domingo, 15 de junho de 2008

1968: 40 ANOS DEPOIS IV








O que faz dos anos 60 uma década singular, dentre outras coisas, é a afirmação da juventude enquanto símbolo e movimento social contra o “sistema” e a própria sociedade. Em outras palavras, a partir de então “ser jovem” ganhou um significado inédito, passou a representar a possibilidade de uma leitura singular de vida, da existência e do mundo, do ponto de vista da independência e da ruptura pessoal com os lugares comuns dos valores sociais e morais consensualmente estabelecidos e institucionalizados.
Em breves palavras, somos um pouco em tudo, ainda, herdeiros do On the Road de Jack Keurouac (1957), da Arte Pop produzida por Artistas como Andy Warhol, Roy Lichetenstein e Robert Indiana, pela musica dos Beatles, do The Who, Roling Stones, da nouvelle vague do cinema francês Jean-Luc Godard ( Acossados), da magia hippie da portuária cidade de São Francisco, que pregava a paz e o amor e o poder da flor(flower power), tanto quanto do movimento dos negros americanos (black power), dos gays (gay power) e de liberação da mulher (women's lib), que mobilizaram jovens em diversas partes do mundo em torno da busca de um novo imaginário, de uma afirmação do plural e da diversidade contra o monoteísmo moral, religioso e político que, em nossos tempos contemporâneos, ainda se mostra um adversário nada desprezível.
Evidentemente, não nos nutrimos do mesmo sentimento utópico que fez explodir o já idoso “anos 60”. Mas de muitas maneiras, reciclamos posturas, bandeiras e buscas, na intensa angustia de afirmar nossas duvidas, fracassos, gritos e, acima de tudo, instintivo e caro compromisso com a liberdade acima de qualquer outro principio e valor que nos seja imposto por qualquer fantasioso “pacto social”.

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