Atravesso o dia
Deitado no colo
De uma musica,
em sentimentos...
Sem saber do mundo em volta.
Ouço apenas a vida,
A alma das coisas
Em intimo ritmo
De existência.
Tudo se faz melodia nervosa
A espalhar movimento e forma,
Espelhar sentimentos de tempos sem tempo
Em um mundo fechado e aberto
Nas vibrações e mistérios de sons e sentidos
Simplesmente, ritmos de uma estranha melodia...
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
CRONICA RELAMPAGO XLII
"A cada etapa da vida do homem corresponde uma certa Filosofia. A criança apresenta-se como um realista, já que está tão convicta da existência da peras e das maçãs como da sua. O adolescente, perturbado por paixões interiores, tem que dar maior atenção a si mesmo, tem que se experimentar antes de experimentar as coisas, e transforma-se protanto num idealista. O homem adulto, pelo contrário, tem todos os motivos para ser um céptico, já que é sempre útil pôr em dúvida os meios que se escolhem para atingir os objectivos. Dito de outro modo, o adulto tem toda a vantagem em manter a flexibilidade do entendimento, antes da acção e no decurso da acção, para não ter que se arrepender posteriormente dos erros de escolha. Quanto ao ancião, converter-se-á necessariamente ao misticismo, porque olha à sua volta e as mais das coisas lhe parecem depender apenas do acaso: o irracional triunfa, o racional fracassa, a felicidade e a infelicidade andam a par sem se perceber porquê. É assim e assim foi sempre, dirá ele, e esta última etapa da vida encontra a calmaria na contemplação do que existe, do que existiu e do que virá a existir.
Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões"
Hoje em dia percebo, nestes tempos de quase quarenta anos, o quanto mudei, ou tudo para mim mudou no sentimento de todas as coisas. Talvez já não me envolva tão profundamente com o mundo e com as pessoas como antigamente e tenha perdido o encanto subjetivo que nos conduz a irracionais pertencimentos a rotinas e pessoas.
O fato é que atualmente quase não sei do mundo nos labirintos de mim mesmo e minha única verdade é o pragmatismo de seguir em frente em busca de qualquer outra coisa alem do mero presente.
Mas não sei dizer se o passar dos anos me fez mais realista ou vazio, introspectivo, ou pleno na busca de sentidos e significados, quando simplesmente aprendi que todos eles são relativos e a vida objetiva nos oferece apenas modestas e provisórias possibilidades de realização e certeza... A finitude hoje é meu único desafio e aprendizado de existência em ant-metafísico sentimento do tempo que passa...
Hoje em dia percebo, nestes tempos de quase quarenta anos, o quanto mudei, ou tudo para mim mudou no sentimento de todas as coisas. Talvez já não me envolva tão profundamente com o mundo e com as pessoas como antigamente e tenha perdido o encanto subjetivo que nos conduz a irracionais pertencimentos a rotinas e pessoas.
O fato é que atualmente quase não sei do mundo nos labirintos de mim mesmo e minha única verdade é o pragmatismo de seguir em frente em busca de qualquer outra coisa alem do mero presente.
Mas não sei dizer se o passar dos anos me fez mais realista ou vazio, introspectivo, ou pleno na busca de sentidos e significados, quando simplesmente aprendi que todos eles são relativos e a vida objetiva nos oferece apenas modestas e provisórias possibilidades de realização e certeza... A finitude hoje é meu único desafio e aprendizado de existência em ant-metafísico sentimento do tempo que passa...
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
ALMOÇO
domingo, 11 de janeiro de 2009
SAGRAÇÃO DO DESEJO
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
ACROOS THE UNIVERSE
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
APOLOGIA A PALAVRA
Nada é definitivamente mais humano que a palavra. No além do signo, da concretude da letra, ela é viva expressão d’alma, de sentidos e significados que nos arrastam em tempestades, emoções e pensamentos.
