Vejo a existência espalhada
Na desordem do tempo
Sem qualquer margem
Ou limite,
Livre no inverso do pensamento.
A vida estática
E abastrata
No imaginário de um devaneio
Desloca-se das coisas
Impludindo infinitos
E desvelo
Meu intimo
Lugar nenhum.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
domingo, 7 de junho de 2009
sexta-feira, 5 de junho de 2009
ORIGENS DO ROCK AND ROLL
Não é uma tarefa muito fácil falar com alguma precisão ou rigor sobre os marcos de origem do velho rock and roll nos Estados Unidos do pós segunda grande guerra. É mais seguro tomá-lo, enquanto novo estilo musical, como uma construção coletiva da primeira e extremamente criativa geração de rockers. Dentre eles destacam-se nomes como o de Chuck Berry, Elvis Presley, Bill Halley, Litle Richard, Gene Vicent e Jerry Lee Lews, e tantos outros.
Segunda uma versão sacralizada o rock and roll teria sido “inventado” por Chuck Berry e sua certidão de nascimento seria a gravação de Maybellene em 1955. Outra versão, entretanto, toma como seu primeiro marco a gravação do compacto Rocket 88 em 1951 por um conjunto de rhythm & blues chamado The King of Rhythm.
Como em seus primórdios o rock encontrava-se muito próximo de suas matrizes de origem a ponto de pouco diferenciar-se delas, é muito difícil precisar em que momento e através de quem ele se emancipou de suas raízes a ponto de constituir um estilo e personalidade musical própria. Afinal, as raízes do rock and roll são diversas. Suas influencias iniciais compreendem o blues tradicional, o rhythm & blues, a musica country, o folk, o boogie woogie e até mesmo um pouco de gospel. Se podemos defini-lo como uma musica rápida e dançante, baseada em três ou quatro acordes e interpretada de modo alucinado e jocoso, isso não é absolutamente suficiente para distingui-lo sem equívocos, por exemplo, do rhythm & blues.
De um modo ou de outro foi ao longo dos anos 50 que, impulsionado por uma poderosa industria cultural, o rock projetou-se como fenômeno diferenciado em meio ao rico cenário musical do período cativando um público de adolescentes que a partir dele construiu uma identidade e um universo próprio de questões e dilemas. De certo modo o rock reinventou as representações sociais do ser jovem e redefiniu seu lugar e espaço na sociedade ocidental ao relativamente libertá-lo do peso das tradições e costumes convencionais...
Segunda uma versão sacralizada o rock and roll teria sido “inventado” por Chuck Berry e sua certidão de nascimento seria a gravação de Maybellene em 1955. Outra versão, entretanto, toma como seu primeiro marco a gravação do compacto Rocket 88 em 1951 por um conjunto de rhythm & blues chamado The King of Rhythm.
Como em seus primórdios o rock encontrava-se muito próximo de suas matrizes de origem a ponto de pouco diferenciar-se delas, é muito difícil precisar em que momento e através de quem ele se emancipou de suas raízes a ponto de constituir um estilo e personalidade musical própria. Afinal, as raízes do rock and roll são diversas. Suas influencias iniciais compreendem o blues tradicional, o rhythm & blues, a musica country, o folk, o boogie woogie e até mesmo um pouco de gospel. Se podemos defini-lo como uma musica rápida e dançante, baseada em três ou quatro acordes e interpretada de modo alucinado e jocoso, isso não é absolutamente suficiente para distingui-lo sem equívocos, por exemplo, do rhythm & blues.
De um modo ou de outro foi ao longo dos anos 50 que, impulsionado por uma poderosa industria cultural, o rock projetou-se como fenômeno diferenciado em meio ao rico cenário musical do período cativando um público de adolescentes que a partir dele construiu uma identidade e um universo próprio de questões e dilemas. De certo modo o rock reinventou as representações sociais do ser jovem e redefiniu seu lugar e espaço na sociedade ocidental ao relativamente libertá-lo do peso das tradições e costumes convencionais...
