A possibilidade de representação
racional do mundo social no plano epistemológico torna-se cada vez mais duvidosa. Afinal, o
social já não dá mais conta de uma vida coletiva cada vez mais plural e dinâmica, irredutível a
racionalidade instrumental e funcionalista. Estratégias comunitárias de construção de identidades e vínculos
deram lugar a codificações mais abstratas e fluidas. Nestas o comportamento
coletivo é cada vez mais formatado pelo fluxo de imagens e estímulos produzidos
pelas novas mídias. Decorre dai uma autonomia maior do individuo nas estratégias
de construção de sua identidade e estabelecimento de vínculos societários. Ao
mesmo tempo, dar-se no entanto um deslocamento do sujeito e dispersão da
identidade. Não mais nos adequamos a nossas personas sociais, mas nos
reinventamos constantemente em um exercício de adaptação ao fluxo de experiências
efêmeras que compõe o mais imediato dia a dia. Um amalgama de discursos,
praticas e usos da realidade estabelecem agora os protocolos da realidade onde
nos inventamos como personas de nos mesmos no palco do coletivo. Assim, o próprio
coletivo já não é um espaço orgânico racionalmente estruturado a partir de um
consenso legitimador de determinadas praticas e representações sociais. Ele se
apresenta, ao contrario, como um plano indeterminado onde todos nós co-habitamos dispersos entre signos e conjunturas culturais e simbólicas justapostas.
Carecemos hoje em dia de um mapeamento cognitivo de nosso cenário vivencial,
das representações de mundo que compartilhamos diariamente. Nenhuma visão de
mundo é suficientemente abrangente para reduzir a realidade a uma totalidade
dotada de sentido e teleologia. Entre o universo dos significados e o mundo
material, agora se impõe o virtual, o ambíguo e o contraditório. O que nos
redime de qualquer sentido intencional balizador de nossas ações ou reflexões.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
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