Mesmo
os adeptos da metafísica religiosa que se predispõe a um diálogo com o ativismo
ateísta contemporâneo, partem muitas vezes de uma falsa e lamentável premissa.
Não
raramente reduzem a crítica ateísta a critica as concepções “distorcidas” da imago dei e ao combate a certas
instituições religiosas que utilizam a fé enquanto fenômeno social motivadas
por interesses “duvidosos”.
Assim,
paradoxalmente, tomam o ateísmo como um instrumento indireto de uma suposta
“autenticidade da fé” a ser resgatada e, consequentemente, como um adversário
estranhamente fraterno.
A “boa
vontade” de tal argumentação dissolve-se frente à clara incapacidade dos seus
partidários em aceitar como legitimo o questionamento absoluto de qualquer
premissa metafísica. Não é para eles uma possibilidade relativizar a convicção
dogmática de que deus existe e isso absolutamente não é passível de qualquer
questionamento relevante.
Caberia
apenas discutir, segundo este ponto de vista, as razões que conduzem os “ateus
de boa vontade” a recusa de uma verdade dada e tão “evidente” quanto à
religiosa.
O que
o novo ateísmo busca, entretanto, é muito mais do que a simples recusa ou
critica das institucionalidade religiosa e suas praticas coletivas. O que
realmente encontra-se em questão é a possibilidade de uma cultura social
totalmente desvinculada de qualquer premissa religiosa.
O ateísmo afirma que vivemos em uma sociedade plural onde
nenhuma verdade é sagrada, nenhum ponto de vista é privilegiado, e convicções
religiosas não passam de mais uma entre tantas outras possibilidades de
construção de uma realidade socialmente significativa.
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