domingo, 4 de janeiro de 2009

MULTICULTURALISMO

A vontade que vivo,
A necessidade
Que tenho,
É ir ao fundo
Do mais que profundo
Deste instante,
Percorrer o riso do tempo
Oculto em todas
As coisas que passam
Até desvelar em totalidade
As múltiplas possibilidades
Do meu pequeno rosto.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

QUENTIN TARANTINO: CINEMA, VIOLÊNCIA E PÓS-MODERNIDADE


Se é possível falar sobre a influencia ou construção de uma estética e sensibilidade pós-moderna no campo da sétima arte, alguém que poderíamos sem sombra de duvida indicar como um de seus mais talentosos representantes, seria o renomado diretor, roteirista e ator norte americano Quentin Tarantino ( 1963-...). Desde seu filme de estréia, Cães de Aluguel (1992), passando pelo brilhante e original Pulp Ficcion (1994) e os dois volumes de Kill Bill ( 2003-2004) Tarantino construiu uma linguagem e um estilo próprio combinando como ninguém violência e humor em uma descontraída leitura alegórica da realidade.
Para sustentar a “pós modernidade” de Tarantino, basta observar que o roteiro de todos os filmes aqui citados não são organizados em ordem cronológica, estão recheados de diálogos que contradizem ou extrapolam a trama, em meio a citações de outros filmes e, principalmente, de referências a cultura dos anos 70, criando normalmente uma charmosa atmosfera retro.
Quanto a pseudo questão do abuso e banalização da violência em seus filmes, argumento que a violência é elevada por ele a condição de linguagem estética e não se reduz a um instrumento ou recurso utilitário e apelativo de expressão destinado a atrair a atenção do público, diga-se de passagem, propenso a consagração de filmes violentos. A violência nos filmes de Tarantino é desconcertadamente pop e alegórica, não-realista ou impressionista.
Considero-o um diretor "META-alternativo", o caso único de um aficcionado por cinema que, de funcionário de uma locadora de vídeos em Los Angeles, tornou-se um criador de filmes ímpar justamente por jamais ter perdido a sensibilidade de um devorador ANÔNIMO de filmes.

INDIVIDUIALIDADE, PÓS - MODERNIDADE E EXPERIÊNCIA VIVIDA


O domínio da experiência imediata da própria individualidade pressupõe uma codificação provisória do mundo, uma organicidade e hierarquização dos desejos e das emoções moldada apenas pelas especificidades biográficas e aleatórias escolhas de cada um ao sabor dos momentos.
Isso é o mesmo que vincular a individualidade HOJE a uma espécie de estilhaçamento do mundo empírico e coletivo. Tal recusa relativa da objetividade do mundo e valorização de uma subjetividade aleatória é o que agora permite a cada individuo um esboço de autonomia e liberdade cada vez maior frente a vida coletiva e ao irracional vinculo natural de espécie inerente ao animal humano. Afinal, a individualidade tornou-se em todos os sentidos um não lugar dentro do mundo em lugar da afirmação inútil do próprio ego.
Surpreender-se como um individuo hoje é tão somente aceitar a própria fluidez e finitude ontológica como referencial de não ou virtual sentido no exercício de nossos cotidianos e pseudo-metafísicos apetites de auto-realização pueril.
Afinal, a individualidade transcende o pensamento e a lógica de qualquer conceituação positiva ou estável...

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

BEATLES E A FILOSOFIA: A ETICA FEMINISTA DO CUIDAR by Peggy J. Bowers.