A palavra, no mais que si mesmo da gente, é sentimento das coisas e pessoas que configuram o mundo e estruturam nosso universo particular, aquela mínima moralia ou dimensão de gentes, objetos e realidades aos quais nos irmanamos eletivamente em afinidade estranha e irracional de dia a dia da vida. Amar a palavra é amar o humano e o meta humano, fazer de cada coisa e ser um interlocutor em um ato de subjetividade no qual descobrimos, construímos, desconstruimos, o próprio humano em nós em paradoxos... O que podemos ser fora dos diálogos, das buscas, certezas, decepções e, acima de tudo, movimento que a vida ensina alem dos conceitos e na abstração delirante do brincar com as palavras enquanto jogos mágicos de linguagem e imagens? Nada há de mais mortal, mais criativo....
A palavra, no mais que si mesmo da gente, é sentimento das coisas e pessoas que configuram o mundo e estruturam nosso universo particular, aquela mínima moralia ou dimensão de gentes, objetos e realidades aos quais nos irmanamos eletivamente em afinidade estranha e irracional de dia a dia da vida. Amar a palavra é amar o humano e o meta humano, fazer de cada coisa e ser um interlocutor em um ato de subjetividade no qual descobrimos, construímos, desconstruimos, o próprio humano em nós em paradoxos... O que podemos ser fora dos diálogos, das buscas, certezas, decepções e, acima de tudo, movimento que a vida ensina alem dos conceitos e na abstração delirante do brincar com as palavras enquanto jogos mágicos de linguagem e imagens? Nada há de mais mortal, mais criativo....
VIRGINIA WOOLF:OS ANOS
O tema central dos escritos de Virginia Woolf é invariavelmente o tempo que passa em nossas vidas... No caso de Os Anos (1937), romance em 11 episódios em, torno do dia a dia da família Pargiter, nos deparamos com um verdadeiro ensaio literário sobre a experiência cotidiana, sobre a complexa relação entre individuo e cultura coletiva ou sociedade. Considero este, seu livro mais elaborado e intensamente humano, um mergulho profundo nos fatos, no fluxo abstrato de consciência e sentimento de mundo que nos define o movimento da própria vida.
A estrutura narrativa articula-se naturalmente em anos: 1880, 1891, 1907, 1908, 1910, 1911, 1913, 1914, 1917,1918 que desembocam no conclusivo “ O dia de hoje”. O acumulo dos anos nos conduz assim ao tempo presente e sua vitalidade perene e quase onírica diante da qual nos auto questionamos: E agora?...
“Era um crepúsculo de verão. O sol se punha. O céu ainda azul tingia-se de dourado, como se tudo se cobrisse de um fino véu de gaze. Aqui e ali, na amplidão ouro e azul, pairavam ilhas de arminho em suspenso. Nos campos as árvores se erguiam majestosas e ricamente ataviadas por suas inumeráveis folhas. Viam-se ovelhas e vacas, cor de pérola ou malhadas, jacentes as mais das vezes ou passando através da relva translúcida. Tudo estava orlado de luz. E o pó vermelho que subia das estradas como um rolo de fumaça tinha também um corte de ouro. Até as pequenas casas de tijolo vermelho aparente à margem das estradas eram porosas, incandescentes de claridade, e as flores nos jardins dos cottages, lilás e róseas como vestidos de algodão, brilhavam e tinham veios como que iluminados por dentro. E os rostos das pessoas paradas às soleiras das portas ou flanando pelas calçadas mostravam o mesmo rubro fulgor, como se encarassem de frente o sol que aos poucos desaparecia.”
( Virginia Woolf. Os Anos/tradução de Raul de Sá Barbosa. RJ: Nova Fronteira, 1982, p.335 )
A estrutura narrativa articula-se naturalmente em anos: 1880, 1891, 1907, 1908, 1910, 1911, 1913, 1914, 1917,1918 que desembocam no conclusivo “ O dia de hoje”. O acumulo dos anos nos conduz assim ao tempo presente e sua vitalidade perene e quase onírica diante da qual nos auto questionamos: E agora?...
