Podemos definir uma escala de probabilidade para julgar a veracidade de uma informação.
Afinal, em tempos em que o dito não busca o fato, mas o comentário, é razoável duvidar das fontes e informantes disponíveis. Pois nós mesmos estamos comprometidos ou corrompidos por determinada opinião, orientados para moldar a realidade de acordo com certa versão que nos parece conveniente.
Selecionamos nossas informações como quem escolhe frutas na feira pois fomos reduzidos à consumidores de informações.
Não há mais um real ao qual elas se reportem. Tudo depende de interpretação e a informação visa apenas mais informação, a seleção e acumulo de dados que previamente me escolheram como receptáculo e que são compatíveis entre si.
Desta forma, sou feito para determinado discurso em detrimento de outros. Replicar este discurso eleito é existir, sentir nele uma certeza que me define a ordem das coisas, que me sustenta o querer e dever ser do mundo. Estamos todos lutando contra os fatos, servindo a um determinado discurso.
Somos agora espécies de copistas que corrigem o texto original. A veracidade é o que dá valor a uma informação. Os fatos são menores do que os acontecimentos e sustentam as guerras de opinião.
O valor corrompeu o conhecimento. A moral do rebanho se tornou absoluta. Nos tornamos escravos de opiniões e identidades coletivas, rótulos e bandeiras cognitivas.
Fomos corrompidos pelo sentimento moral e o elevamos a condição de dispositivo de verificação. O tribunal da razão revelou-se como um novo tribunal moral.
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