sexta-feira, 10 de abril de 2009

MONTY PYTHON: A VIDA DE BRIAN


Lançada em 1979 LIVE OF BRIAN, segundo filme wado grupo de comediantes britânicos Monty Python ainda hoje é a única comédia bíblica de toda a historia do cinema. Trata-se na verdade de uma inteligente e divertida critica a difusão do messianismo cristão e uma sátira mordaz as clássicas adaptações wollywoodianas de temas bíblicos.
Brian Cohen ( Gaham Chapman) é um relutante candidato a messias na Judéia do ano 33 DC, onde o Império Romano procura manter alguma ordem em meio ao caos, miséria, movimentos messiânicos, profetas delirantes e atos de crucificação.
Para mim, particularmente, o melhor momento desta singular e hilariante comedia é seu final, ou mais precisamente a crucificação de Brian após uma série de reveses e peripécias. O tema musical que acompanha a cena é certamente uma das mais preciosas amostras do humor corrosivo e irreverente do Monty Python e, porque não dizer, uma verdadeira filosofia de vida...


ALWAYS LOOK ON THE LIGHT SIDE OF LIFE


Some things in life are bad

They can really make you mad

Other things just make you swear and curse

When you're chewing on life's gristle

Don't grumble, give a whistle

And this'll help things turn out for the best...

And... ...always look on the bright side of life...

(Whistle)

Always look on the light side of life...

(Whistle)

If life seems jolly rotten

There's something you've forgotten

And that's to laugh and smile and dance and sing

When you're feeling in the dumps

Don't be silly chumps

Just purse your lips and whistle - that's the thing.

And...always look on the bright side of life...

(Whistle)

Come on. Always look on the bright side of life...

(Whistle)

For life is quite absurd

And death's the final word

You must always face the curtain with a bow

Forget about your sin - give the audience a grin

Enjoy it - it's your

last chance anyhow.

So always look on the bright side of death

Just before you draw your terminal breath

Life's a piece of shit

When you look at it

Life's a laugh and death's a joke it's true

You'll see it's all a show

Keep 'em laughing as you go

Just remember that the last laugh is on you

And always look on the bright side of life...

(Whistle)

Always look on the bright side of life...

(Whistle)

Come on guys, cheer up.

Always look on the bright side of life...

Always look on the bright side of life...

Worse things happen at sea you know.

Always look on the bright side of life...

I mean - what have you got to lose?

You know, you come from nothing - you're going back to nothing.

What have you lost?

Nothing.

Always look on the bright side of life...


(Esta letra foi retirada do site www.letrasdemusicas.com.br )



quinta-feira, 9 de abril de 2009

LIVRES ESPECULAÇÕES EM TORNO DE GEORGE HARRISON


A devoção de George Harrison, “the quiet Beatle" ao hinduismo nos fins dos anos 60 do ultimo século, influenciou decisivamente a musicalidade e entrada dos Beatles na maturidade tanto quanto contribuiu para a assimilação da cultura oriental pelo ocidente em um momento de profundos questionamentos identidários e culturais para os quais o rock era uma linguagem, uma forma privilegiada de expressão. Talvez este seja o principal legado do individuo singular que foi George...
Definitivamente, o mais discreto e introspectivo dentre os Beatles também foi o mais sofisticado e complexo poeticamente. Uma canção aparentemente simples como Here Comes the sun ( 1969), por exemplo, não fala poeticamente do amanhecer, mas desnuda o caráter ilusório de nossas percepções contraposta a imagem da luz interior e exterior personificada pelo nascer sol. É uma “canção mito” de momentos de transformações, mudanças e descobertas.
Mas é sabido que, ao contrário de John Lennon, George era um pouco cético com relação ao poder da linguagem como meio de expressão. Arrisco-me a afirmar que, para ele, as questões e experiências mais importantes da vida não poderiam ser traduzidas convenientemente em palavras, pois a essência da condição humana é inefável e indefinível em termos racionais. Gosto de pensar como um exemplo desta ousada hipótese a clássica canção Something (1969). A letra não nos oferece qualquer definição do amor, apenas especula em devaneio sobre “aquela coisa” que existe no modo de se mover de uma determinada mulher que, sabe-se lá porque, atrai o narrador e a torna única para ele. O amor é aqui apenas “aquela coisa” indefinível, aquela magia sem nome que conduz um homem a uma determinada mulher. No fundo o amor é realmente apenas isso no alem de conceitos e abstratas valorações inúteis.


