domingo, 15 de dezembro de 2019

MUSICA E IMANÊNCIA

Sinto saudades de mim.
Afinal, ao longo dos anos,
Já  fui tantos, 
Mediante diferentes modos de sentir,
Saber e existir através do mundo e dos outros, 
Que agora mesmo,
Não  me reconheço.  
Pouco sei de mim.

Há apenas o corpo
Através  das coisas
Fora da representação, 
Da palavra,
Convertendo o próprio pensamento
Em extensão. 
Há unidade apenas no virtual da memória,
No devir da saudade da ilusão  de ser,
De me confundir com o espaço. 

A composição  de uma vida 
É  como uma música que escuta,
Quase uma alucinação. 

Sou o eco de uma melodia que fui,
Que flui,
E, através  de mim,
Ainda ouve a si mesma
No compasso do tempo de sua escrita,
Do seu movimento e execução. 

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