terça-feira, 10 de janeiro de 2017

NOSTALGIA E TEMPO PRESENTE: A CONTEMPORANEIDADE DO PASSADO






A nostalgia do passado  pode nos conduzir a uma falta de compromisso com o tempo presente quando narramos uma experiência qualquer ou compartilhamos uma memória. Pois não esta em jogo ai apenas uma lembrança, mas seu significado. Tal significado é mais comunicado do que o fato narrado  quando compartilhamos a memória de  uma experiência vivida. 

Mas é bom observar também que o próprio significado é contemporâneo. Estamos assim falando  de uma ação passada que se torna representação presente. Nestes termos, o valor que atribuímos ao passado através da nostalgia é também uma desvalorização do presente ou um modo de viver o tempo presente evadindo-se no ontem. A nostalgia  é tanto uma representação e reinvenção afetiva de um tempo perdido como também uma ação no aqui e agora configurada pela experiência presente desta perda, pela sua reelaboração contemporânea. 

Objetivamente, o passado é tudo aquilo que foi perdido. Não pode ser resgatado. A nostalgia é o paradoxo de reinventar o passado como contemporaneidade, como paradoxal imagem do não ser e silêncios que definem as insuficiências e ausências do tempo presente que, por sua própria natureza, encontra-se fadado a um incacabamento constante.

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