Não viver mais em um mundo prisioneiro do peso da tradição e da autoridade significa antes de tudo que já não sofremos o peso de qualquer representação do passado. Somos livres para ousar o inédito, o imprevisível, contra todas as expectativas e normas estabelecidas. Ao mesmo tempo, carecemos de criatividade no cenário virgem de um princípio de século onde tudo está em aberto, suspenso e em mutação. Mas nos contentamos com citações e atualizações de passados que já não mais nos frequentam.
Ainda não somos capazes de vislumbrar o contemporâneo em toda a sua radicalidade. Enquanto o ontem devora o hoje, o novo agoniza e se espalha através de múltiplas versões de um futuro inconsciente. Tudo que se oferecer no horizonte volta-se, então, contra tudo aquilo que nos define na prisão do imediato do agora.