quarta-feira, 21 de outubro de 2015

BREVE DIVERTIMENTO FILOSÓFICO SOBRE O TEMA DA AUTO CONSCIÊNCIA

As pessoas são sempre o centro de suas próprias vidas na medida em que a realidade só existe enquanto consciência de algo fora de nós. Em contrapartida, não é obvio o que significaria o oposto “dentro de nós”. Pois o que somos é pura abstração. A auto consciência é um dado, mais do que um conceito. Não há como julga-la de fora dela mesma. Logo, somos em nossa consciência e ela é a medida de todas as coisas concebidas.

Pode-se dizer, entretanto, que a própria autoconsciência, em suas atuais configurações,  é formatada pelo mundo exterior através da cultura. Logo, a própria auto consciência é uma construção social.  Tal hipótese não exclui a primeira. Apenas a complementa. Pois a auto consciência é, paradoxalmente, as duas coisas. A auto consciência se define como consciência de alguma coisa estabelecida na dialética com o mundo. Ela é auto representação que se forma como consciência de alguma coisa que ela não é, que a transcende e, ao mesmo tempo, engendra.

Assim, se tradicionalmente, a questão da auto consciência remete a ideia de identidade e de Ser, hoje tais grandezas já não exercem grande importância na definição da questão. Pois o Ser e sua metafísica já não são entidades do pensamento, não dizem quem somos enquanto abstração coletiva.


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