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Mesmo sendo uma obra demasiadamente sintética e factual dada sua formatação, o ALMANAQUE DO ROCK: HISTÓRIAS E CURIOSIDADES DO RITMO QUE REVOLUCIONOU A MÚSICA de Kid Vinil é uma referência relevante para os estudiosos do rock na medida em que fornece um panorama da evolução e diversificação gradativa deste singular estilo musical ao longo do tempo. A obra abrange um período relativamente longo que compreende os primórdios nos anos 50 até o diversificado e complexo cenário dos anos 00, discutindo também suas perspectivas de então.
No que diz respeito especificamente ao rock dos anos 50, o autor nos lembra uma influencia normalmente ignorada na formação do rock and roll:o Bebop. Em suas próprias palavras:
“ O Bebop que apareceu com o fim das big bands, foi outra raiz do rock and roll. Era um tipo de jazz misturado ao blues feito pelos jovens negros, mas não era dançante como o som das swing bands. Nomes como o do saxofonista Charlie Parker e do trompetista Dizzy Gillespie destacaram-se nessa onda.”
( Kid Vinil. Almanaque do Rock: Histórias e curiosidades do ritmo que revolucionou a música. SP: Ediouro, 2008, p. 17 )
Ele também resgata o lugar do Doo-Wop como estilo de rock dos anos 50:
“Um estilo importante dentro do rock and roll dos anos 50 foi o doo-woop, uma espécie de exercício vocal feito por grupos de jovens negros e brancos, pobres e, às vezes, ítalos-americanos, que começaram a carreira cantando sem nenhum acompanhamento de instrumentos, naquilo que chamamos a capella. Nessa década, apareceram diversos grupos desse estilo, e alguns conseguiram certo sucesso, como The Crows, The Penguins, The Ravens e The Orioles. Mas outros também merecem destaque, entre eles: The Platters, The Clovers, The Spaniels, Flankie Lymon and The Teenagers, Dion, The Flamingos e The Drifters.
Em 1954, um dos grupos precursores foram os canadenses do Crew Cuts que chegaram ao primeiro lugar em algumas paradas com a musica “Sh’Boom”, que consistia em um arranjo vocal dos quatro integrantes. No ano seguinte emplacaram mais uma: “Earth Angel”, regravação dos The Pingüins.
The Crows foi o primeiro grupo vocal a tocar em rádios de brancos em 1954, com a música “Gee”. Entretanto, um dos grupos mais bem sucedidos foi o The Clovers, que se emplacou 13 sucessos entre 1951 e 1954. Sem contar o The Platers, grupo de dôo-eoop que entrou nas principais paradas com “The Great Pretender” em dezembro de 1955.”
( Idem p. 15)
“Um estilo importante dentro do rock and roll dos anos 50 foi o doo-woop, uma espécie de exercício vocal feito por grupos de jovens negros e brancos, pobres e, às vezes, ítalos-americanos, que começaram a carreira cantando sem nenhum acompanhamento de instrumentos, naquilo que chamamos a capella. Nessa década, apareceram diversos grupos desse estilo, e alguns conseguiram certo sucesso, como The Crows, The Penguins, The Ravens e The Orioles. Mas outros também merecem destaque, entre eles: The Platters, The Clovers, The Spaniels, Flankie Lymon and The Teenagers, Dion, The Flamingos e The Drifters.
Em 1954, um dos grupos precursores foram os canadenses do Crew Cuts que chegaram ao primeiro lugar em algumas paradas com a musica “Sh’Boom”, que consistia em um arranjo vocal dos quatro integrantes. No ano seguinte emplacaram mais uma: “Earth Angel”, regravação dos The Pingüins.
The Crows foi o primeiro grupo vocal a tocar em rádios de brancos em 1954, com a música “Gee”. Entretanto, um dos grupos mais bem sucedidos foi o The Clovers, que se emplacou 13 sucessos entre 1951 e 1954. Sem contar o The Platers, grupo de dôo-eoop que entrou nas principais paradas com “The Great Pretender” em dezembro de 1955.”
( Idem p. 15)
quinta-feira, 4 de junho de 2009
CONTOS DE VIRGINIA WOOLF
A HAUTED HOUSE AND OTHER STORIES (Uma casa assombrada e outras histórias), segundo livro de contos de Virginia Woolf (1882-1941), organizado e publicado postumamente pelo seu marido Leonard Woolf, é uma peculiar e sedutora amostra do complexo e revolucionário universo ficcional da ilustre e sensível romancista do ciclo de Bloomsbury.
