domingo, 24 de fevereiro de 2008

NOITE, EU E FANTASIA

Em noites claras
de luar sereno
tento por vezes
arrumar estrelas
no ceu ,
saberd destinos e caminhos
no brilho distante
de luzes em coleções.
O ceu se faz espelho
e devaneio
para o meu eu
disperço no caos do mundo.
Sinto me-me como criança
no infinito obscuro
das posibilidades d vida.
Em liberdades e acasos
meu se faz
quase absoluto.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O MITO DO SIGNIFICADO

Nenhum fenômeno é mais fascinante do que o da consciência. Pode-se dizer que ela difere a condição humana da condição animal na medida em que estabelece a objetividade do mundo através de imagens de sentido e uma infinita alternativa de significados.
Em outras palavras, a consciência é o lugar do humano como sujeito da criação do mundo exterior e, ao mesmo tempo, objeto de seu mundo interior ou inconsciente.

Como observa Aniela Jaffé em O MITO DO SIGNIFICADO NA OBRA DE C G JUNG:

O “Mito do Significado” de Jung trata da consciência. A tarefa metafísica do homem consiste na contínua ampliação da consciência em geral, e seu destino como indivíduo, na criação da consciência individual. É a consciência que dá significado ao mundo. “ Sem a consciência reflexiva do homem, o mundo carece de uma gigantesca falta de sentido, pois o homem, pela nossa experiência, é o único ser capaz de perceber sentido”, escreveu Jung a Erich Neumann ( março de 1959). Entretanto, a ênfase de Jung na consciência nunca significou uma desvalorização do inconsciente, nem ele sequer cogitou que este pudesse ser “subjulgado”. Uma substituição do inconsciente pela consciência é totalmente inconcebível, se considerarmos que a esfera de ação dos dois não pode ser comparada, e que a consciência só adquire seu poder criativo estando enraizada no inconsciente, embora possamos ser inteiramente inconscientes da existência deste. A alta avaliação que Jung fazia da consciência estava presente nele, em embrião, desde o começo. Mas só no curso das décadas ele chegou a reconhecer seu papel predominante no destino humano. Inicialmente, antes de ter sondado as profundezas da sua natureza paradoxal, confiou nos poderes criativos do inconsciente. Foi isso que o induziu a dar uma oportunidade aos primórdios do nacional socialismo, apesar de todas as suas reservas objetivas. Ele o viu, muito corretamente, como uma erupção de forças coletivas oriundas do inconsciente, mas estava ainda inclinado, na ocasião, a dar precedência ao mito do inconsciente sobre o mito da consciência.”
(Aniela Jaffé. O Mito do significado na obra de C G Jung./ tradução de Daniel Camarinha da Silva e Dulce Helena Pimentel da Silva. SP: Cultrix,, s/d, p. 141 et seq
)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

ANTI COTIDIANO

Todos os dias
Perco-me nas mesmas rotinas
Em cotidianos ritos.
Mas sonho em cada
Mecânico ato
O inesperado
Da singularidade
De uma noite infinita
Em puro acontecer
De vida
Em súbita subjetividade
E alegria de acaso.

CONTROVÉRSIA DE ESPELHO

Leio nas entrelinhas
Do dia
Que me cobre a face
Os sorrisos escondidos
De distantes instantes
De imaginações e sonhos.
Em tudo que pensamos
Há, afinal,
Mais fantasia
Que realidade,
Mais alegrias e oceanos
Do que certezas
E enganosos acenos
De sedutoras verdades.
Meu destino
É o controvertido esforço
De criar um futuro
Que sustente o presente
Dos meus equívocos
Na intuição de mim mesmo
Alem do rosto
E em aleatório movimento
De plena liberdade.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

CRONICA RELAMPAGO XX


As vezes vislumbro um verdadeiro abismo entre as palavras que cotidianamente me povoam, articuladas por pueris discursos de pragmático estar e ser, e os sentimentos ( valorações) difusos que me inquietam intimamente. Talvez tal distanciamento revele na verdade o abismo que condiciona a relação do meu eu com o mundo; o quanto somos em alguma medida disfuncionais a vida em sociabilidades publicas e privadas ( “sociedade” ). Contra isso, movimenta-se minha própria consciência em construção e busca.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

EXPERIÊNCIA E IMAGINAÇÕES

Um brilho de luz
Em gota de sonora
Chuva
Explode em mim
Um sol de pensamento.

A chuva se faz
Metáfora...
Vida,
Em algum intimo
Alem de mim mesmo.

