Originalmente composta na Grécia dos secs. VIII ou VII a C., a Teogonia de Hesíodo nos conduz a experiência viva da cultura arcaica grega, ou seja, anterior ao advento da polis, do alfabeto e da difusão da moeda. Produto, portanto, de uma tradição oral, os cantos de Hesíodo revelam todo o poder e riqueza simbólica da palavra ainda livre das amarras de um código lingüístico abstrato-conceitual. Predomina neste precioso texto a imagética, o mito e o símbolo personificados pela palavra cantada, receptáculo por excelência da anto-poetica do sagrado.
O nascimento dos deuses e do mundo dar-se a partir da coincidentia oppositorum, da integração dos opostos e do constante jogo dos contrários articulados por uma quaternidade primária em profunda enandiotromia: Eros, Khaos, Terra e Tártaro.
Tal quaternidade é o principio de toda descendência sagrada, do jogo mágico de uniões ( Eros) e dissociações ( Khaos) através do qual nascem as sucessivas gerações de deuses e o próprio cosmos.
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