Parafraseando CLAUDE KAPPER em MONSTROS, DEMÔNIOS E ENCANTAMENTOS NO FIM DA IDADE MÉDIA , pode-se dizer que o imaginário medieval é extremamente “estruturalista”, nele a forma é o significante, todo o universo se ordena numa geometria simbólica e segundo uma escala de valores que atribui um lugar a cada elemento, tanto espiritual quanto material. Impõe-se assim o postulado, segundo o qual, a natureza, enquanto parte da criação, é perfeita e, por definição, imperturbável. A alquimia pressupõe uma recusa não muito consciente desta harmonia e perfeição da obra divina. Mais do que isso, ela pressupõe a intervenção humana como fator decisivo para o destino do próprio cosmos. MIRCEA ELIADE tem, portanto, plena razão ao vislumbrar certa continuidade entre a sacralidade da matéria que define a simbólica alquímica e a secularização da matéria através do mito do saber científico que define a época moderna.
Assim como JUNG atribui a alquimia uma antecipação de certas descobertas da psicologia profunda, ELIADE percebe na alquimia certas disposições mentais e referenciais simbólicos que configurariam, em sua versão secularizada, o imaginário moderno. A opus alchemicum, ao admitir a possibilidade de que a ação e o trabalho humano pode intervir no vir-a-ser da natureza, aperfeiçoa-la, transforma-la e, assim, permitir o controle do próprio tempo, esboça uma “filosofia do progresso” realmente surpreendente no contexto do imaginário pré- moderno.
Assim como JUNG atribui a alquimia uma antecipação de certas descobertas da psicologia profunda, ELIADE percebe na alquimia certas disposições mentais e referenciais simbólicos que configurariam, em sua versão secularizada, o imaginário moderno. A opus alchemicum, ao admitir a possibilidade de que a ação e o trabalho humano pode intervir no vir-a-ser da natureza, aperfeiçoa-la, transforma-la e, assim, permitir o controle do próprio tempo, esboça uma “filosofia do progresso” realmente surpreendente no contexto do imaginário pré- moderno.