Nenhum discurso tem a capacidade
de esgotar toda significação possível, de estabelecer uma representação
absoluta do real. O próprio real é um dado circunstancial regido pela finitude
e a um devir constante dos fenômenos que lhe definem. Há sempre novos discursos
que atualizam esta defasagem inerente a realidade como representação verbal da consciência.
Assim, nossos filtros conceituais
e metodológicos, balizadores de gramaticas discursivas, só podem produzir
narrativas parciais, imprecisas e incertas sobre qualquer assunto. Mesmo que estas narrativas se legitimem socialmente como
verdades, elas ainda estarão fadadas ao envelhecimento, a uma desatualização,
pois cada época inventa sua própria linguagem e bagagem simbólica.
A codificação do real através do
conhecimento formal e institucional, é um produto perecível. Pode-se mesmo
dizer que esta destinado mais a sua auto reprodução e auto legitimação do que
propriamente estabelecer-se como uma “filosofia de vida” ou uma ética ou
estética existencial sobre as coisas.
Em outras palavras, o
conhecimento do mundo, é um conhecimento de nosso meio cultural e não
propriamente uma apropriação inconteste
dos fenômenos.Ele produz sentido, mas um sentido que inventa
enraizamentos, coordenadas simbólicas. Somente como tal podemos toma-lo como conhecimento, como uma apropriação subjetiva do mundo, como um efeito de representação desde sempre defeituosa.
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