Dentre os ensaios reunidos na coletânea Beatles e a Filosofia, ELA É UMA MULHER : OS BEATLES E A ETICA FEMINISTA DO CUIDAR de Peggy J. Bowers é singularmente impactante. Ao propor uma leitura dos Beatles a partir da psicologia social de Carol Gilligan e sua “Etica Feminista da Ética do Cuidar” a autora nos constrói possibilidades surpreendentes de interpretações da musicalidade e sensibilidade dos Beatles.
Em seus próprios termos:

“ Embora a principio pareça improvável pensar que a musica dos Beatles articule uma filosofia feminista sistemática, tanto Paul quanto John- após colaborarem mutuamente quase de forma exclusiva durante a carreira dos Beatles- acabaram por entrar em importantes relacionamentos colaborativos com suas companheiras: Linda, no caso de Paul; e Yoko, no caso de Lennon. Embora a musica da banda não seja feminista de forma explícita, uma analise ética do cuidar revela um poderoso subtexto de raciocínio moral que há muito foi associado ao estilo feminino na cultura ocidental. Esse traço da filosofia moral procura subverter a presunção de que os agentes abordam questões morais independentemente do contexto social e relacional. A ética feminista do cuidar surge como um desafio aos modelos masculinos de raciocínio em que os sujeitos emergem isolados das forças sociais que, na realidade, os moldaram. Em vez de desvalorizar os modos femininos de raciocínio, considerando-os inferiores, esse novo modelo procura usar o conceito da ética do cuidar como um meio de reconstruir nosa lógica moral de uma maneira que revele a ilusão do isolamento, tão central no sujeito modernista.
A musica que é tão ressonante na cultura popular, por um período de tempo tão longo, forma percepções, fluindo de contexto para contexto em que infiltra consciência de modos, às vezes, desconhecidos. Os temas abertamente relacionais encontrados na musica dos Beatles revelam uma contracultura moral enraizada na ética do cuidar. O que vem à tona é um drama em que a arte não apenas imita, mas constitui a vida.”

(Peggy J Bowers. Ela é uma mulher: Os Beatles e a ética feminista do cuidar. In Os Beatles e a Filosofia/ tradução de Marcos Malvezzi. SP: Madras, 2007, p.73)


Independentemente de concordar total ou parcialmente com a autora, o fato é que temas como o “amor romântico” nas letras dos Beatles, em suas diferentes fases e momentos, parece transcender muitas vezes o mero clichê, sugerindo de fato a intersubjetividade como interdependência ontológica, como expressão de autenticidade ou busca de modalidades subjetivas de percepção do mundo e realidade que transcendem as normas sociais e convenções através de uma sensibilidade estética bastante incomum. Acredito que a peculiaridade do psicodelismo dos Beatles em grande parte passe justamente por essa representação de vínculos harmônicos e simples entre indivíduos tão clara, por exemplo, na clássica “All You Need is Love”.
Em outras palavras, creio mesmo que existe no patrimônio estético/cultural que nos foi legado pelos Beatles um sentimento e reflexão em torno de uma realidade sócio cultural subjetiva e afetivamente insatisfatória que conduz a uma busca de recosntrução de si mesmo na mínima moraria de mundo privado psicologicamente reconstruido.
Voltando ao ensaio aqui comentado:

“As expressões de pura força emotiva na musica dos Beatles podem ser explosivas. Pense em canções como “Here Comes the Sun” e “Good Day Sunshine”, que retratam a alegria como uma experiência personificada que cria elos sociais. “Here Comes the sun”, em especial, convoca as sensações calorosas da vida quando George conclama seu outro significativo os observar: “litle darling, the smile’s retruing to their faces. Little darling, it seems like years since it’s been here. Here comes the sun. Here comes the sun. Here comes the sun and I say, it’s alright” ( querida, o sorriso esta voltando aos seus rostos. Querida, parece que faz anos desde que ele esteve aqui. Lá vem o sol. La vem o sol, e eu digo, esta tudo bem”). Observe que o elevado sentido da vida é experenciado não apenas pelos pensamentos e sentimentos individuais, mas vendo-os claros nos rostos de outras pessoas, fortalecendo seu senso compartilhado de pertencer.
George, tão famoso por sua guitarra chorosa, estava muito consciente do poder da musica para expressar emoções cruas. Em sua autobiografia ele declara que o que o atraia no sitar e na musica indiana era a habilidade deles em evocar fortes experiências emocionais em determinados espaço e tempo. O namoro dos Beatles com o misticismo oriental e a experimentação com drogas psicodélicas surgiram de um desejo de procurar modos alternativos para o entendimento da natureza do eu.”