“Era um crepúsculo de verão. O sol se punha. O céu ainda azul tingia-se de dourado, como se tudo se cobrisse de um fino véu de gaze. Aqui e ali, na amplidão ouro e azul, pairavam ilhas de arminho em suspenso. Nos campos as árvores se erguiam majestosas e ricamente ataviadas por suas inumeráveis folhas. Viam-se ovelhas e vacas, cor de pérola ou malhadas, jacentes as mais das vezes ou passando através da relva translúcida. Tudo estava orlado de luz. E o pó vermelho que subia das estradas como um rolo de fumaça tinha também um corte de ouro. Até as pequenas casas de tijolo vermelho aparente à margem das estradas eram porosas, incandescentes de claridade, e as flores nos jardins dos cottages, lilás e róseas como vestidos de algodão, brilhavam e tinham veios como que iluminados por dentro. E os rostos das pessoas paradas às soleiras das portas ou flanando pelas calçadas mostravam o mesmo rubro fulgor, como se encarassem de frente o sol que aos poucos desaparecia.”
( Virginia Woolf. Os Anos/tradução de Raul de Sá Barbosa. RJ: Nova Fronteira, 1982, p.335 )
A UMA JANELA...
Uma fantasia
Me puxou a pouco
Pelo braço
Convidando a um passeio,
A um devaneio,
Pela paisagem
Urbana e anônima.
Por algum tempo
Esqueci o dia,
As calçadas,
Semáforos, pessoas
E lojas.
Concentrei-me
No segredo de uma silenciosa janela,
Daquela pequena abertura
Ao outro mundo de um prédio perdido
No infinito do dia presente.
A janela, entretanto,
Oferecia – me apenas questões
E realidades entre abertas
Na desconstrução de respostas
e portas.
Me puxou a pouco
Pelo braço
Convidando a um passeio,
A um devaneio,
Pela paisagem
Urbana e anônima.
Por algum tempo
Esqueci o dia,
As calçadas,
Semáforos, pessoas
E lojas.
Concentrei-me
No segredo de uma silenciosa janela,
Daquela pequena abertura
Ao outro mundo de um prédio perdido
No infinito do dia presente.
A janela, entretanto,
Oferecia – me apenas questões
E realidades entre abertas
Na desconstrução de respostas
e portas.
domingo, 4 de janeiro de 2009
SOBRE “ O ILUMINADO” DE STANLEY KUBRICK E O SOBRENATURAL
Adaptação de uma história de Stephen King, “O Iluminado” ( 1980) de Stanley. Kubrick, contrariando a obra original, é quase um tratado cinematográfico sobre o ceticismo e a ficção envolvendo o sobrenatural.
Afinal, o filme parece focado na pura e simples decadência de um homem fraco e problemático que, incapaz de conduzir a bom termo a oportunidade de reconstrução de sua própria vida, sucumbe a pressão e a loucura, mergulhando em, uma atmosfera insólita, imaginativa e alegórica mediante a qual desconstroi sua própria vida.
A presença do componente sobrenatural confunde-se assim, de modo ambíguo, com o aspecto psicológico induzindo a uma relativa recusa da premissa de uma causalidade metafísica na narrativa para sustentar o clima de terror e suspense que define a trama.
A originalidade desta heterodoxa adaptação para o cinema de uma história de terror encontra-se justamente nesse surpreendente realismo anti-metafísico que nos induz a pensar sobre a natureza de nossas crenças e superstições, seus “poderes” e “possibilidades” enquanto expressão de estados de consciência bastante peculiares. Afinal, como se define e até onde nos conduzem as imagens de realidade dentro das quais existimos? ...
Afinal, o filme parece focado na pura e simples decadência de um homem fraco e problemático que, incapaz de conduzir a bom termo a oportunidade de reconstrução de sua própria vida, sucumbe a pressão e a loucura, mergulhando em, uma atmosfera insólita, imaginativa e alegórica mediante a qual desconstroi sua própria vida.
A presença do componente sobrenatural confunde-se assim, de modo ambíguo, com o aspecto psicológico induzindo a uma relativa recusa da premissa de uma causalidade metafísica na narrativa para sustentar o clima de terror e suspense que define a trama.
A originalidade desta heterodoxa adaptação para o cinema de uma história de terror encontra-se justamente nesse surpreendente realismo anti-metafísico que nos induz a pensar sobre a natureza de nossas crenças e superstições, seus “poderes” e “possibilidades” enquanto expressão de estados de consciência bastante peculiares. Afinal, como se define e até onde nos conduzem as imagens de realidade dentro das quais existimos? ...
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