segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O LIVRO DOS ESNOBES: ESCRITO POR UM DELES by W.M. Thackeray


«há muitas coisas desagradáveis que, em sociedade, somos obrigados a engolir. Já que assim é, façamo-lo com um sorriso» W M Thackeray in O Livro dos Esnobes: escrito por um deles
O conceito moderno de esnobe (Snob) remete a uma modalidade de mimetismo social  observado na cultua urbana da Europa oitocentista,  cujo fundamento é a tendência das classes medias então emergentes para reproduzirem  comportamentos  e valores de grupos sociais identificados como superiores, o que naturalmente remete a certa “nostalgia aristocratica” .
A primeira referencia a este fenomeno social que conheço, são os artigos publicados anonima e originalmente na revista Punch de Londres, por William Makepeace Thackeray ( 1811-1863), sob o titulo The Snobs of England by One of Themselve e posteriormente reunidos em brochura no muito significativo ano de 1848.
Thackeray, através um refinado senso de humor e perfeito sarcasmo, expõe em sua cronica de costumes a bizarra realidade do esnobismo como um traço da cultura da época disseminado por todas as classes sociais. Ricamente ilustrada por inumeros exemplos e situações cotidianas sua narrativa agrada e cativa até mesmo o leitor contemporâneo que, sem muito esforço, poderá ver um pouco de sua própria sociedade nas paginas deste livro sem seder a qualquer anacronismo.
Afinal, este bem humorado e divertido retrato da Inglaterra Vitoriana, que também aborda o “esnobismo continental”, especialmente o francês,  possui um apelo atemporal, enquanto critica das convenções sociais e da transitoriedade das coisas humanas, que nos faz pensar o quanto cada um de nós nutre dentro de si um esnobe...
Ao falar sobre sua “missão” de dissecar e analisar o mal social representado pelo esnobismo o autor a sim se expressa:
“Eu tenho ( e por esse dom me congratulo com uma Profunda e Permanente Gratidão) um olho clínico para o esnobe. Se o verdadeiro é o Belo, é belo estudar até mesmo o esnobismo; seguir o rastro dos esnobes através da história, assim como certos cãezinhos procuram trufas em Hampshire; mergulhar a pena na sociedade e garimpar ricos veios de minério-de-esnobe. O esnobismo é como a Morte, segundo uma citação de Horácio que espero vocês nunca tenham ouvido: “o mesmo pé que bate nas portas dos pobres chuta os portões dos imperadores”. É um erro julgar os esnobes de maneira leviana e pensar que eles só existem entre as categorias inferiores. Acredito que uma imensa porcentagem de esnobes deve ser encontrada em cada uma das classes desta vida mortal. Não devemos julgar os esnobes de modo precipitado ou vulgar: se agir assim, você demonstra que também é um esnobe. Eu mesmo fui visto como esnobe.”
(W.M. Thackeray. O Livro dos Esnobes: escrito por um deles/ tradução de reinaldo Guarany;. Porto Alegre: L & PM, 2010, p. 21 e 22) 

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