Pode-se dizer que os contos ocupam um lugar menor em sua vasta obra relacionando-se diretamente com a peculiar dinâmica de seu processo criativo. Pelo menos é o que sugere o prefácio de Leonard a coletânea de 1944:
“ MONDAY OR TUESDAY ( Segunda ou terça feira), o único livro de contos de Virginia Woolf a sair enquanto vivia, foi publicado há 22 anos, em 1921.Permaneceu esgotado durante muitos anos. Ao longo de toda a sua vida, vez por outra Virginia Woolf escreveu contos. Quando lhe ocorria alguma idéia para conto, costumava esboçá-lo em forma bastante rudimentar e depois guardava-o em uma gaveta. Posteriormente, quando acontecia que um editor lhe pedisse um conto, e quando ela se sentia disposta a escrever ( o que não era muito comum), tirava um dos esboços da gaveta e o reescrevia, por vezes exaustivamente. Quando julgava, como amiúde fez, que enquanto escrevia um romance precisava de um período de descanso mental através do trabalho de outro texto, escrevia ensaios críticos ou elaborava os esboços de contos.”
(Leonarde Woolof. Prefácio in Virginia Woolf.Uma casa Assombrada/tradução de Jose Antônio Arantes. RJ: Nova Fronteira, 1984, p.7)
Não deve, portanto, surpreender certo “sentimento de esboço ou inacabamento” que a leitura dos contos de Virginia por vezes nos despertam ao fim da leitura. Lidamos aqui na maioria das vezes realmente com elaborados esboços. Nem por isso deixamos de encontrar neles os temas chaves do complexo universo ficcional da autora: o tempo, o fluxo de imagens, percepções e reflexões subjetivas e uma sensibilidade única para as sutilezas do fazer-se cotidiano da existência.
Um dos contos mais interessantes da coletânea é o intitulado “Um Romance não escrito” onde por capricho do acaso penetramos na intimidade da anônima Minnie Marsh em uma aventura pelas paisagens humanas que nos cercam em silêncio no fluxo da multidão ocultando tramas, impasses e dilemas ordinários cuja substância é a de verdadeiros romances jamais escritos, mas dos quais não nos damos conta de tão mergulhados nos impasses de nossas próprias consciências individuais.
O conto inicia-se com uma cena corriqueira e significativa:
“Uma tal expressão de infelicidade por si só bastava para o nobre rosto da mulher-insignificante sem aquele olhar, com ele quase um símbolo do destino humano. A vida é o que se vê nos olhos das pessoas; a vida é o que elas aprendem e, depois que o aprenderam, jamais, embora procurem escondê-lo, deixarão de estar cientes- de que? De que, parece, a vida é assim. Cinco rostos frente a frente- cinco rostos maduros- e em cada rosto a consciência. Estranho, porém, como desejam dissimulá-la! Há sinais de reticência em todos os rostos: lábios cerrados, olhos sombrios, cada uma das cinco pessoas faz alguma coisa para esconder ou anular a consciência. Uma fuma; outra lê; as terceira verifica notas num livro de bolso; a quarta fita o mapa do trajeto no painel em frente; e a quinta – o mais terrível a respeito da quinta é que não faz absolutamente nada. Ela olha a vida. Ah, mas minha pobre e infeliz mulher, participe do jogo-por nossa causa dissimule!”
(Virginia Woolf. Um Romance não escrito in Uma casa Assombrada/tradução de Jose Antônio Arantes. RJ: Nova Fronteira, 1984, p. 15 )
Pode-se dizer que os contos ocupam um lugar menor em sua vasta obra relacionando-se diretamente com a peculiar dinâmica de seu processo criativo. Pelo menos é o que sugere o prefácio de Leonard a coletânea de 1944:
“ MONDAY OR TUESDAY ( Segunda ou terça feira), o único livro de contos de Virginia Woolf a sair enquanto vivia, foi publicado há 22 anos, em 1921.Permaneceu esgotado durante muitos anos. Ao longo de toda a sua vida, vez por outra Virginia Woolf escreveu contos. Quando lhe ocorria alguma idéia para conto, costumava esboçá-lo em forma bastante rudimentar e depois guardava-o em uma gaveta. Posteriormente, quando acontecia que um editor lhe pedisse um conto, e quando ela se sentia disposta a escrever ( o que não era muito comum), tirava um dos esboços da gaveta e o reescrevia, por vezes exaustivamente. Quando julgava, como amiúde fez, que enquanto escrevia um romance precisava de um período de descanso mental através do trabalho de outro texto, escrevia ensaios críticos ou elaborava os esboços de contos.”
