quarta-feira, 19 de julho de 2017

CONHECIMENTO E TRANSITORIEDADE

Nenhum discurso tem a capacidade de esgotar toda significação possível, de estabelecer uma representação absoluta do real. O próprio real é um dado circunstancial regido pela finitude e a um devir constante dos fenômenos que lhe definem. Há sempre novos discursos que atualizam esta defasagem inerente a realidade como representação verbal da consciência.

Assim, nossos filtros conceituais e metodológicos, balizadores de gramaticas discursivas, só podem produzir narrativas parciais, imprecisas e incertas sobre qualquer assunto. Mesmo que  estas narrativas se legitimem socialmente como verdades, elas ainda estarão fadadas ao envelhecimento, a uma desatualização, pois cada época inventa sua própria linguagem e bagagem simbólica.

A codificação do real através do conhecimento formal e institucional, é um produto perecível. Pode-se mesmo dizer que esta destinado mais a sua auto reprodução e auto legitimação do que propriamente estabelecer-se como uma “filosofia de vida” ou uma ética ou estética existencial sobre as coisas.


Em outras palavras, o conhecimento do mundo, é um conhecimento de nosso meio cultural e não propriamente uma apropriação inconteste  dos fenômenos.Ele produz sentido, mas um sentido que inventa enraizamentos, coordenadas simbólicas. Somente como tal podemos toma-lo como conhecimento, como uma apropriação subjetiva do mundo,  como um efeito de representação desde sempre defeituosa.

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