domingo, 5 de abril de 2009

ROCK E POS MODERNIDADE: DIALOGOS...




Para afirmação da relevância do rock and roll como objeto de pesquisas historiográficas e olhares mais apurados no campo das sensibilidades subjetivas e configurações cognitivas contemporâneas, creio ser muito apropriado reproduzir aqui um fragmento de CULTURA PÓS MODERNA: INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DO CONTEMPORÂNEO de Steven Connor sobre cultura popular:


“Os últimos anos viram uma explosão de interesse por toda uma gama de textos e práticas culturais antes desdenhados pela critica acadêmica ou invisíveis a ela. Os críticos culturais contemporâneos, seguindo o inspirador caminho aberto por Richard Hoggart, Raymond Willians, Roland Barthes e Stuard Hall, tomam como tópico o esporte, a moda, os estilos de cabelo, as compras, os jogos e os rituais sociais, e passam a empregar nessas áreas, sem nenhum pudor, o mesmo grau de sofisticação teórica que empregariam com um artefato da alta cultura. De certo modo, isso constitui em si um fenômeno pós moderno, por ser a marca do nivelamento de hierarquias e do apagamento de fronteiras, efeito da explosão do campo da cultura descrita por Jamenson, na qual a cultura, o social e o econômico deixam de ser facilmente distinguíveis um dos outros.
Muitas dessas formas e práticas culturais contribuem-se a qualidade de elementos representativamente pós modernos em si, embora possam ser formas e práticas que nunca passaram por alguma fase modernista reconhecível. Essas formas, ao que parecem, não necessitam de legitimação da teoria pós moderna para gozarem da sua condição pós moderna. Mas isso não quer dizer que não haja formas significativas de transferência e de paralelo entre outros tipos de teoria cultural pós moderna. Na cultura popular, como em, outros campos, a condição pós moderna não é um conjunto de sintomas simplesmente presentes num corpo de evidência sociológica e textual, mas um complexo efeito do relacionamento entre prática social e a teoria que organiza, interpreta e legitima as suas manifestações.

ROCK

De certo modo, para falar a verdade, o rock como forma cultural especifica só pode ser chamado de pós moderno por analogia. Pode-se alegar que o rock passou por uma acelerada genealogia interna que imita, ou pode ser entendida como imitando, narrativas de emergência da sensibilidade pós moderna em outras áreas culturais. Frederic Jamenson chega perto disso ao apresentar os Beatles e os Rolling Stones como o “grande momento modernista” do rock. A espécie de narrativa que isso implica poderia ser: depois de sua rebelde ressurreição nos anos 60, o rock foi canonizado e assimilado pela industria cultural nos anos 70, embora os seus mais avançados representantes parecessem estar explorando estilos experimentais ou paródias desses estilos associados com a estética de vanguarda contemporânea; isso produziu um amálgama contraditório mas, discutivelmente “modernista” do experimental, e do institucionalmente incorporado. A isso se seguiu, no final dos anos 70, a musica punk e new have, associada com grupos como The Clash, The Sex Pistols e outros, que pretendiam purificar o “o rock de estádio” aristocrata que se desenvolvera através do retorno às energias e à origem primais do rock nas experiências de jovens descontentes da classe trabalhadora.”

Steven Connor. Cultura Pos Moderna: Introdução às teorias do contemporâneo.lSP: Edições Loyola, 4? Ed, 2000, p.149-150

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