(Leonarde Woolof. Prefácio in Virginia Woolf.Uma casa Assombrada/tradução de Jose Antônio Arantes. RJ: Nova Fronteira, 1984, p.7)
Não deve, portanto, surpreender certo “sentimento de esboço ou inacabamento” que a leitura dos contos de Virginia por vezes nos despertam ao fim da leitura. Lidamos aqui na maioria das vezes realmente com elaborados esboços. Nem por isso deixamos de encontrar neles os temas chaves do complexo universo ficcional da autora: o tempo, o fluxo de imagens, percepções e reflexões subjetivas e uma sensibilidade única para as sutilezas do fazer-se cotidiano da existência.
Um dos contos mais interessantes da coletânea é o intitulado “Um Romance não escrito” onde por capricho do acaso penetramos na intimidade da anônima Minnie Marsh em uma aventura pelas paisagens humanas que nos cercam em silêncio no fluxo da multidão ocultando tramas, impasses e dilemas ordinários cuja substância é a de verdadeiros romances jamais escritos, mas dos quais não nos damos conta de tão mergulhados nos impasses de nossas próprias consciências individuais.
O conto inicia-se com uma cena corriqueira e significativa:
“Uma tal expressão de infelicidade por si só bastava para o nobre rosto da mulher-insignificante sem aquele olhar, com ele quase um símbolo do destino humano. A vida é o que se vê nos olhos das pessoas; a vida é o que elas aprendem e, depois que o aprenderam, jamais, embora procurem escondê-lo, deixarão de estar cientes- de que? De que, parece, a vida é assim. Cinco rostos frente a frente- cinco rostos maduros- e em cada rosto a consciência. Estranho, porém, como desejam dissimulá-la! Há sinais de reticência em todos os rostos: lábios cerrados, olhos sombrios, cada uma das cinco pessoas faz alguma coisa para esconder ou anular a consciência. Uma fuma; outra lê; as terceira verifica notas num livro de bolso; a quarta fita o mapa do trajeto no painel em frente; e a quinta – o mais terrível a respeito da quinta é que não faz absolutamente nada. Ela olha a vida. Ah, mas minha pobre e infeliz mulher, participe do jogo-por nossa causa dissimule!”
(Virginia Woolf. Um Romance não escrito in Uma casa Assombrada/tradução de Jose Antônio Arantes. RJ: Nova Fronteira, 1984, p. 15 )
COTIDIANA UTOPIA
Seduzido
Por um perfume distante
De dia novo
Deixo para trás
Posses perdidas,
Paisagens e dores
Para explorar horizontes virgens.
Dou adeus a antiga casa,
A roupa rota
E aos silêncios da vida.
Mendigo de risos
Acompanho uma esperança
Com a inocência de crianças.
Mas tudo,
Eu sei,
Não é mais que um sonho
Do qual em, segundos
Despertarei.
Por um perfume distante
De dia novo
Deixo para trás
Posses perdidas,
Paisagens e dores
Para explorar horizontes virgens.
Dou adeus a antiga casa,
A roupa rota
E aos silêncios da vida.
Mendigo de risos
Acompanho uma esperança
Com a inocência de crianças.
Mas tudo,
Eu sei,
Não é mais que um sonho
Do qual em, segundos
Despertarei.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
MULTIDÃO
Toda emoção se fez
De repente
Vaga percepção
Das coisas em profusão,
Parcial realização
Do entremecimento da vida
Diante do mundo.
O tempo sustenta a existência
Precariamente.
Quase me vejo em silêncio
Inerte no fluxo da multidão.
Tudo é puro e difuso
Sentimento
Sem objetos, objetivos
Ou futuro...