Something
By George Harrison

Something in the way she moves

Attracts me like no other lover

Something in the way she woos me


I don't want to leave her now

You know I believe and how


Somewhere in her smile she knows

That I don't need no other lover

Something in her style that shows me


I don't want to leave her now

You know I believe and how


You're asking me will my love grow

I don't know, I don't know

You stick around now it may show

I don't know, I don't know


Something in the way she knows

And all I have to do is think of her

Something in the things she shows me


I don't want to leave her now

You know I believe and how

TO BE...


Queria poder ser
Todos os rostos
E almas que já tive,
Viver alguma esquizofrenia
De vento de consciência.

Queria saber as coisas
Em todas as variáveis possíveis
De mim mesmo,
Atingindo o saber absoluto
De um eu em frenesi
E mergulho.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

MATRIX: 10 ANOS DEPOIS...


No último dia 31 de março comemorou-se os dez anos de lançamento do primeiro filme da triologia Matrix, escrito e dirigido pelos irmãos Andy e Larry Wachowski e contando no elenco com nomes de preso como Keanu Reeves, Lawrence Fishburne e Carrie Anne Moss.
Ganhador de quatro Oscars: efeitos visuais, efeitos sonoros, edição e som, o filme é ainda hoje cultuado e considerado um marco cinematográfico por ter criado uma linguagem e uma estética nova nitidamente impactante sobre a maioria dos filmes de ação e ficção cientifica que lhes sucederam.
O roteiro de Matrix, por si só, é surpreendentemente original. O programador Thomas Handerson (Keanu Reeves), que a noite é o hacker Neo, obcecado por descobrir o significado de uma lenda virtual: a Matrix, é contactado por Morpheu (Lawrnce Fishburne) e seu grupo de “foras da lei”. Através dele Neo descobre a aterradora verdade: O mundo real não existe, é a Matrix, uma realidade virtual criada e mantida por inteligências artificiais que após um confronto apocalíptico com a humaniodade passaram a dominar a terra convertendo humano a meras fontes de energia para o sustento de seu admirável mundo novo.Fora de Matrix, os poucos humanos que se libertaram do domínio das máquinas lutam pela liberdade defendendo arduamente a cidade subterrânea de Sião, ultimo reduto da humanidade livre.
Projetada em um futuro impreciso, a trama remete a temas como crença, livre arbítrio, amor, evolução, progresso e controle social. Entretanto, uma compreensão mais profunda desta bela peça cinematográfica pressupõe a apreensão de seu implícito diálogo com as formulações do filosofo francês Jean Baudrillard. Autor controvertido e critico radical da modernidade. É possível estabelecer paralelos surpreendentes e reflexivos entre o deserto do real de Matrix e a cultura do simulacro e o virtual na óptica de Baudrillard como demonstra claramente o seguinte fragmento que nos conduz “a toca do coelho”:

“ ... Mas é preciso que se diga que esta expressão, “realidade virtual”, é um verdadeiro oxímoro. Não estamos mais na boa e velha acepção filosófica em que o virtual era o que estava destinado a torna-se ato, e em que se instaurava uma dialética entre as duas noções. Agora, o virtual é o que esta no lugar do real, é mesmo sua solução final na medida em que efetiva o mundo em sua realidade definitiva e, ao mesmo tempo, assinala sua dissolução.
Chegando a esse ponto, é o virtual que nos pensa: não há mais necessidade de um sujeito do pensamento, de um sujeito da ação, tudo se passa pelo viés de mediações tecnológicas. Mas será que o virtual é o que põe fim, definitivamente, a um mundo do real e do jogo, ou ele faz parte de uma experimentação com a qual estamos jogando? Será que não estamos representando a comédia do virtual, com um toque de ironia, como na comédia do poder? Essa imensa instalação da virtualidade, essa performance no sentido artístico, não é ela, no fundo, uma nova cena, em que operadores substituíram os atores? Ela não deveria, então, ser mais digna de crença que qualquer outra organização ideológica. Hipótese que não deixa de ser tranqüilizante: no final das contas tudo isso não seria muito sério, e a exterminação da realidade não seria, em absoluto, algo incontestável.
Mas, no momento em que nosso mundo efetivamente inventa para si mesmo seu duplo virtual, é preciso ver que isto é a realização de uma tendência que se iniciou há bastante tempo. A realidade, como sabemos, não existiu desde sempre. Só se fala dela a partir do momento em que há uma racionalidade para dizê-la, parâmetros que permitem representá-la por signos codificados e descodificados.
(...)
Existe atualmente uma verdadeira fascinação pelo virtual e todas as suas tecnologias. Se ele é verdadeiramente um modo de desaparecer, esta seria uma escolha- obscura, mas deliberada- da própria espécie: a de se clonar, corpo e bens, em um outro universo, de desaparecer enquanto espécie humana propriamente dita para perpetuar-se em uma espécie artificial que teria atributos muito mais performáticos, muito mais operacionais. Será que é nisso que se aposta?”

