segunda-feira, 20 de março de 2017

O FIM DO SENTIDO HISTÓRICO




A interpretação do passado inspirada pela modernidade, impõe a gramática da história o acontecer do Homem no tempo através de culturas e sociedades diversas, uma periodização linear das épocas recortadas e organizadas pela ideia de evolução e progresso. Mas, em sua vertiginosa pluralidade de fenômenos, o acontecer dos Homens no tempo resiste às narrativas da modernidade.
 
Poder-se-ia dizer, de modo provocativo, que todo tempo é tempo da natureza e que o devir humano não é o centro da ação do tempo e, muito menos, o Homem pode ser pensado fora da natureza.



Assim, os eventos históricos, inventados sob a inspiração de valores e intencionalidades modernas, não passam de meta narrativas cuja teleologia anula o passado como memória e silêncio, convertendo o tempo presente ao efeito que explica a causa, ou o passado em seu apêndice do presente.


Mas hoje, quando nossa consciência do tempo já não sofre tanto o peso das teorias do progresso e do cientificismo oitocentista, ela pode ser, de certa maneira, menos dependente das representações do passado.
 As codificações da memória coletiva, cada vez mais definidas por uma sensibilidade que toma por referencia a experiência vivida de um presente estendido, toma o passado como o inteiramente outro de si mesmo.
O passado é o exótico distante e perdido da experiência humana cuja contemporaneidade se dá como citação, como imagem/ objeto de referencias fragmentadas que não apontam para revelação de qualquer identidade, ou, ainda,sentido totalizante ou “evolutivo”. 

Sem um propósito histórico, o passado deixa de ser um instrumento do presente da forma-homem, para se tornar um território distante e estranho cujos ecos tentamos escutar por simples diletantismo.

A filosofia da Historia de Hegel nunca nos pareceu tão datada e o historicismo tão inútil.
 
A história não existe......

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