De repente
Vaga percepção
Das coisas em profusão,
Parcial realização
Do entremecimento da vida
Diante do mundo.
O tempo sustenta a existência
Precariamente.
Quase me vejo em silêncio
Inerte no fluxo da multidão.
Tudo é puro e difuso
Sentimento
Sem objetos, objetivos
Ou futuro...
CRONICA RELÂMPAGO LV
As mudanças e pormenores dos dias passados invadem o momento apagando o presente. Considero todas as possibilidades perdidas em minhas irrefletidas escolhas de ocasião. Percebo que me tornei o incômodo silêncio de apagadas oportunidades somadas.
Assombra-me o fantasma do outro sepultado em meus atos. Mas sei que sou quem deveria ser na virtual paisagem de infinitas alternativas. Sei que me tornei em cada passo de tempo o que de alguma forma sempre fui...
Assombra-me o fantasma do outro sepultado em meus atos. Mas sei que sou quem deveria ser na virtual paisagem de infinitas alternativas. Sei que me tornei em cada passo de tempo o que de alguma forma sempre fui...
terça-feira, 2 de junho de 2009
CRÔNICA RELÂMPAGO LIV
Respiro uma manhã corriqueira sem grandes planos ou projetos de dia. Tudo corre em rotinas, vãs expectativas e incertezas de futuros que talvez jamais existam como o melhor presente possível de mim mesmo.
Apenas me perderei daqui a pouco na paisagem urbana cumprindo ritos banais de existência indiferente a mim mesmo e diluído entre os outros.
Ao fim do dia voltarei ao ponto de partida, mergulharei no privado da existência comum sem perceber em minha face o consolo de um rosto. Surpreenderei em mim apenas minha auto imagem de fantasia a dizer o ínfimo ponto de oceano humano que involuntariamente sou.
Apenas me perderei daqui a pouco na paisagem urbana cumprindo ritos banais de existência indiferente a mim mesmo e diluído entre os outros.
Ao fim do dia voltarei ao ponto de partida, mergulharei no privado da existência comum sem perceber em minha face o consolo de um rosto. Surpreenderei em mim apenas minha auto imagem de fantasia a dizer o ínfimo ponto de oceano humano que involuntariamente sou.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
MINUTE
Vejo vazios
Correndo sob o céu estrelado
No corpo do vento,
Transmutando espaços
Na falsa melancolia
Dos silêncios.
Um deserto rebelado
Percorre o frio da noite
Dentro de mim.
Ofereço ao nada
Palavras de sono
Sondando os sentimentos
Vivos
Da madrugada aberta
In a minute...
Correndo sob o céu estrelado
No corpo do vento,
Transmutando espaços
Na falsa melancolia
Dos silêncios.
Um deserto rebelado
Percorre o frio da noite
Dentro de mim.
Ofereço ao nada
Palavras de sono
Sondando os sentimentos
Vivos
Da madrugada aberta
In a minute...
domingo, 31 de maio de 2009
CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL E INDIVIDUAÇÃO
A consciência individual é uma conquista recente no longo e tortuoso percurso da espécie humana. Em que pese antecedentes no séc. XII e a partir do chamado Renascimento da cultura ocidental dos séc. XIV e XV, sua maturação deu-se plenamente apenas na época moderna, quando a civilização industrial de fins do séc. XIX e inicio do séc. XX estabeleceu as condições propícias ao seu pleno florescimento. Ou seja, o relativo deslocamento das tradições e costumes nas vertigens do novo e complexo cenário urbano, evidenciado principalmente através das artes e novas estéticas, a diluição da consciência coletiva com o advento da sociedade de massa e conseqüente atomização do indivíduo e, principalmente, o questionamento radical da metafísica idéia de verdade como principio cognitivo assentado na ilusão de uma correspondência natural entre as palavras e as coisas. Sem isso não seria possível imaginar a autonomia da consciência individual como um paradoxo entre o singular e o universal da espécie humana.
Nietzsche foi um dos primeiros pensadores a deparar-se com o problema vislumbrando na fantasia do super-homem o caminho de uma possivel individuação futura mediante a reviravolta de todos os valores. Devemos a ele a superação da equivocada associação simples entre consciência individual e individuação, entre a necessidade de comunicação sob a qual se assenta a consciência e a individualidade/singularidade propriamente dita como expressão mais radical do fenômeno humano inconsciente.
