frente, outra tela de computador e pilhas de papel. Mais além, o grande pôster de Marilyn Monroe olha para baixo, com ternura, para seu protegido intelectual. Perdido nesse hambiente, Hawking confronta sua mente com os limites do universo. De vez em quanto, um assistente ou uma enfermeira entra e sai, silenciosamente, sem ser notado.
Às quatro horas em ponto, todos os dias, encena-se um ritual . A hora do chá. Hawking é levado em sua cadeira até o salão comum, onde fotografias de antigos Lucasian Professors revestem as paredes. Nesse local, trocas vigorosas acontecem entre os jovens pesquisadores reunidos. A aparência desse grupo já foi comparada a “uma banda de rock em um mau dia” e sua linguagem é igualmente incompreensível aos seres humanos normais. A figura central desse grupo se senta em sua cadeira de rodas usando um babador. Uma enfermeira segura seu copo e mantém uma das mãos em sua testa, controlando sua cabeça para que ele possa beber. Seus óculos deslizam pelo nariz e seus lábios frouxos sugam ruidosamente o chá, enquanto vozes jovens discutem calorosamente em torno dele. Algumas vezes a conversa se interrompe e um componente do grupo escreve uma formula matemática no tampo de fórmica da mesa. !”Quando queremos conversar alguma coisa, tiramos xérox da mesa”, disse Hawking certa vez a um visitante.)
De vez em quanto, o grupo se volta para a pequena figura na cadeira de rodas, e ele digita uma resposta que ressoa na voz debilitada do sintetizador. Alguém faz um comentário de mau gosto, típico dos estudantes, e a figura na cadeira de rodas irradia seu famoso sorriso largo. Ele está em seu elemento: o centro de seu próprio universo matemático, já matéria de lenda.”
( Paul Strarthern. Hawling e os Buracos Negros em 90 minutos/tradução de Maria Helena Geordane, consultoria Carla Fonseca-Barbatti. RJ: Jorge Zahar,1998, p. 79-80 )