quinta-feira, 1 de julho de 2021

A IMPORTÂNCIA DO INÚTIL

Interessam-me, demasiadamente,
as coisas que não  levam a nada,
que são gratuitas e ridiculas.

Gosto de me perder do mundo
na superfície do ordinário
sem me importar com a vida.

Gosto do inumano,
de tudo que é  estranho ao pensamento e convenções.

Não  reconheço a soberania do eu,
a causalidade ou a necessidade
como matriz da realidade.
Não  sou seduzido por convicções 
verdades prontas e coletivas.
Detesto pactos sociais.

Sou livre de humanismos
e não domestico a natureza
com a teleologia da razão  e do sentido.

É nas sensações que existo,
que me desfaço e persisto
contra a consciencia das coisas,
alheio as modas e modos da sociedade.

Discontínuo e inconcluso
duvido de mim mesmo
e desacredito no mundo.
Sou sempre um outro que me olha, 
que me sabe do lado se fora
Moranda dentro de mim.

Não tenho objetivos.
Tudo em mim leva a nada.
Como neste instante em que me misturo com uma folha
que agora a pouco
caiu de um galho de àrvore. 






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