(Peggy J Bowers. Ela é uma mulher: Os Beatles e a ética feminista do cuidar. In Os Beatles e a Filosofia/ tradução de Marcos Malvezzi. SP: Madras, 2007, p.75)

NIGHT AND DAY (NOITE E DIA) BY VIRGINIA WOOLF


Noite e Dia, segundo livro de Virginia Woolf, originalmente editado em 1919, ainda não possui as inovadoras características de suas obras de maturidade que a afirmariam, ao lado de Joyce e Pound, como uma das mais fascinantes e revolucionárias escritoras do século XX , ou ainda, uma das principais protagonistas da reconstrução ou redefinição da arte de narrar mediante a superação positiva da concepção tradicional de enredo, de linearidade da ação narrativa e caracterização das personagens.
Mas já encontramos nas páginas dessa saborosa brochura o predomínio da analise psicológica e uma atenção essencial ao fluxo de experiências subjetivas desarticuladas dos indivíduos como própria essência da construção da narrativa.
Através do envolvimento e contraste entre suas duas personagens centrais; a aristocrática Katharine Hilbery e o intelectual liberal Ralfh Lenthalm, penetramos na verdade no cotidiano da sociedade inglesa de inicio do século XX, segundo a autora; marcada pela tensão entre os fantasmas e frustrações da severa era vitoriana oitocentista e a transmutação culturais e de sensibilidades de novo e inquietante inicio de século, definidas, mesmo que parcialmente, pelo movimento feminista, maior autonomia do indivíduo frente a sociedade (democracia) ou a família ( crã) e as complexidades da vida conjugal ( patrimônio).
A característica que melhor define Night and Day de Woolf é justamente o fascinante jogo de contrastes, de claros e escuros nas oposições e tensões permanentes que no fundo definem tambem a própria vida. Lidamos aqui com um sentimento de instabilidade, incerteza ou tensão psicológica articuladores do próprio cotidiano, que só podemos reconhecer definidoras, de outras formas, do nosso próprio inicio de século XXI.
Seja como for, a obra já revela de modo inequívoco, toda a genialidade, sensibilidade, dor e riqueza do imaginário literário construído por Virginia...

REVEILLON

A economia dos anos
Se faz entre perdas
E ganhos,
Em silêncios
Que calam o tempo
Em provisórios balanços
De vida e de sonhos.

Apenas o acaso
Sabe o futuro encenado
No palco do eterno retorno dos anos.
Enquanto reinventamos a vida
No sempre igual
Do desfile dos dias

SOBRE O TEMPO

No imprevisível dos anos
Guardados no tempo
Sabemos estranhamente
Apenas dos dias seguintes.

Estamos sempre
A um passo psicodélico
Do futuro,
Pulando de um dia
Ao outro
Guardados em cores
E paisagens de mundo.

As margens das horas
Jamais nos deparamos
Com o absoluto da vida
Fora do preto e branco
Cotidiano.

Talvez as notas embriagadas
De uma canção
Transformem tudo
Em liberdade...

HUMAN RACE

Entre o grotesco,
O sublime e o erro,
Há um estranho
Parentesco,
Um espaço negro
Onde silêncios revelam
O menos que humano
Que há em nós.
Lá não cabem certezas
Ou bons pensamentos,
Apenas o absurdo
Que define a vida
Em forma pura
E delírios de natureza.

Sometimes
You just have do...
Low to the absurd....

