quarta-feira, 14 de junho de 2017

SOBRE A COMPLEXIDADE DO TEMPO PRESENTE

O conceito de tempo presente sempre me pareceu uma questão complexa. Afinal, ele comporta a coincidência (simultaneidade) de formatações e referências culturais diversas, camadas de  significações e referências que extrapolam o imediatismo do agora e o tornam contemporâneo de conteúdos simbólicos e psicológicos  que atualizam passados e, em alguns casos, insinuam futuros. Há uma sincronicidade de tempos e vivencias no mero acontecer do presente que transcende a linearidade cronológica. Fato que não deve surpreender ninguém dada a pluralidade de condições culturais que coabitam em uma mesma época.

Essencialmente, o tempo presente é devir e movimento de consciência. Como tal ele é ação e não um atributo abstrato dos fatos . Ele não  se identifica com um conjunto de formatações culturais  efêmeras e “presentistas” que em hipótese definiriam a contemporaneidade como ethos de uma determinada época. Afinal, ele também atualiza e dialoga com o passado.

Na medida em que as tecnologias digitais engendram uma nova experiência de mundo e sensibilidades a própria contemporaneidade passou a envelhecer constantemente e freneticamente apontar para versões mais complexas de si mesma.  O contemporâneo tornou-se indeterminado, praticamente um estar em movimento, deslocando de modo agudo nossos enraizamento em identidades e padrões de experiência cotidiana de mundo e existência.  

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