terça-feira, 20 de outubro de 2009

Arthur Hugh Clough e a cultura vitoriana




“Se as esperanças eram ingênuos, os medos podem ser mentirosos”.

Arthur Hugh Clough

Nascido em Liverpool, Arthur Hugh Clough (1819-1861) foi um dos mais celebres poetas britânicos do século XIX. Sua poesia é profundamente vitoriana, marcada por uma religiosidade não ortodoxa, pois tanto sua vida como poesia personifica como nenhuma outra a crise religiosa que caracteriza a cultura na Inglaterra oitocentista. Justamente por isso, uma das temáticas centrais de sua obra é a indecisão ou a incapacidade de agir. Alem da questão religiosa, também lhe afligiram as crises políticas do seu tempo. Em 1848 o poeta viajou a França para testemunhar os conflitos que então sacudiam Paris e culminariam na experiência da Comuna.

Embora inspirados por um mundo bem diferente do nosso, os poemas de Clough ainda nos encantam com seu profundo sentimento de impotência que, de outras formas e por razões diferentes, nos são contemporâneos...
 
In a London Square

Put forth thy leaf, thou lofty plane,
East wind and frost are safely gone;
With zephyr mild and balmy rain
The summer comes serenly on;
Earth, air, and sun and skies combine
To promise all that's kind and fair:—
But thou, O human heart of mine,
Be still, contain thyself, and bear.
December days were brief and chill,
The winds of March were wild and drear,
And, nearing and receding still,
Spring never would, we thought, be here.
The leaves that burst, the suns that shine,
Had, not the less, their certain date:—
And thou, O human heart of mine,
Be still, refrain thyself, and wait.

Tradução livre e precária:
 
Em uma avenida de Londres

Estende a folha teu plano elevado, tu
Oriente vento e geada são seguramente findados;
Com a chuva leve e refrescante
O verão vem serenamente;
Terra, ar, sol e céu a combinar
Prometem tudo que é justo: --
Mas tu, ó meu coração humano,
É fadado ainda, a conter a ti mesmo, e suportar.
Os dias de dezembro foram breves e frios,
Os ventos de março foram selvagens e melancólicos,
E, tendo-os afastados e próximos, 
pensamos presente
A primavera.
As folhas que nascem, os sóis que brilham,
Não tinham, no entanto, a data certa: --
E tu, ó meu coração humano,
é ainda fadado a abster-te e esperar.




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