Recorrendo a um de seus aforismas em A GAIA CIÊNCIA, intitulado “Do ‘gênio da espécie’ ” ofereço algumas fragmentárias provocações sobre o tema que curiosamente remetem a noção de inconsciente enquanto “psique objetiva” para usar uma terminologia utilizada algumas vezes por C G Jung:
“... Para que então consciência, quando no essencial é supérflua?Bem, se querem dar ouvidos à minha resposta a essa pergunta e a sua conjectura talvez extravagante, parece-me que a sua sutileza e a força da consciência estão sempre relacionadas à capacidade de comunicação de uma pessoa ou animal ( ou animal), e a capacidade de comunicação, por sua vez, a necessidade de comunicação: mas não, entenda-se, que precisamente o indivíduo mesmo, que é mestre justamente em comunicar e tornar compreensíveis suas necessidades, também seja aquele em que suas necessidades mais tivesse de recorrer aos outros.
(...)
O ser humano, como toda criatura viva, pensa continuamente, mas não o sabe; o pensar que se torna consciente é apenas a parte menor, a mais superficial, a pior, digamos:- pois apenas esse pensar consciente ocorre em palavras, ou seja, em signos de comunicação, com o que se revela a origem da própria consciência. Em suma, o desenvolvimento da linguagem e o desenvolvimento da consciência ( não da razão, mas apenas do tomar- consciência- de-si da razão) andam lado a lado. Acrescente-se que não só a linguagem serve de ponte entre um ser humano e outro, mas também o olhar, o toque, o gesto; o tomar-consciência das impressões de nossos sentidos em nós, a capacidade de fixá-las e como que situa-las fora de nós, cresceu na medida em que aumentou a necessidade de transmiti-las a outros por meio de signos. O homem inventor de signos é, ao mesmo tempo, o homem cada vez mais consciente de si; apenas como animal social o homem aprendeu a tomar consciência de si- ele o faz ainda, ele o faz cada vez mais- Meu pensamento, como se vê, é que a consciência não faz parte realmente da existência individual do ser humano, mas antes daquilo que nele é natureza comunitária e gregária; que, em conseqüência, apenas em ligação com a utilidade comunitária e gregária ela se desenvolveu sutilmente, e que, portanto, cada um de nós, com toda a vontade que tenha de entender a si próprio da maneira mais individual possível, de “conhecer a si mesmo”, sempre trás a consciência justamente o que não possui de individual, o que nele é “ médio”- que nosso pensamento mesmo é continuamente suplantado, digamos, pelo caráter da consciência- pelo “gênio da espécie” que nela domina- e traduzido de volta para perspectiva gregária.”
(Friedrich Nietzsche. A Gaia Ciência/ tradução, notas e posfácio de Paulo Cezar de Souza. SP: Companhia das Letras,2001,p. 249-250)
Nietzsche foi um dos primeiros pensadores a deparar-se com o problema vislumbrando na fantasia do super-homem o caminho de uma possivel individuação futura mediante a reviravolta de todos os valores. Devemos a ele a superação da equivocada associação simples entre consciência individual e individuação, entre a necessidade de comunicação sob a qual se assenta a consciência e a individualidade/singularidade propriamente dita como expressão mais radical do fenômeno humano inconsciente.
Recorrendo a um de seus aforismas em A GAIA CIÊNCIA, intitulado “Do ‘gênio da espécie’ ” ofereço algumas fragmentárias provocações sobre o tema que curiosamente remetem a noção de inconsciente enquanto “psique objetiva” para usar uma terminologia utilizada algumas vezes por C G Jung:
“... Para que então consciência, quando no essencial é supérflua?Bem, se querem dar ouvidos à minha resposta a essa pergunta e a sua conjectura talvez extravagante, parece-me que a sua sutileza e a força da consciência estão sempre relacionadas à capacidade de comunicação de uma pessoa ou animal ( ou animal), e a capacidade de comunicação, por sua vez, a necessidade de comunicação: mas não, entenda-se, que precisamente o indivíduo mesmo, que é mestre justamente em comunicar e tornar compreensíveis suas necessidades, também seja aquele em que suas necessidades mais tivesse de recorrer aos outros.
