sexta-feira, 29 de junho de 2012

SOBRE A INCERTEZA DO REAL

Especulações a parte, parece-me que o acontecer de um indivíduo tem algo de insólito e incompleto no modo como o percebemos em nossa própria autoconsciência.
Tendemos a valorizar demasiadamente o ego e sua autonomia na pseudo religiosa  centralidade do livre arbítrio quando, na verdade, nossas decisões e atos estão em boa medida condicionados a fisiologia do nosso corpo e aos arbítrios de nosso cérebro e sistema nervoso.
A consciência apenas nos assegura a possibilidade de reconhecer uma realidade exterior tal como nos é possível reconhecer em termos humanos, o que é o mesmo que dizer que apenas  sabemos o mundo a nossa imagem e semelhança.
Tais especulações não mudam absolutamente nada em nossas vidas, mas apontam para uma consciência mais “aberta” ou simplesmente menos comprometida com as codificações do dia a dia, a ponto de nos permitir uma perspectiva critica em relação  a todas as pequenas verdades nas quais tropeçamos diariamente.

domingo, 24 de junho de 2012

AFORISMAS SOBRE OS OUTROS E NOSSOS ERROS


Não sei para onde vou. Mas não gosto que me digam para onde ir.
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O destino não é fatalista. Ele é o simples resultados de nossas escolhas e atos, dos nossos limites e inércias ou, simplesmente, o produto final de nosso medo elementar de enfrentar incertezas e desafios.
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Minhas próprias necessidades são mais importantes do que as necessidades dos outros. Pois no fundo compartilhamos todos das mesmas necessidades.
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As pessoas que amamos nos castram um pouco na exata medida em que se tornam parte de tudo aquilo que somos...
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Normalmente não estamos sozinhos em nossos erros...
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Não existe Providência ou Fortuna. Apenas o somatório entre o aleatório do acaso e a consequência de nossos atos...
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Só se pode ser livre sozinho...

sábado, 23 de junho de 2012

NOTA SOBRE O IMEDIATAMENTE VIVIDO


Sei que muitas das coisas que deixei de fazer hoje, não poderei realizar amanhã por força dos rigores da agenda. Entretanto, também sei que a maior parte das possibilidades e atos pendentes de acontecer no mundo que me guiam no mero acontecer do meu intimo tempo vivido não guardam data certa de calendário.
Porem, em ambos os casos, deparo-me com o desconfortante sentimento de inacabamento que define tudo aquilo que posso fazer  da vida na perenidade da condição humana.
Isso é o mesmo que dizer que viver é estar em constante construção na medida em que crescemos como ruínas de nós mesmos...

AS RUAS DA MINHA INFÂNCIA


As ruas da minha infância
Já não exibem o mesmo rosto,
Os mesmos cheiros e sabores,
Que dentro de mim guardei
Em dias há muito perdidos.
Exibem hoje apenas vagos vestígios
Dos passados que um dia percorri
Através delas em absolutos de agora.
As ruas da minha infância
Já não me dizem qualquer infância...

PASSA TEMPO


A forma das horas
São definidas
Pelo nosso sentimento
De cada momento.
Pois somos feitos do passar das coisas
Moldadas pelo pensamento
Que em segundo nos ultrapassa nos sentidos
Em direção ao concreto finito
Do possível de cada dia...

domingo, 17 de junho de 2012

MISTERIOSO DIA


Tenho apenas o dia
Espelhado
Em retalho de tempo.
Apenas este dia...
E ele não cabe
Em qualquer mês
Ou ano de calendário
E regrada existência.
Talvez não exista,
Não passe de um bastardo filho
De minhas mais inconscientes
Imaginações.
Mas é nele que me preparto
Para todas as possibilidades
De meus possíveis futuros...