quarta-feira, 16 de setembro de 2009

UM FRAGMENTO DE LUDWIG WITGENSTEIN...

“ A arbitrariedade das expressões lingüísticas.Seria possível dizer: uma criança tem naturalmente de aprender a falar uma língua particular mas não tem de aprender a pensar, isto é, ela pensaria espontaneamente, mesmo sem aprender nenhuma língua?
Mas, a meu ver, se ela pensar, então ela forma para si figurações e, em certo sentido, estas são arbitrárias, isto é, na medida em que outras figurações poderiam ter desempenhado o mesmo papel. Por outro lado, a linguagem sem duvida surgiu naturalmente, ou seja, é de presumir que tenha havido um primeiro homem que, pela primeira vez, exprimiu em pensamento definido em palavras faladas. E, além disso, toda essa questão tem caráter arbitrário, porque uma criança, ao aprender uma língua, só a aprende ao começar a pensar por meio dessa língua. Começa repentinamente; quero dizer: não há nenhuma etapa preliminar na qual uma criança já usa uma língua, usa-a, por assim dizer, para a comunicação, mas ainda não pensa por meio dela.
O processo de pensamento do homem comum trabalha certamente com uma m,istura de símbolos, dos quais os símbolos propriamente lingüísticos constituem talvez apenas uma pequena parte.”
( Ludwig Witgenstein. Observações Filosóficas. Selecionadas entre seus escritos póstumos por: Rush Rhees. Tradução: Adail Sobral e Maria Stela Gonçalves. SP: Edições Loyola, 2005, p.39 )

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