quarta-feira, 8 de abril de 2009

LITERATURA INGLESA XLI


Muitos consideram Francis Bacon pelos seus escritos filosóficos o pai da ciência moderna, embora não lhe seja atribuída qualquer invenção ou descoberta original. Sem entrar neste mérito, ocupar-me-ei aqui exclusivamente de sua Nova Atlântica, obra escrita em seus últimos anos de vida e publicada postumamente em 1627.
Embora a referência ao continente perdido de Atlântica seja uma clara referência a Platão, o estado imaginário apresentado por Bacon é em todos os sentidos antagônico a República de Platão. Nele não encontramos, e nisso se Difere também da Utopia de Morus, nenhuma descrição de uma organização social ou econômica hipoteticamente perfeita como contraponto de uma realidade concreta. Sua Nova Atlântica é uma alegoria para as possibilidades abertas pelo conhecimento cientifico. Justamente por isso, a Nova Atlântica é formatada pelo domínio da natureza através da técnica e da ciência fomentada pela sua instituição central e nuclear, a “ Casa de Salomão”, onde vivem e trabalham seus sábios em cotidiana luta contra a natureza e pelo progresso de sua sociedade fundamentada no que para época poderíamos chamar não muito propriamente de tecnologia.
Esta peculiar utopia baconiana expressa uma imagem de ciência empírica e autônoma frente aos outros campos do fazer coletivo humano anunciando o advento do Homo Faber como imagem vital a época moderno que então se iniciava sob a inspiração renascentista.
Justifica-se, entretanto, este breve comentário à obra, não pelo lugar e importância do autor na historia dos saberes científicos, mas pelo fato de Nova Atlântica, pelo seu estilo literário, ser considerada por muitos um clássico da literatura inglesa, cuja imagética e caráter fantástico, aproximar-se de certa forma a literatura de Daniel Defoe e Jonathan Swift. Mas tal encontro entre literatura e ciência nos primórdios da modernidade é deveras sugestivo...

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