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

THE BEATLES E A FILOSOFIA: NADA QUE VOCÊ PENSA QUE NÃO PODE SER PENSADO


Organizada por Michael Baur e Steven Baur, sob a coordenação de William Irwin, a coletânea BEATLES E A FILOSOFIA: NADA QUE VOCÊ PENSA QUE NÃO PODE SER PENSADO, pode ser interpretada como um convite a uma viagem mágica, corrigindo: uma Magical Mistery Tour que, para alguns fãs da banda parecerá sem propósito ou irrelevante para apreciação da musica dos Fab Four. Eu, ao contrário, considero fascinante e até mesmo lúdica a proposta de “pensar” os Beatles e seu impacto sobre a cultura popular do século XX através da filosofia. A comentada coletânea realmente nos permite compreender de modo mais profundo o porquê dos Beatles serem a maior banda de rock de todos os tempos e, ao mesmo tempo, alguma coisa a mais do que apenas uma banda de rock para grande parte dos seus fãns.
Para mim a musica dos Beatles é o mais perfeito pano de fundo do mais profundo e banal acontecer da vida. Acho sinceramente que eu seria outra pessoa caso nunca houvesse vivido suas canções ou colorido meu mundo com as cores vivas do psicodelismo...
Voltando a coletânea, ao longo de seus nove capítulos (referência a Revolution 9?), aos poucos vamos desvelando relações entre as musicas da banda e os dilemas do seu tempo que, de algum modo, ainda são os nossos. Seja a filosofia do amor hippie e o pacifismo diante de um mundo cada vez mais violento e instável, o dispertar da consciência e o psicodelismo como uma resposta a falência das religiões e da moral tradicional em um mundo cada vez mais complexo ou ininteligível, a aceitação e aprendizado positivo da cultura do consumo frente a nossa busca de autenticidade e individualidade, dentre outras questões.
Considero um dos mais interessantes ensaios desta obra o composto por James Crooks PEGUE UMA CANÇÃO TRISTE E FAÇA-A MELHORAR: OS BEATLES E O PENSAMENTO PÓS MODERNO.
Ler os Beatles através das lentes da Pós modernidade não é absolutamente um despropósito. Afinal, existem paralelos possíveis, por exemplo, entre o aguçado senso de humor da banda e a recusa de metas narrativas pelo pós moderno que se traduz no irônico e sarcástico ou quase, de fato, “egocentrismo bufão”. Que importa?

“Mas os filósofos pós modernos precisam ser sérios? Parte da magia da meta narrativa dos Beatles é a adaptação ininterrupta daquilo que denominei antologia “deixe-me de fora” por um mais amplo deleite “inclua-me” no mundo que dá boa vinda às coisas tolas, como uma piada entre amigos. A atitude fica evidente em quase todas as entrevistas concedidas a uma imprensa ansiosa e sem fôlego, durante o período da Beatlemania ( Repórter: “ O que você pensa a respeito de Beethoven?” Ringo: Eu adoro-principalmente seus poemas”), no capricho infantil de canções como “Yellow Submarine”, “Octopus’s Garden” e “Bungalow Bill”, e na gentil paródia de outros gêneros em “When I’m 64”, Your Mother Sahould Know”, Honey Pie”, e “Back in the USSR”. Os Beatles dão voz aos modos de jocosidade e ironia em um sentido amplo, de maneira tão hábil e abrangente quanto o fazem com os da alienação- incluindo aquele audível com clareza nas obras de Jacques Derrida ( 1930-2004), e outros para quem a alternativa ao efeito “Nowhere Man”, que persegue a critica hiper-seria do pensamento moderno, é a “desconstrução”.
O exemplo aqui é “Glass Onion”. No fim da década de 1960, a banda queria desencorajar a legião de fãs que interpretava as letras das canções como algum tipo de código cósmico. Jhon faz isso em Glass Onion” com uma releitura de algumas de suas próprias letras anteriores, definindo-as como vôos de imaginação. Isso, por sua vez, produz uma forma genial de autoconsciência artística. As próprias palavras renunciam aos poderes atribuídos a elas. O processo criativo se torna transparente por completo- como muitas camadas de vidro. Derrida e seus seguidores querem margear os perigos da filosofia moderna, provocando uma percepção similar. Para eles, como para John, a linguagem é jocosa. O que ele nos dá, na verdade não é uma representação de identidades estáveis ( objetos, “eus”, instituições e estados), mas o fluxo primordial da não-identidade- o nada ou abismo- de onde as identidades emergem.”
O trabalho do pensamento pos moderno, nessa visão, consiste em enfraquecer e desmanchar todas as formas discursivas nas quais os códigos cósmicos ou significados determinados de qualquer tipo- máscaras da indeterminação original da linguagem- se acomodam. Entre eles, com certeza, estão os valores e métodos do pensamento revolucionário tradicional mas também uma série de relações opositoras mais abrangentes, que todos os pensadores anteriores teriam considerado axiomáticas: argumentos contra a livre associação; autor versus leitor; texto versus mundo. A desconstrução retira essas oposições Sob o regime delas, a escrita filosófica pós-moderna se torna uma colcha de retalhos de trocadilhos e etimologias, piadas, citações e comentários expandidos, cujo objetivo consistente é dissolver toda a importância determinada em um jogo de palavras, para produzir no meio do pensamento um “efeito Glass Onion”.