Jean Baudrillard. Senhas. Tradução de Maria Helena Kuhner. RJ: Difel, 2001, p. 42-44.

LITERATURA INGLESA XLI


Muitos consideram Francis Bacon pelos seus escritos filosóficos o pai da ciência moderna, embora não lhe seja atribuída qualquer invenção ou descoberta original. Sem entrar neste mérito, ocupar-me-ei aqui exclusivamente de sua Nova Atlântica, obra escrita em seus últimos anos de vida e publicada postumamente em 1627.
Embora a referência ao continente perdido de Atlântica seja uma clara referência a Platão, o estado imaginário apresentado por Bacon é em todos os sentidos antagônico a República de Platão. Nele não encontramos, e nisso se Difere também da Utopia de Morus, nenhuma descrição de uma organização social ou econômica hipoteticamente perfeita como contraponto de uma realidade concreta. Sua Nova Atlântica é uma alegoria para as possibilidades abertas pelo conhecimento cientifico. Justamente por isso, a Nova Atlântica é formatada pelo domínio da natureza através da técnica e da ciência fomentada pela sua instituição central e nuclear, a “ Casa de Salomão”, onde vivem e trabalham seus sábios em cotidiana luta contra a natureza e pelo progresso de sua sociedade fundamentada no que para época poderíamos chamar não muito propriamente de tecnologia.
Esta peculiar utopia baconiana expressa uma imagem de ciência empírica e autônoma frente aos outros campos do fazer coletivo humano anunciando o advento do Homo Faber como imagem vital a época moderno que então se iniciava sob a inspiração renascentista.
Justifica-se, entretanto, este breve comentário à obra, não pelo lugar e importância do autor na historia dos saberes científicos, mas pelo fato de Nova Atlântica, pelo seu estilo literário, ser considerada por muitos um clássico da literatura inglesa, cuja imagética e caráter fantástico, aproximar-se de certa forma a literatura de Daniel Defoe e Jonathan Swift. Mas tal encontro entre literatura e ciência nos primórdios da modernidade é deveras sugestivo...

domingo, 5 de abril de 2009

APOSTA

Joguei fora
Algumas palavras
De tédio
Na avenida aberta
De um crepúsculo de semana.

Esperava,
Admito,
Qualquer resposta
De acaso
Por invisíveis princípios esculpida
Entre fatos aleatórtios.

Esperava,
Qualquer coisa viva,
Qualquer inútil acontecimento
Que me levasse embora
A alma e o tédio.

ROCK E POS MODERNIDADE: DIALOGOS...




Para afirmação da relevância do rock and roll como objeto de pesquisas historiográficas e olhares mais apurados no campo das sensibilidades subjetivas e configurações cognitivas contemporâneas, creio ser muito apropriado reproduzir aqui um fragmento de CULTURA PÓS MODERNA: INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DO CONTEMPORÂNEO de Steven Connor sobre cultura popular:


