terça-feira, 11 de janeiro de 2011

NOTA SOBRE O NEO FUNDAMENTALISMO CONTEMPORÂNEO

Seja nas artes ou nas ciências, o séc. XIX representou um momento de definitiva ruptura entre as representações de mundo inspiradas pelo sobrenatural, pela tradição judaico-cristã, e o paradigma realista de inspiração materialista, condicionado a nova linguagem de mundo, então emergente, sustentada por uma nova cultura urbana, pós- revolução industrial, que serviria de base para a verdadeira transmutação de todos os valores que caracterizaria o séc.XX através de uma laicização radical do cotidianamente vivido.

De muitas maneiras, ainda somos mais diretamente herdeiros do longo sec. XIX do que propriamente do curto sec. XX, já que ainda nos debruçamos consideravelmente sobre suas questões e heranças políticas e culturais.

Entretanto, o imaginário contemporâneo, cada vez mais moldada pela técnica, pelo virtual e por diversos desconstrucionismos identidários, estabelece progressivamente novos desafios, principalmente diante da contrapartida conservadora dos neo-fundamentalismos religiosos e políticos frente a hegemonia de uma imagem fragmentária e efêmera de mundo, diante da qual pregam o retorno ingênuo a simplicidade de certos valores arcaicos.

É possível dizer que vivemos hoje tempos de encruzilhadas e impasses culturais cujos desdobramentos e potencialidades ainda são incertos...

Em nenhuma outra época o futuro foi tão opaco e refratário a teleologias ...



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