(James Crooks. PEGUE UMA CANÇÃO TRISTE E FAÇA-A MELHORAR: OS BEATLES E O PENSAMENTO PÓS MODERNO, in Os BEATLES E A FILOSOFIA: NADA QUE VOCÊ PENSA QUE NÃO PODE SER PENSADO. ( Coordenação de William Irwin)/ tradução: Marcos Malvezzi. SP: Editora Madras, 2007, p. 183-184)

Mas, definitivamente, para se avaliar o valor desta coletânea e a aparentemente estranha proposta de pensar The Beatles através da filosofia, nada mais pertinente do que as seguintes palavras de Richard Falkenstein e John Zeis em QUARTETO COM UMA DIFERENÇA:

“ O que há nos Beatles que os faz únicos na história da música popular? Embora os tentáculos de sua influência se estendam para muitas outras áreas da cultura popular além da música, é pura e simplesmente sua musica e rápida e evolução que fundamentam o proeminente status da banda na musica popular. A música dos Beatles, como toda a grande forma de arte, é importante porque revela certas verdades básicas sobre quem e o que somos como seres humanos e as quais coisas damos valor absoluto. E, se isso estiver certo, uma discussão a respeito das música da banda e da filosofia nela incorporada não é um mero exercício de analise teórica, mas um instrumento prático e útil para aumentar nossa apreciação da própria música. Isso não significa que a estética filosófica que este ensaio atribuirá a musica dos Beatles seja algo do qual eles estavam conscientes, ou com o qual concordariam em retrospecto. Mas assim como as partituras de gravações produzidas por Hal Leonard ( que nem mesmo eles conseguiam ler) melhora o entendimento e a apreciação da musica dos Beatles para aqueles que conseguem lê-las, sua filosófica também o faz em outro nível de abstração.”

(Richard Falkenstein e John Zeis. QUARTETO COM UMA DIFERENÇA, in Os BEATLES E A FILOSOFIA: NADA QUE VOCÊ PENSA QUE NÃO PODE SER PENSADO. ( Coordenação de William Irwin)/ tradução: Marcos Malvezzi. SP: Editora Madras, 2007, p. 227-228 )

Por tudo o que aqui foi dito e citado, creio que posteriormente precisarei desdobrar esta resenha dialogando mais profundamente com o livro a partir de minha leitura pessoal e intima dos Beatles...
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BEATLE POEM


Procuro cores em movimento
Em qualquer canção dos Beatles
Para existir por longos instantes
No mais profundo da vida.

Jogado no mundo
Não busco no fundo
Nada mais que isso...
Supondo o próprio mundo
Como algo mágico e oculto
Em meu múltiplo intimo.

Across the universe
Decomponho frases
Até descobrir
No sumo de cada palavra
Cores de coisas vivas
Que sem preciso significado
Ou motivo
Apenas acontecem
Entre imaginações e infinitos.
A day in the life...