“Os últimos anos viram uma explosão de interesse por toda uma gama de textos e práticas culturais antes desdenhados pela critica acadêmica ou invisíveis a ela. Os críticos culturais contemporâneos, seguindo o inspirador caminho aberto por Richard Hoggart, Raymond Willians, Roland Barthes e Stuard Hall, tomam como tópico o esporte, a moda, os estilos de cabelo, as compras, os jogos e os rituais sociais, e passam a empregar nessas áreas, sem nenhum pudor, o mesmo grau de sofisticação teórica que empregariam com um artefato da alta cultura. De certo modo, isso constitui em si um fenômeno pós moderno, por ser a marca do nivelamento de hierarquias e do apagamento de fronteiras, efeito da explosão do campo da cultura descrita por Jamenson, na qual a cultura, o social e o econômico deixam de ser facilmente distinguíveis um dos outros.
Muitas dessas formas e práticas culturais contribuem-se a qualidade de elementos representativamente pós modernos em si, embora possam ser formas e práticas que nunca passaram por alguma fase modernista reconhecível. Essas formas, ao que parecem, não necessitam de legitimação da teoria pós moderna para gozarem da sua condição pós moderna. Mas isso não quer dizer que não haja formas significativas de transferência e de paralelo entre outros tipos de teoria cultural pós moderna. Na cultura popular, como em, outros campos, a condição pós moderna não é um conjunto de sintomas simplesmente presentes num corpo de evidência sociológica e textual, mas um complexo efeito do relacionamento entre prática social e a teoria que organiza, interpreta e legitima as suas manifestações.

ROCK

De certo modo, para falar a verdade, o rock como forma cultural especifica só pode ser chamado de pós moderno por analogia. Pode-se alegar que o rock passou por uma acelerada genealogia interna que imita, ou pode ser entendida como imitando, narrativas de emergência da sensibilidade pós moderna em outras áreas culturais. Frederic Jamenson chega perto disso ao apresentar os Beatles e os Rolling Stones como o “grande momento modernista” do rock. A espécie de narrativa que isso implica poderia ser: depois de sua rebelde ressurreição nos anos 60, o rock foi canonizado e assimilado pela industria cultural nos anos 70, embora os seus mais avançados representantes parecessem estar explorando estilos experimentais ou paródias desses estilos associados com a estética de vanguarda contemporânea; isso produziu um amálgama contraditório mas, discutivelmente “modernista” do experimental, e do institucionalmente incorporado. A isso se seguiu, no final dos anos 70, a musica punk e new have, associada com grupos como The Clash, The Sex Pistols e outros, que pretendiam purificar o “o rock de estádio” aristocrata que se desenvolvera através do retorno às energias e à origem primais do rock nas experiências de jovens descontentes da classe trabalhadora.”

Steven Connor. Cultura Pos Moderna: Introdução às teorias do contemporâneo.lSP: Edições Loyola, 4? Ed, 2000, p.149-150

BIOMAGIA


Não sei o principio
Do dia,
O ponto cego
Onde se escondem
Os nomes das horas
Ou os números
Que definem o tempo.

Sei apenas
A intuição de um grande
Silêncio,
De um puro vazio
A preencher o pouco
De cada coisa
No acontecer mágico
Da vida.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

TEST PAPER

Há tempos
De sonho e espera
Entre ceticismos.

Faço do mundo labirinto
Em busca de sobras
Do meu próprio intimo
Na súbita reconstrução
Do meu particular infinito.

No saber do mundo
Em viver de mil coisas
Entre falsos gritos
Recolho-me em expectativas de azul
Buscando rublos espetáculos de futuro.

You reap what you sow...

terça-feira, 31 de março de 2009

CRÔNICA RELÂMPAGO XLVIII


Os primeiros momentos do despertar de cada manhã são definidos por uma involuntária constelação de idéias sobre o que nos espera no dia que se inicia. Talvez este momento seja um dos mais banais e decisivos cotidianos exercícios de memória. Em nossos primeiros pensamentos matinais podemos lamentar a rotina e a impossibilidade de mais algumas horas de sono, correr ansiosos de encontro aos fatos em expectativa de novidades ou pequenos prazeres ou ainda, simplesmente, cumprir mecanicamente os ritos do despertar enfadados com nossas realidades vividas.
Em todos esses casos predomina um irrefletido otimismo que nos leva a crer que nada irá nos desviar do curso do previsível, como se fosse possível domesticar o acaso.
Evidentemente, apesar de nossos “sentimentos de ordem”, a existência e um processo complexo, mutável e imprevisível regido por incertezas, algo impermeável a nossas teleologias e sentidos.
Em poucas palavras, a existência é um desafio que se renova a cada nova manhã, um desafio diante do qual resposta alguma mostra-se satisfatória em alguma dose de niilismo e duvida.
Afinal, até que ponto realmente existimos?