quarta-feira, 11 de março de 2020

NOVA BABEL



Onde os ouvidos não falam diferentes línguas,
as palavras desconhecem diálogos 
e escutam apenas seu próprio eco.

Elas circulam mudas e surdas no cotidiano comércio das letras
Reinventando Babel 
entre os ditos e escritos que encantam os rebanhos e seus livros da lei. 

Assim,
como hoje e sempre, a moral contamina todos os enunciados
e cada qual em seu canto de fala 
Toma como verdade o ridículo do seu próprio ditado,
seu caricato enunciado de  poder,
seu intimo delírio de razão universal,
em meio a decadência dos fatos e do real. 

Mais do que nunca é preciso inventar uma nova língua
e um novo povo contra a terra antiga.

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