segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A ILUSÃO DO CONHECIMENTO OBJETIVO


A ilusão fundamental do intelecto moderno é a ingênua crença de que a realidade, em sua suposta e decantada objetividade, possui uma regularidade, um ordenamento intrínseco, sendo a natureza, portanto, inteligível e, portanto, racional. Assim fica assegurada, desde que observado o método adequado, a conivência entre o dizer e o viver das coisas. No acontecer das culturas e sociedades, o trabalho humano sobre a natureza faz seguir a marcha do desenvolvimento da espécie, destes estranhos bípedes, desde sempre predestinados a reinar neste pequeno e belo  planeta.

A ilusão de tal raciocínio está na  ignorância  do fato de que somos nós que inventamos a natureza que observamos , que todo conceito, qualquer fenômeno, é uma construção ou condição de nossa percepção. Tudo que para nós existe só pode existir em termos humanos. Projetamos em tudo que existe nossa condição humana.

Decorre desta simples constatação que nenhum conhecimento é esclarecimento ou desvelamento de um ser oculto das coisas pelo precioso dom de nossa racionalidade. Não somos especiais. Apenas narcisos a ponto de fazer de sonhar o mundo a sua imagem e semelhança. Compreender o mundo é entender como pensamos e produzimos a realidade.

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