(...)
O ser humano, como toda criatura viva, pensa continuamente, mas não o sabe; o pensar que se torna consciente é apenas a parte menor, a mais superficial, a pior, digamos:- pois apenas esse pensar consciente ocorre em palavras, ou seja, em signos de comunicação, com o que se revela a origem da própria consciência. Em suma, o desenvolvimento da linguagem e o desenvolvimento da consciência ( não da razão, mas apenas do tomar- consciência- de-si da razão) andam lado a lado. Acrescente-se que não só a linguagem serve de ponte entre um ser humano e outro, mas também o olhar, o toque, o gesto; o tomar-consciência das impressões de nossos sentidos em nós, a capacidade de fixá-las e como que situa-las fora de nós, cresceu na medida em que aumentou a necessidade de transmiti-las a outros por meio de signos. O homem inventor de signos é, ao mesmo tempo, o homem cada vez mais consciente de si; apenas como animal social o homem aprendeu a tomar consciência de si- ele o faz ainda, ele o faz cada vez mais- Meu pensamento, como se vê, é que a consciência não faz parte realmente da existência individual do ser humano, mas antes daquilo que nele é natureza comunitária e gregária; que, em conseqüência, apenas em ligação com a utilidade comunitária e gregária ela se desenvolveu sutilmente, e que, portanto, cada um de nós, com toda a vontade que tenha de entender a si próprio da maneira mais individual possível, de “conhecer a si mesmo”, sempre trás a consciência justamente o que não possui de individual, o que nele é “ médio”- que nosso pensamento mesmo é continuamente suplantado, digamos, pelo caráter da consciência- pelo “gênio da espécie” que nela domina- e traduzido de volta para perspectiva gregária.”
(Friedrich Nietzsche. A Gaia Ciência/ tradução, notas e posfácio de Paulo Cezar de Souza. SP: Companhia das Letras,2001,p. 249-250)
150 ANOS DE BIG BEN
O big ben, o fabuloso sino fundido por George Mears em 1858, medindo quase 3 metros de diâmetro e pesando 13, 5 toneladas, instalado na Tower Clock do Palácio de Westminster, na sede do parlamento britânico, completa hoje 150 anos. Seu apelido deve-se a uma referência a Benjamin Hall, ministro de Obras Públicas da Inglaterra na ocasião de sua instalação e sarcasticamente apelidado por big ben por sua grande estatura.
Superando as criticas iniciais associadas a reconstrução do palácio de Westminster original, destruído por um incêndio em 1834, tornou-se o sino um monumento e simbolo do novo mundo inaugurado pela revolução industrial, e um dos mais simpáticos icones da civilização ocidental e dos esteriotipos construidos em torno da cultura britânica.
Dedicar-lhe algumas palavras pode parecer pueril, mas não quando consideramos que, 150 anos depois de sua instalação, ele ainda provoca o imaginário coletivo. Pessoalmente o considero quase um fetiche associado a incômoda consciência do tempo que passa. É como se suas solenes badaladas remetessem a finitude e fragilidade da vida em contraste com as permanencias das coisas inanimadas por uma quase eternidade...
Sobre o assunto, uma visita ao site do parlamento britânico pode ser bastante interessante:
http://www.bigben.parliament.uk/,
Superando as criticas iniciais associadas a reconstrução do palácio de Westminster original, destruído por um incêndio em 1834, tornou-se o sino um monumento e simbolo do novo mundo inaugurado pela revolução industrial, e um dos mais simpáticos icones da civilização ocidental e dos esteriotipos construidos em torno da cultura britânica.
Dedicar-lhe algumas palavras pode parecer pueril, mas não quando consideramos que, 150 anos depois de sua instalação, ele ainda provoca o imaginário coletivo. Pessoalmente o considero quase um fetiche associado a incômoda consciência do tempo que passa. É como se suas solenes badaladas remetessem a finitude e fragilidade da vida em contraste com as permanencias das coisas inanimadas por uma quase eternidade...
Sobre o assunto, uma visita ao site do parlamento britânico pode ser bastante interessante:
http://www.bigben.parliament.uk/,
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