A experiência artística pressupõe uma espécie de apagamento do eu, um estado de indistinção entre sujeito e objeto, onde a imaginação transcende os sentidos e o pensar corrente.
A arte realiza o assombro do extraordinário, a transfiguração do instante e , como tal, nos oferece um vislumbre de morte, um estranhamento da vida.
Evadir-se, desdizer a própria existência através da obra, é o que persegue um artista na materialização do virtual, do que não cabe na realidade.
Escapar ao eu e ao mundo através da experiência da criação abranda nossa insignificância, nos concilia com o não ser. O ato criativo permite uma privilegiada intuição do nada que nos faz rascunhar o ilegível de nossa ordinária existência.
A arte não busca o belo, o ideal, mas a intuição sublime do caos.
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