A interpretação
do passado inspirada pela modernidade, impõe a gramática da história o acontecer do Homem no tempo através
de culturas e sociedades diversas, uma periodização linear das épocas recortadas e organizadas pela ideia de evolução e progresso. Mas, em sua vertiginosa pluralidade de fenômenos,
o acontecer dos Homens no tempo resiste às narrativas da modernidade.
Poder-se-ia dizer, de modo provocativo, que todo tempo é tempo da natureza e que o devir humano não é o centro da ação do tempo e, muito menos, o Homem pode ser pensado fora da natureza.
Assim, os
eventos históricos, inventados sob a inspiração de valores e intencionalidades modernas, não passam de meta narrativas cuja
teleologia anula o passado como memória e silêncio, convertendo o tempo
presente ao efeito que explica a causa, ou o passado em seu apêndice do presente.
Mas hoje, quando
nossa consciência do tempo já não sofre tanto o peso das teorias do progresso e do
cientificismo oitocentista, ela pode ser, de certa
maneira, menos dependente das representações do passado.
As codificações da
memória coletiva, cada vez mais definidas por uma sensibilidade que toma por
referencia a experiência vivida de um presente estendido, toma o passado como o
inteiramente outro de si mesmo.
O passado é o exótico distante e perdido da experiência
humana cuja contemporaneidade se dá como citação, como imagem/ objeto de
referencias fragmentadas que não apontam para revelação de qualquer identidade, ou, ainda,sentido totalizante ou “evolutivo”.
Sem um propósito histórico,
o passado deixa de ser um instrumento do presente da forma-homem, para se tornar um território
distante e estranho cujos ecos tentamos escutar por simples diletantismo.
A filosofia da Historia de Hegel nunca nos pareceu tão datada e o historicismo tão inútil.
A história não existe......
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