Creio que a grande imagem da literatura moderna do século
XX tenha sido a do anti herói impotente diante
da dramática tragédia que é a
própria vida humana em suas vertigens e ausência de significados. Notas do
Subsolo de Dostoievski talvez tenha sido a obra responsável pela constelação
arrebatadora desta imagem no imaginário ocidental elevando a litertura a
condição de extraterritoriedade do real.
Ainda hoje o anti herói encanta
nossas imaginações e nos inspira na construção caótica de nossa individualidade
que já não conta mais com o consolo de um existir linearmente definido e
sustentado por falsas certezas coletivas sobre o progresso do bem comum e
triunfo da razão instrumental.
Seguimos justamente na direção
contrária. Despimos nossas vidas de da
alegria ingênua de migalhas de realizações pessoais e momentos de bem estar e
prazer. Aprendemos vertigens e desconfortos, absurdos e vazios como as
condições essenciais da miséria de nossa condição humana.
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