No obscuro fundo
De imagens e imaginações
De ser
Apreendo e aprendo
Meu próprio rosto.

POEMA QUADRADO

Entre quatro paredes 

Descubro o infinito 

De estar e saber

 Nos quatro cantos do ser.

 

Descubro o limite

entre a pele e o mundo

na intensidade das sensações.

Não há dentro ou fora...

Tudo é intenso

nos quatro cantos da matéria.

 


terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

MITO: LINGUAGEM E META LINGUAGEM


Pode-se dizer que o homem é um zoom phonanta, um animal com linguagem. Mas tal afirmação só faz pleno sentido quando transcendemos o verbo e mergulhamos no complexo universo da relação entre linguagem e mito. De certa modo, pode-se dizer que o m,itop é uma ontologia linguistica, em poucas palavras, algo distinto dos conceitos cognoscitivos da elaboração verbal e configurados pela imagetica do simbolo. Tal imagetica nos remete a uma deficiencia linguistica elementar e a busca de sua superação na "paronímia" da palavra, na ambiguidade do verbo tranvertido de imagem, e que jamais pode ser reduzido a formulação e expressão de conceitos verbais. Isso na medida em que remete a um outro da própria linguagem, ao avesso da correspondência entre as palavras e as coisas.

UTOPIA

Impossível dizer
E fazer-se
No próprio rosto
Que no alem do céu
Descobre o oposto.
Sonho a vida,
O acaso
E o outro.
Sonho a realidade
De fantasias
E o sorriso de viver.
Sonho dentro
Do gosto e do sonho
Do sabor do corpo
Em um mundo sem pensamento

A ALQUIMIA E A IMAGINAÇÃO ATIVA

Alquimia e a imaginação ativa reúne seis palestras da Dr. Marie Louise von Franz realizadas no Instituto C G Jung em Zurique durante os meses de janeiro e fevereiro de 1969.
Para explorar este complexo tema a autora toma como base a obra de Gehard Dorn, medico e alquimista que viveu no sul da Alemanha na segunda metade do séc. XVI. Trata-se de um discípulo de Paracelso que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da farmacologia.
Vale lembrar que a partir do séc. XVII a alquimia ocidental diluiu-se na consciência cristã perdendo sua base empírica enquanto filosofia da matéria e da natureza. A partir de então gradativamente ela reduziu-se a uma espécie de ensinamento moralista e relegado ao obscurantismo do ocultismo moderno. Em Dorn, ao contrário, ainda podemos encontrar a tendência inerente à tradição da alquimia ocidental de funcionar como uma vertente compensatória e subterrânea com relação ao cristianismo ortodoxo problematizando suas contradições e limitações..
Como observa a autora, por exemplo :

“... As questões do feminino e do corpo eram enormes problemas para Dorn, e seu plano consciente era, para falar cruamente, o mesmo que castrar a alquimia , como o fizeram mais tarde os franco maçons e os rosa cruzes, e torná-la artificialmente ajustada em sua weitanschauung. Assim, ele era, de certa forma, um daqueles pecadores. Por outro lado, uma genuína fascinação ainda o movia e, como medico e farmacologista, continuava com seus experimentos, portanto, não teve êxito em simplesmente pensar sobre a tradição alquímica e alicerça-la num tipo de visão cristã convencional, ele ficou atolado no conflito, que nunca conseguiu resolver embora tivesse tentado todos os caminhos. ( ...) como medico ele não podia, como fez o pároco Andréa, ignorar por completo o aspecto material do homem, isto é, o corpo e a vida real.”
( Marie Louise von Fran. Alquimia e imaginação Ativa, SP: Cultrix, s/d; p. 39)

Em um capitulo de sua obra “ A Filosofia Especulativa” intitulada “conversação por cujo intermédio o Animus tenta atrair para si o corpo e a alma”, encontramos um dialogo dramático cujo a forma, segundo von Franz, se aproxima do que hoje chamamos de imaginação ativa. Os protagonistas deste dialogo são S- o Spiritus, A- a Anima, C- o Corpo; e F- o Amor Filosófico. Como elucida a autora em outro momento:

“Resumidamente, pode-se ver que Dorn concebe quatro elementos no trabalho interior de unificação e três estágios ou graus. Os quatro elementos são Spiritus, Anima, Corpus e Cosmos. No inicio, Spiritus e Anima se unem, e transformam-se em Mens. A seguir, Mens e Corpus se unem e se convertem em Vir unus e, finalmente, na morte, o vir unus une-se ao universo, embora não em sua forma visível, mas como unus mundus, seu background potencial, invisível.
( idem p.152)